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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 08-08-2015 - 11:28 -   Notícia original Link para notícia
Em sete meses, inflação estoura teto do ano

Com alimentos e energia, IPCA sobe 6,86% entre janeiro e julho. Agora, analistas temem pressão do dólar


A inflação oficial do país estourou os 6,5% do teto da meta fixada pelo governo para todo o ano de 2015. Com variação de 0,62% do mês de julho, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 6,83% nos sete primeiros meses deste ano, o maior resultado para o período desde 2003. A meta para este ano é de 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos, mas nem o Banco Central espera inflação de abaixo de 9%. Alimentos e energia têm sido os maiores responsáveis pela pressão dos preços. E, para os próximos meses, analistas incluem, ainda, o impacto da alta do dolár. Não sem motivo, muitos estão revisando para cima sua projeção para o IPCA deste ano, que já chega a 9,6%.


- Houve uma deterioração geral do cenário da economia, mas no caso da inflação o que mais pesou na revisão das expectativas foi o câmbio. Nossa previsão anterior era de que o dólar encerrasse o ano em R$ 3,15 e agora mudamos para R$ 3,50 - explica Marcio Milan, da Tendências.


Para Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE, o repasse da alta do dólar para os preços vai depender de cada agente econômico, uma vez que o fraco desempenho da indústria e do comércio dificulta aumentos generalizados. Luis Eduardo da Costa Carvalho, da LeccaFinanceira, espera que o instituto esteja certo, mas acha que o quadro político desfavorável continuará impactando o dólar, e isso será sentido nos preços:


- Há matérias-primas e importados que vão sentir a alta do câmbio. De fato, a atividade econômica fraca dificulta um repasse para os preços. Mas é uma variação brutal e que está se mostrando contínua. A indústria e comércio podem reduzir suas margens, mas não podem vender abaixo do custo.


ACIMA DAS EXPECTATIVAS


No mês passado, o IPCA, índice oficial de inflação, desacelerou para 0,62%, contra 0,79% em junho. Nada que altere o cenário: foi o pior resultado para o mês desde 2004 e ficou acima da expectativa do mercado. Na última pesquisa Focus, realizada pelo BC, os analistas previram 0,58%. Mas o resultado acabou maior por causa dos alimentos, que subiram 0,65% num mês em que costumam ter variação muito pequena ou até deflação. E da energia, que subiu 4,17%% no mês passado.


- Apesar da safra recorde, os alimentos estão em alta por causa de dólar, energia e seca forte. Foram muito prejudicados nos meses iniciais do ano principalmente pela seca. Em alguns casos, que se prendem mais às commodities, como o trigo, eles vêm aumentando por problemas como a importação dos EUA em vez da Argentina - diz Eulina.


A energia elétrica também voltou a pressionar, com aumento de 4,17% em julho e 57,12% nos últimos 12 meses até julho. Nesse período de 12 meses, a inflação chegou a 9,56%, maior em quase 12 anos. O recorde anterior (11,02%) havia sido em novembro de 2003. No Rio de Janeiro, Curitiba, Goiânia e Porto Alegre essa taxa já passa dos 10%.


Com o resultado de julho, a Rosenberg & Associados revisou sua projeção para o IPCA em 2015 de 8,7% para 9,3%. O Banco ABC Brasil também elevou de 9% para 9,4%. No começo da semana, a Tendências Consultoria já tinha aumentado sua projeção de 8,9% para 9,6%. Já o Bradesco e a LCA Consultores mantiveram sua expectativa, de 9,3%.


Para Luís Otávio Leal, economista-chefe do ABC Brasil, o dólar volátil tem impacto marginal.


-A não ser que fique em R$ 3,50 até o fim do ano, que mude de patamar, é preciso ter cuidado. Essa discussão do câmbio ainda está em banho-maria.


Leonardo França Costa, economista da Rosenberg & Associados, também acha cedo para atribuir alguma responsabilidade ao dólar.


- A volatilidade está muito ligada à crise política. É difícil prever o câmbio, é preciso esperar dar uma acalmada - diz Costa.


A LCA Consultores prevê que a inflação 12 meses atinja seu pico este mês, 9,6%, e depois desacelere.


- A inflação em 9,56% é preocupante e gera inércia. Mas vem muito de preços administrados, que vieram com muita força, mas saem de cena. É uma inflação incômoda, alta, mas não veio para ficar nesse nível - afirmou Fábio Romão, da LCA.      


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