Por João José Oliveira e Tatiane Bortolozi | De São Paulo

As ações da Gol tiveram ontem a maior alta do Ibovespa, subindo 5,37%, acumulando em julho ganho de 23,9% - o melhor desempenho mensal no índice da Bovespa. Nos últimos 12 meses, a aérea tem a quarta maior valorização da bolsa: ganho de 80,7%.

Ontem, a Gol apresentou dados operacionais de junho, com aumento da demanda de passageiros-quilômetro transportados (RPK, na sigla em inglês) em 1,1% ante igual mês de 2013. O avanço foi puxado pela malha internacional, que subiu 32,4%. A oferta de assentos-quilômetros disponíveis (ASK) caiu 4,8%. Assim, melhorou a taxa de ocupação, para 74,9%, de 70,5% um ano atrás. E a receita operacional por assento (Prask) aumentou 27%.

Falando a analistas ontem, o vice presidente financeiro e de relações com investidores da Gol, Edmar Lopes, disse que, passada a Copa do Mundo, aumentou o nível de confiança da companhia em cumprir as projeções para este ano.

A empresa prevê elevar em 2014 a receita média por passageiro (Rask) igual ou mais que 10%. "Para atingir o 'guidance' [projeção], teríamos que no mínimo alcançar o mesmo resultado do ano passado. Por isso, provavelmente teremos trimestres em 2014 melhores que em 2013".

Para o analista do Banco do Brasil Investimentos, Mario Bernardes Jr, os dados da Gol em junho sinalizam resultados "bastante positivos" no segundo trimestre. "Sólidos dados de tráfego no segundo trimestre sugerem que a ação pode voar alto", escreveram em relatório a clientes os analistas do UBS, Victor Mizusaki e Rodrigo Fernandes.

Em entrevista ao Valor, em 17 de julho, o vice-presidente da Gol disse que a empresa entrou em um circulo virtuoso. "Sabemos que estamos em um processo, que é longo e que não se encerra", disse Lopes. "Mas podemos dizer que entramos em um ciclo virtuoso". Ele apontou que esse cenário inclui a gestão financeira. "Estamos usando nossos ativos da melhor forma possível para conseguirmos o custo de dívida mais adequado à nossa classificação de risco".

Assim como na bolsa de valores, no mercado de dívida os ativos da Gol têm se valorizado. Os títulos da empresa com vencimentos em 2017, 2020 e 2023, que eram negociados entre 93% e 97% do valor de face em janeiro deste ano, agora estão trocando de mãos com ágio, de até 106,8%.

O que não mudou em relação à empresa foi a classificação de risco de crédito junto às agências de rating. Na Standard & Poor's, por exemplo, a dívida em moeda estrangeira tem nota B, com perspectiva negativa, ante uma classificação que era BB três anos atrás. Para analistas, há espaço para uma revisão da perspectiva do rating da Gol nas agências internacionais ainda neste ano - desde que a empresa mantenha o plano de voo.