Estado de Minas Online ( Especial ) - MG - Brasil | - 16-02-2015 - 04:00 - | Notícia original | Link para notícia |
Celebração universal |
Em dia de público recorde e diversidade de foliões, BH tem cerca de 100 mil pessoas circulando pela cidade atrás dos blocos de rua Renan Damasceno
O carnaval de Belo Horizonte ganhou corpo e, aos poucos, vai criando uma cara. Se o sábado foi marcado pela concentração de foliões no Centro da capital, os blocos ontem reforçaram a identidade multicultural e descentralizada da festa, com direito a celebração Hare Krishna na Lagoinha, marchinhas na Savassi, festa para as crianças na Praça da Liberdade, tambores em frente ao terminal rodoviário, trio elétrico na Avenida dos Andradas para o maior desfile carnavalesco que a cidade já viu, além de vários blocos e batuques em praças e parques pela cidade. Sem contar a chance de tropeçar em foliões na fila da padaria, do cinema ou no restaurante. A diversidade resultou em uma celebração multicolorida, com fantasias e máscaras pelas ruas da capital, especialmente na Lagoinha, onde milhares de rostos azuis do Pena de Pavão de Krishna levaram a espiritualidade hindu e os tambores do afoxé às ladeiras da antiga zona boêmia da cidade. Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press Praça de todos blocos De famílias com crianças a sambistas e foliões, pelo menos quatro grupos de carnaval fizeram a festa Ana Clara Brant, Luciane Evans e Zulmira Furbino Cerca de 12 mil pessoas se concentraram para o desfile do Bloco Unidos do Samba Queixinho no segundo dia de carnaval Palco de momentos históricos da democracia brasileira, a Praça da Liberdade mostrou ontem que é democrática também na folia de Momo. De Magnatas ao Recebendo a Galinha Pulando, vários blocos passaram ontem pela região arrastando de famílias com crianças aos milhares de foliões que percorreram as ruas animados pelo Bloco Unidos do Samba Queixinho. A folia que se estendeu por todo o dia começou com o bloquinho Daz Índias, criado por mães e pais com a bandeira do parto humanizado, e foi fechada pelo Bloco dos Magnatas, seguido por cerca de mil foliões. Ao longo do dia, mais de 13 mil pessoas pularam carnaval na praça. "Musa" do Queixinho, Gabriela Carvalho Lemos tem apenas 10 anos Com o maior contingente de foliões, o Unidos do Samba Queixinho reuniu cerca de 12 mil pessoas na praça antes de iniciar seu desfile pela Avenida Brasil, Savassi e Praça Tiradentes. O bloco, que desfila desde 2009 e se autointitula a única escola (de samba) de rua de Belo Horizonte, congrega foliões em torno dos cerca de 300 ritmistas, que tocam todo o tempo para os foliões cantarem. E como toda bateria tem uma rainha, no Queixinho a escolhida é uma adorável menina de apenas 10 anos, Gabriela Carvalho Lemos. Pela manhã, centenas de bebês, pais, mães e crianças brincaram entre os jardins antes de desfilar pela região FESTA PARA AS FAMÍLIAS No Recebendo a Galinha Pulando Rebeca se vestiu de Galinha Catita Em vez de pular, flutuar Na Lagoinha, bairro que abrigou a zona boêmia, Pena de Pavão de Krishna vira o elemento surpresa, atraindo cerca de 7 mil foliões Daniel Camargos e Flávia Ayer O PPK desceu a ladeira da Rua Além Paraíba: mantras, café comunitário e afoxé rumo ao conjunto IAPI As manhãs de domingo costumam ser mais tranquilas para o pedreiro Valmir José dos Santos, morador há 35 anos do Bairro Lagoinha, na Região Noroeste de Belo Horizonte. Enquanto tomava uma cerveja - no copo com mesmo nome do bairro -, ele observava, da entrada do Afonso's Bar, na Praça 15 de Junho, uma legião de pessoas azuis e com turbante rosa, enfeitadas com brilhos e adereços indianos. Desde as 8h, os "azuis" chegavam de todas as regiões da cidade para participar do Pena de Pavão de Krishna, o bloco carnavalesco mais zen da capital. O PPK, como já é carinhosamente chamado, desfilou pelo terceiro ano consecutivo e arrastou milhares de pessoas pelas ruas da antiga zona boêmia até o conjunto IAPI, às 14h. Foi ali que, extenuados sob o sol, foliões alcançaram, em vez da apoteose, o nirvana. Flora Rajão, uma das idealizadoras, lembra que na estreia, em 2013, numa praça no Bairro Floresta, na Região Leste, era apenas uma bicicleta com um folião fantasiado de Buda e uma caixa de som. Não havia trio elétrico nem a estrutura que agora flerta com a grandiosidade. "Krishna é todo o atrativo", diz. No ano passado, uma multidão lotou as ruas do Bairro Jardim América, na Região Oeste. "Acho lindo essa experiência com muitas pessoas e sem violência", emenda Flora. Desta vez, um carro de som substituiu a bicicleta e o itinerário foi divulgado em cima da hora. "A gente flui e vai sentindo o lugar", diz Flora. Polícia Militar, BHTrans e Belotur não foram acionados. Com isso, não havia banheiro químico. Foliões tiveram de pedir à vizinhança para usar o sanitário, e alguns mais aflitos se aliviaram nos muros.
