Maioria dos consumidores de BH não faz poupança, diz pesquisa
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Pesquisa realizada pela Câmara de Dirigentes Logistas de Belo Horizonte ( /BH) mostra que mais da metade da população nada consegue economizar de seus salários mensalmente. Para ser mais preciso, 51,4% dos que responderam ao levantamento não possuem reserva e gastam integralmente seus rendimentos. A consequência disso é que, em caso de eventual desemprego, ficam com o crédito bloqueado e precisam recorrer a parentes para quitar despesas mais urgentes. Foram entrevistados 200 consumidores na capital e região metropolitana no mês de abril. A maioria dos que se disseram endividados é de classes mais baixas. As dificuldades, no entanto, seriam consequência da crise financeira que reduziu a renda e deixou um número expressivo de desempregados. A taxa de desocupação no Brasil ficou em 13,7% no trimestre encerrado em março de 2017, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). E foi exatamente o desemprego a principal causa das dificuldades financeiras. Ele foi apontado por 38,3% dos consumidores. A inflação alta e o aumento do custo de vida seriam o motivo para 37,1%. Outros condicionantes também foram destacados pelos entrevistados. Para 5,1%, o baixo salário e doença na família; 4,6% acham que é o consumo descontrolado e 3,4% dizem ser o pagamento de aluguel. Já 2,9% não disseram ter problemas financeiros. Para Ana Paula Bastos, economista da /BH, o quadro verificado na pesquisa é um "reflexo" do cenário macroeconômico adverso. Os fatores como o desemprego e o aumento do custo de vida deixam exposta a falta de educação financeira dos consumidores. "As pessoas estão aprendendo agora que ficar inadimplente não é bom. O lado positivo é que, percebendo isso, elas vão ter mais planejamento. A questão não é deixar de consumir, mas fazer isso de forma consciente. É isso que está faltando", disse. Ainda de acordo com a pesquisa, apenas 24,6% poupam até 10% da renda; 14,3% reservam de 10% a 20%; outros 6,9% de 20% a 40%; e 2,3% guardam mais de 40% dos rendimentos. A economista ressalta que é muito importante planejar. Ela recomenda que os consumidores economizem pelo menos 10% da sua renda líquida mensalmente. Outra medida é não comprometer mais de 30% do orçamento com endividamentos e financiamentos. A maioria dos que economizam algum valor mensal tem a poupança como destino. A situação fica ainda mais dramática porque para 33,7% dos consumidores, em caso de desemprego, perda total da renda ou problemas de saúde, eles conseguiriam manter o padrão de vida atual por apenas três meses. Para 16%, seria possível manter a condição entre quatro e seis meses, enquanto 4% entre sete e nove meses e 3,4% entre 10 e 12 meses. Quem tem saúde financeira para se manter por mais de um ano somou 18,9%. Mas quem tem renda mais baixa, sem dúvidas, acaba sendo mais afetado. O levantamento mostrou que 18,8%, representados pela classe E, não conseguiria se manter nem por um mês. Parentes A pesquisa mostrou ainda que a maioria tem a família como o ponto de apoio para se safar do drama. De acordo com o levantamento, 34,3% disseram que recorreriam a parentes, amigos e conhecidos para empréstimos. Outros 26,3% preferem mexer na poupança. Empréstimos com bancos ou financeiras (16%), resgate de aplicações financeiras (12,6%) e pensão (0,6%). Para Ana Paula Bastos, recorrer aos familiares muitas vezes é, na verdade, reflexo da dificuldade de crédito. "Como a pessoa já não tem condições de recorrer às instituições financeiras os parentes acabam sendo a única solução", analisa. O cartão de crédito aparece como sendo uma espécie de "salvador da pátria", principalmente, para quem não consegue ter dinheiro para chegar até o final do mês. 35,3% dos entrevistados afirmam que, nunca ou raramente, conseguem chegar ao final do mês sem ultrapassar o limite do cartão de crédito; 30,1% disseram que sempre chegam ao fim do mês sem ultrapassar esse limite. Às vezes e quase sempre, representam 16% cada e 2,6% não responderam. Sobre a faixa etária, os adultos e idosos - 32,3 e 31,3% da amostra, respectivamente - não têm dinheiro para chegar ao fim do mês sem ultrapassar o limite do cartão de crédito. Sobre a frequência com que usam esse meio de pagamento, 34,6% disseram que sempre, 25,6% às vezes e 22,4% quase sempre. Nunca e raramente (7,7% cada) e não responderam (1,9%).