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Estadão ( Geral ) - SP - Brasil - 15-06-2015 - 09:54 -   Notícia original Link para notícia
Alimentação sobe acima da renda

Preço dos alimentos e bebidas já sobe dois pontos porcentuais acima da renda e obriga brasileiro a repensar gastos no orçamento



Preço dos alimentos está mais salgado e pesa no bolso do brasileiro


Os custos relacionados à alimentação, que respondem por um quinto do orçamento das famílias brasileiras, vêm subindo acima da renda há cinco meses seguidos. Em março, de acordo com o último dado disponível sobre rendimento, essa diferença alcançou um novo patamar: dois pontos porcentuais.


Os preços do grupo Alimentação e Bebidas, no âmbito do IPCA, acumularam alta de 8,19% em 12 meses até março. Já a renda nominal cresceu 6,28% no mesmo período. Para o cálculo, foram considerados números do IBGE.


Em maio, os economistas esperavam uma desaceleração dos alimentos e bebidas, mas variações climáticas afetaram a safra e o grupo teve a maior variação do IPCA. O avanço em 12 meses passou para 8,80% - acima do índice geral, que ficou em 8,47%.


"A principal surpresa foi a alta dos alimentos in natura, como tomate e outros legumes. Isso aconteceu porque esses produtos são muito suscetíveis a oscilações climáticas, o que causa um grande problema de oferta", explicou o economista da LCA Consultores Étore Sanchez. Apenas em 2015, a cebola dobrou de preço e o tomate acumula alta de 80%.


Segundo o economista, é comum que o preço de alimentos in natura suba no início do ano e passe a se recompor a partir de maio - o que não se confirmou.


Orçamento. Cortar gastos e readequar o orçamento, portanto, ficou mais difícil. Além dos alimentos, o brasileiro está gastando mais para pagar as contas de luz e água - itens essenciais no dia a dia.


Para começar o corte, o ideal é olhar para o passado. "Uma boa lição de casa é pegar as últimas seis faturas do cartão de crédito e agrupar os gastos", recomenda o professor do Insper Ricardo Humberto Rocha. Ele também indica observar a renda declarada no Imposto de Renda. "Quando olhamos a renda agregada, temos a real dimensão do quanto ganhamos e nos perguntamos para onde foi o dinheiro", diz.


Uma das formas de repensar as despesas é dividi-las no grupo ABCD (alimentos, básicos, contornáveis e dispensáveis), sugere o coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getúlio Vargas, William Eid Junior.


No caso dos alimentos, vale a regra da substituição do mais caro pelo mais barato. Nos itens básicos, como energia, é mais difícil haver cortes. A alta dos preços administrados pelo governo, inclusive, é o principal motivo para a inflação ter se afastado do centro da meta, de 4,5%, e do topo, de 6,5%.


A alimentação fora de casa, que nos últimos 12 meses subiu 10,5%, se enquadra nos itens contornáveis. Além da alta do preço da matéria-prima, os restaurantes estão acrescentando na conta o aumento de outros custos, como água e energia. Neste caso, vale estabelecer limites de gastos, mas nada radical. "A pessoa pode começar a sair só no sábado em vez de todo o fim de semana. Ajustes muito severos tendem a ser quebrados no longo prazo", diz Rocha.


Nos produtos dispensáveis entra, por exemplo, o consumo por impulso, que precisa ser evitado.


Poder de compra. À medida que os preços sobem, o poder de compra cai. Para o ano, a LCA prevê queda de 0,5% da renda, descontada a inflação pelo INPC, do IBGE. Se confirmado, será o primeiro recuo em 12 anos.


"Mas se o momento é ruim para o consumo, para o investimento é ideal. Há bancos com CDBs que rendem mais de 100% do CDI e títulos do Tesouro que pagam 6% mais inflação", diz Rocha.


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