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Diário do Comércio online - BH (MG) ( Economia ) - MG - Brasil - 17-06-2015 - 09:43 -   Notícia original Link para notícia
Vendas caem 0,4% em abril ante março, maior queda desde 2002

Na comparação com o mesmo mês de 2014, os negócios diminuíram 3,5%


O segundo recuo mais intenso ocorreu em móveis e eletrodomésticos (-3,9%)/Alisson J. Silva


Rio de Janeiro - A queda de 0,4% nas vendas do varejo restrito em abril ante março é a maior para o mês desde 2003, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Há 12 anos, o recuo neste confronto também foi de 0,4%. Na comparação com abril de 2014, as vendas cederam 3,5%, também a maior queda para o mês desde 2003, quando o recuo foi de 3,7%, segundo o órgão.

No varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, o recuo de 0,3% em abril ante março foi o maior para o mês desde 2010 (-8,0%). Já na comparação com abril de 2014, as vendas tiveram baixa de 8,5%, a maior para um abril em toda a série histórica, iniciada em 2005. Esse recorde é puxado pelo setor de veículos, cuja queda de 19,5% ante abril de 2014 também é maior para o mês na série da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC).

Apesar da alta de 0,2% no volume de vendas do varejo restrito em 12 meses até abril, a maioria dos setores já migrou para o negativo, segundo dados do IBGE. A queda já chegou para cinco dos oito segmentos investigados. No varejo ampliado, que inclui veículos e materiais de construção, a queda de 4,1% no período é compartilhada por sete das dez atividades varejistas, segundo o órgão.

No varejo restrito, quem comanda a redução nas vendas é o setor de livros, jornais, revistas e papelaria (-8,9%). "Apesar de os preços serem favoráveis, temos visto restrição a vendas de impressos", explicou a gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, Juliana Paiva Vasconcellos. Segundo ela, o setor é prejudicado pelas inovações tecnológicas, que reduzem a demanda de veículos em papel.

A segunda queda mais intensa é registrada pelo setor de móveis e eletrodomésticos (-3,9%), cujas vendas têm sido prejudicadas pelo crédito mais caro e pelo maior endividamento das famílias. Também mostram queda nas vendas em 12 meses os segmentos de combustíveis e lubrificantes (-0,6%), hipermercados e supermercados (-0,6%) e tecidos, vestuário e calçados (-1,9%).

No varejo ampliado, o setor de veículos mostra o comportamento mais negativo, com queda de 12,6% nas vendas em 12 meses. Já os materiais de construção exibem recuo de 2,6% no período.

Os únicos aumentos nas vendas no período de um ano são observados em artigos farmacêuticos, médico, ortopédico e de perfumaria (7,5%), equipamento e material para escritório, informática e comunicação (2,9%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (6,8%).


Queda generalizada - As vendas no varejo restrito (sem veículos e material de construção) recuaram em 22 das 27 unidades da Federação (UFs) em abril ante abril de 2014, informou o IBGE. Na média, as vendas no País recuaram 3,5% no período, o pior desempenho para o mês desde 2003.

Neste confronto, as quedas mais intensas foram registradas em Goiás (-11,2%), Paraíba (-11,0%), Mato Grosso (-10,5%) e Amapá (-9,2%). Os maiores impactos, contudo, vieram de São Paulo (-3,4%), Rio de Janeiro (-3,9%) e Minas Gerais (-2,8%).

Já na comparação com o mês anterior, a queda de 0,4% nas vendas em abril foi acompanhada por 20 unidades, com destaque para Amapá (-2,5%), Pará (-1,9%) e Bahia (-1,8%). As maiores taxas positivas, por sua vez, ocorreram em Amazonas (3,0%), e Rio Grande do Sul (1,0%).

No varejo ampliado, 26 estados registraram resultados negativos, em termos de volume de vendas, na comparação com abril do ano passado. Na média do País, a queda foi de 8,5% no período, o pior desempenho de toda a série. Os destaques foram Espírito Santo (-22,3%), Goiás (-15,8%), Mato Grosso (-15,7%) e Paraíba (-15,4%). Já os maiores impactos vieram de São Paulo (-6,3%), Rio de Janeiro (-7,8%), Rio Grande do Sul (-11,2%) e Santa Catarina (-12,7%). (AE)


Resultado do exercício pode ser o pior em 12 anosinCompartilhar


O varejo caminha para ter, em 2015, a primeira queda nas vendas em 12 anos. Até abril, o setor ainda acumula avanço de 0,2% em 12 meses, mas cinco dos oito segmentos investigados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já migraram para o vermelho no período.

