O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil | - 08-11-2015 - 11:32 - | Notícia original | Link para notícia |
Recessão faz estrago nas empresas de varejo |
Redes de eletrodomésticos, alimentos e vestuário fecham lojas e evitam repassar os preços Celson Placido "Não há espaço para repasse de preços. Com a renda corroída pela inflação, o consumidor compra menos" Estrategista-chefe da XP Investimentos Os balanços das empresas de varejo do terceiro trimestre mostraram um traço comum: os estragos causados pela recessão. Segundo analistas, as vendas reais (descontada a inflação) encolheram, e não houve espaço para repasse de preços. Algumas companhias anunciaram até a reestruturação dos negócios, com fechamento de lojas e encerramento de atividades. Neste ano, o varejo amarga sete meses consecutivos de queda nas vendas, segundo o IBGE. No ano, a retração é de 3,5%. Em agosto, a queda foi de 6,9% em relação ao mesmo mês de 2014, no pior resultado desde 2000. - Com a renda corroída pela inflação, desemprego e cenário político instável, há uma crise de confiança, e os números do varejo só tendem a piorar. Nossa expectativa é de queda real de 3% nas vendas este ano, e as perspectivas também são ruins para 2016 - diz Claudio Felisoni, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar). O setor de eletroeletrônicos e eletrodomésticos tem sofrido mais. Com o crédito restrito e caro, o brasileiro adia a troca dos produtos. Esse comportamento fez a Via Varejo, empresa do Grupo Pão de Açúcar (GPA) e que administra Casas Bahia e Ponto Frio, ter prejuízo líquido de R$ 46 milhões entre julho e setembro. No mesmo período de 2014, ano de Copa do Mundo, em que os televisores de tela plana foram as estrelas das vendas, a empresa teve lucro líquido de R$ 216 milhões. Foi uma queda de 121,3% em 12 meses. As vendas no conceito mesma loja (sem contar as lojas novas) encolheram 24,6% apenas no terceiro trimestre. - O fim do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido para linha branca e móveis e o gasto médio alto da Via Varejo com o crédito caro, afastam os consumidores - diz o analista Lenon Borges, da Ativa Investimentos. CORTE DE 11 MIL EMPREGOS A Via Varejo fechou 31 lojas no terceiro trimestre e cortou 11 mil postos de trabalho este ano para reduzir custos. O resultado fraco da empresa pesou nos números do Grupo Pão de Açúcar. O lucro líquido encolheu 87,6% entre o terceiro trimestre de 2014 e o de 2015 - de R$ 396 milhões para R$ 49 milhões. Na teleconferência com analistas, o GPA afirmou que a operação da Via Varejo é a que mais preocupa. As vendas de "atacarejo" cresceram 22%. Os analistas avaliam que o setor de alimentos é mais resistente à crise, mesmo assim a alta das vendas tem ficado abaixo da inflação. No GPA, as vendas no conceito mesma loja cresceram 3,3% no terceiro trimestre, enquanto a inflação está próxima de 10%. As ações do grupo recuam 47% no ano. - Não há espaço para repasse de preços. Com a renda corroída pela inflação, o consumidor compra menos e troca marcas mais caras pelas mais baratas - diz o estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Placido. Outra gigante do setor alimentício, a BRF teve lucro de R$ 877 milhões no terceiro trimestre. O número foi puxado pelo bom desempenho das unidades no exterior e pela alta do dólar. Para analistas, a divisão brasileira decepcionou com margens de ganho menores do que o esperado. A empresa não repassou o aumento de custos aos consumidores, em razão da crise econômica e de uma estratégia mais agressiva para reintroduzir no mercado a marca Perdigão. A BRF confirmou aos analistas, durante a teleconferência, que não vai aumentar os preços no quarto trimestre também por causa da concorrência com a Seara, marca da JBS. Desde a divulgação do balanço, em 30 de outubro, as ações da companhia caíram 16%. - As vendas caíram 1,8% no Brasil. Como a BRF está reintroduzindo no mercado a marca Perdigão, optou por cortar margens e não reajustar preços. O mercado não gostou - diz Bruno Piagentini, analista de Investimentos da Coinvalores. FARMACÊUTICO EM ALTA No setor de vestuário, o prejuízo da rede Lojas Marisa aumentou 46,6% no terceiro trimestre. As perdas saltaram de R$ 18,4 milhões para R$ 27 milhões. A empresa anunciou o fechamento de lojas, fim da venda por catálogo e redução no programa de fidelidade. A empresa culpou a crise e disse que as medidas darão "um diferencial" para a companhia. - O público da Marisa é a classe C, que depende de crédito para comprar. No atual cenário, a roupa torna-se supérfluo - observa Celson Placido, da XP. Já o lucro líquido da Hering cresceu R$ 87,8 milhões, mas as vendas caíram 4,3% porque a empresa continuou desovando estoques de franqueados. No balanço, a empresa informou que encerrou o ajuste de estoque. - Houve benefício fiscal de R$ 53 milhões, da reestruturação internacional, que não se repetirá - diz Gesley Henrique Fiorentino, da Gradual Investimentos. O único setor no qual as vendas cresceram 1% em agosto foi o farmacêutico. Borges, da Ativa, destaca a Raia/Drogasil. O lucro da empresa subiu 18%. Nenhuma palavra chave encontrada. |
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