Espiritualidade, a inspiração "Aflorou, afoxé, ritmo da nossa fé/É Belô, afoxé, todo mundo andando a pé/No carnaval, te conheci/ Transcendental, te segui". Na ponta da língua dos foliões, o hino do Pena de Pavão de Krishna revela um outro lado marcante do PPK. Além da chamada raiz espiritual, ele é espaço fértil para produção musical. Embalado pelo ritmo do afoxé, o repertório traz composições próprias, de artistas da cidade e de outros consagrados. Em vez das marchinhas e sambas tradicionais, o desfile ocorre ao som de clássicos de Gilberto Gil (Patuscada de Gandhi, Filhos de Gandhi); Clara Nunes (Canto das Três Raças); Maria Bethânia (Muito obrigado, Axé); Vinícius de Moraes (Canto de Xangô) e muito Caetano Veloso, incluindo a música que cita o nome do bloco: Trilhos Urbanos. BLOCO DO EU SOZINHO » A gente vai contra a corrente Renan Damasceno Eles não são badalados como os músicos, chamativos feito os dançarinos nem procurados e solicitados quanto os ambulantes do isopor. Podem passar cinco horas de braços abertos, mãos entrelaçadas, respirando fumaça do escapamento do trio elétrico, e mesmo assim atravessar o carnaval inteiro sem ser notados - isso, claro, se o folião não quiser se jogar diante do caminhão de som ou meter seu tamborim no meio da bateria sem ser chamado.
É rock, bebê Na maior manifestação carnavalesca da cidade, o Alcova Libertina arrasta cerca de 30 mil ao som dos Beatles, Rolling Stones e Raul Jefferson da Fonseca Coutinho Milhares ocuparam uma das pistas da Avenida dos Andradas, no Santa Efigênia: se sobrou animação, falta de acordo com a BHTrans travou o trânsito Nem samba nem axé. Foi rock and roll o som que embalou a multidão que tomou a Avenida dos Andradas. Pelo menos 30 mil foliões ganharam a via que beira o Arrudas, na Região Leste de Belo Horizonte, nas contas da Polícia Militar, superando os 20 mil que acompanharam o Então, Brilha! no sábado. O Bloco Alcova Libertina, de Santa Tereza, e sua banda de primeiríssima linha, crítico e independente, mais uma vez deu um nó nas autoridades da cidade. BHTrans e PM não tiveram muito o que fazer, além de garantir a segurança da aglomeração popular fora dos domínios da prefeitura. A multidão não só se apoderou da pista sentido Centro, como ocupou metade da outra faixa no rumo bairro. Restou ao poder público seguir de perto e apoiar. No início da noite, acordo entre a organização do bloco, PM e Corpo de Bombeiros segurou o caminhão do Alcova para que a multidão não ocupasse - como estava previsto - a Praça da Estação. Durante toda a tarde, seguidores da banda travaram o trânsito na região. Houve buzinaço e muita gente aborrecida. Mas havia quem não se importasse com a falta de mobilidade, mesmo dentro do carro. Caso do bancário Adilson Elias, de 53 anos, vindo do Bairro Gutierrez, na Região Oeste, para tentar alcançar o Bairro Pompeia, na Leste. "Não dá nem para perder o humor, porque o carnaval de BH está crescendo e isso é legal", diz. Das 17h em diante, não parou de chegar plateia, enquanto a banda emendava Beatles, Led Zeppelin, Rolling Stones, Pink Floyd, Mutantes, Raul Seixas, entre outros. A marchinha do bloco também agradou aos "libertinos". Virgínia Machado, de 39, veio de Brasília. Convite da amiga Eliana Louvise, de 52, de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. "Estamos amando a festa. Há dois dias estamos indo a todos os blocos e está tudo maravilhoso", disse Virgínia. Eliana, entretanto, lamentou a presença de "tanto mauricinho e tanta patricinha". Na maior manifestação carnavalesca da cidade, o Alcova Libertina arrasta cerca de 30 mil ao som dos Beatles, Rolling Stones e Raul No coração da Savassi Volta às raízes Luciane Evans Publicação: 16/02/2015 04:00 O Bloco Ordinários reviveu o axé dos anos 1990 e invadiu até a área hospitalarDireto da década de 90, as músicas do É Tchan e de outras bandas de axé da época voltaram a fazer foliões requebrarem os quadris e descer até embaixo. Com muito bom humor, na tarde de ontem o Bloco Ordinários trouxe de volta os sucessos de duas décadas atrás e atraiu cerca de 2 mil pessoas pela Avenida Brasil, no Santa Efigênia, na Região Leste de Belo Horizonte. A concentração foi na Avenida Pasteur, em frente ao Colégio Arnaldo, e começou por volta das 13h. Além de o público ter passado por baixo da cordinha e descido até a boquinha da garrafa, os foliões cantaram e pediram bis. Palavras Chave Encontradas: Criança |
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