O último a sucumbir foi o de hipermercados e supermercados, que responde por quase metade de tudo que é comercializado no varejo restrito (sem incluir veículos e material de construção). O setor é muito sensível à renda das famílias, em queda nos últimos meses.

"(O recuo nas vendas) Não é algo de que o comércio irá escapar este ano", afirmou o economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Após o resultado de abril, ele revisou a projeção para o ano para baixo, agora em retração de 1,1%. Será a primeira baixa nas vendas desde 2003.

A economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, espera um resultado ainda pior, com queda de 2,5% sobre o ano passado.

O desempenho do varejo em 12 meses, indicador menos sujeito a interferências pontuais e útil para identificar a tendência da atividade, vem piorando desde o início de 2013. Por um lado, parte da demanda por móveis, eletrodomésticos e veículos foi suprida com os estímulos do governo ao consumo. Por outro, houve desaceleração da renda e do mercado de trabalho no período, enquanto o endividamento aumentou. Assim, os brasileiros ficaram cada vez mais próximos do limite de seus bolsos.

Em abril, a situação piorou bastante. As vendas no varejo despencaram 3,5% na comparação com igual mês do ano passado - o pior resultado para o mês desde 2003. Isso deprimiu ainda mais a performance do setor em 12 meses.

"Você tem um quadro de restrição orçamentária, comprometimento da renda já há algum tempo e um quadro de incertezas. Diante do quadro negativo, é normal que o consumo das famílias caia", disse Juliana Paiva Vasconcellos, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.

O setor de hipermercados e supermercados, diretamente influenciado pela renda, viu suas vendas encolherem 2,3% em abril ante igual mês do ano passado. Com isso, o setor acumula retração de 0,6% em 12 meses. Um sinal negativo nesta comparação não era visto desde o início de 2004.

A CNC prevê que a inflação mais branda na segunda metade do ano, diante da menor incidência de reajustes tarifários, trará alívio aos supermercados, já que a pressão sobre o orçamento das famílias será menor. Mesmo assim, a queda na renda deixará rastros.

"O setor deve ter alguma recuperação, mas não vai conseguir compensar o desastre que foi no início do ano", disse Bentes. "A queda na renda atrapalha, porque nem todos os alimentos são essenciais", acrescentou o economista, que espera retração de 0,3% no setor de supermercados.


Renda menor - Só em abril, a massa de renda real dos trabalhadores (soma dos rendimentos recebidos) encolheu 3,8% ante abril de 2014, de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego, que investiga as condições do mercado de trabalho nas seis principais regiões metropolitanas do País.

Para o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, o que mais assusta é a percepção de que o quadro ainda deve piorar. "A variável de ajuste no Brasil em 2015 é o mercado de trabalho. Vai piorar ainda mais, para bater nos salários e na inflação. E conseqüentemente vai respingar no varejo", avaliou.

"A crise interna de agora foi muito mais danosa ao varejo do que a crise de 2008", sentenciou Bentes.

Crédito - Setores que dependem do crédito e da disposição das famílias em assumir novas dívidas têm sofrido mais e há mais tempo, diante da confiança abalada e dos juros elevados. Isso torna a parcela de um financiamento cada vez menos compatível com os salários dos consumidores. "O crédito existe, mas está mais caro", disse Juliana, do IBGE.

Com isso, os bens duráveis emendaram mais um mês de queda em abril. As vendas do segmento de móveis e eletrodomésticos caíram 16% ante abril de 2014, enquanto o setor de veículos recuou 19,5% no período.

Em 12 meses, o setor automotivo já encolheu 12,6%, a maior perda entre os segmentos. Por isso, a retração nas vendas do varejo ampliado também é dada como certa e deve ser a maior de toda a série, iniciada em 2004. (AE)


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