Leitura de notícia
O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 18-08-2015 - 10:23 -   Notícia original Link para notícia
Mercado financeiro já espera dois anos seguidos de recessão no país

Estimativa do Focus aponta para a pior década desde os anos 1980


- RIO E BRASÍLIA- Economistas do mercado financeiro já preveem que o país terá dois anos seguidos de queda na atividade econômica. Segundo boletim Focus divulgado ontem pelo Banco Central, a mediana das projeções para o PIB do ano que vem passou de estabilidade, prevista na semana passada, a queda de 0,15%. Foi a primeira vez que as previsões para 2016 ficaram abaixo de zero, desde que começaram a ser calculadas, em 2012. A projeção para este ano também piorou, passou para queda de 2,01%, ante estimativa anterior de recuo de 1,97%.



Caso as projeções se confirmem, o país viverá uma situação inédita. Considerando a série mais antiga disponível para consulta no IBGE - que vai até 1948 -, o Brasil jamais teve dois anos seguidos de contração da economia.


RISCO DE NOVA DÉCADA PERDIDA


Para o economista- chefe da corretora INXV Global, Eduardo Velho, a pesquisa do BC ainda não capturou todo o pessimismo em relação ao desempenho da economia no ano que vem. Ele trabalha com a previsão de queda de 0,7% do PIB em 2016. Argumenta que o impacto do desemprego será sentido no ano que vem.


- Vamos ter uma ideia melhor quando sair o IBC-Br (índice de crescimento do BC) na quartafeira (amanhã), mas vai ser bem maior que esse 0,15% de queda que mostra a pesquisa Focus. A recessão vai ser ainda mais prolongada que a imaginada antes pelo mercado.


O economista André Gamerman, da Opus Gestão de Recursos, vai além. Ele estima que o país corre o risco de ter uma nova "década perdida" - termo usado para se referir à estagnação dos anos 1980. Entre 1981 e 1990, o PIB brasileiro cresceu 16,9%, com média de 1,57% ao ano. Se as projeções para os próximos anos se realizarem, a atividade econômica terá desempenho ainda pior entre 2011 e 2020: avanço acumulado de 15% e média anual de 1,4%.


O possível período de longa estagnação ocorreria mesmo com a gradual recuperação da economia nos próximos anos. A expectativa do mercado é de crescimento de 1,5% em 2017, 2% em 2018 e 2,15% em 2019. Não há previsões para 2020 e, para fazer o cálculo, Gamerman repetiu a previsão de 2,15% de 2019.


O analista diz, no entanto, que as duas décadas têm características diferentes: os anos 80 foram marcados pela hiperinflação. Entre 1981 e 1990, o IPCA, índice calculado pelo IBGE, acumulou alta de nada menos 366,2 milhões por cento. Entre 2011 e julho deste ano - ou seja, praticamente metade da década -, o indicador subiu 35,7%. Embora os números de crescimento já indiquem a variação real da atividade econômica, já descontando a inflação, Garmerman destaca que o descontrole de preços tornava a situação mais complicada.


- Em um cenário de inflação alta, os mais pobres, em geral, sentem mais que os mais ricos. Posto de outra forma: períodos de hiperinflação tendem a aumentar a desigualdade - disse Gamerman.


O economista afirma não saber se o desemprego será maior ao fim da década atual, porque a metodologia de cálculo do desemprego pelo IBGE mudou, mas não descarta que, agora, haja deterioração maior do mercado de trabalho.


Enquanto o pessimismo em relação ao PIB aumentou, a projeção para a inflação indica cenário melhor. Após 17 semanas seguidas de elevação da expectativa para o IPCA deste ano, os economistas mantiveram os mesmos 9,32% da semana passada, para o resultado acumulado em 12 meses. Apesar disso, se confirmada, será a maior inflação desde 2002. Em julho, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 9,56%, segundo o IBGE.


Já em 2016, a inflação deve ficar em 5,44%, com leve alta frente ao dado projetado na semana passada, que foi de 5,43%.A meta de inflação do governo é 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos.


Nenhuma palavra chave encontrada.
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.