A devolução antecipada por parte da Match Accommodation, empresa que comercializa com exclusividade os ingressos para a Copa do Mundo Fifa, dos bloqueios em hotéis em Belo Horizonte da ordem de 40% agitou o mercado. A possibilidade de ter o número de turistas reduzidos, especialmente os estrangeiros, pode fazer com que os preços das acomodações caiam e que sejam gerados novos negócios.

De acordo com a presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (Abih-MG), Patrícia Coutinho, a devolução já era esperada. "O que aconteceu é que a Match adiantou a liberação que estava prevista o fim de abril. Tudo isso estava previsto em contrato e não foi nenhuma surpresa. A preocupação dos hotéis agora é vender essas vagas em aberto a tempo. Cada um deve ter a sua própria estratégia traçada", explica Patrícia Coutinho.

Segundo o consultor de mercado da JR & MvS Consultores, José Aparecido Ribeiro, a tendência é de que os turistas internos preencham os leitos desbloqueados. "A devolução pode causar uma reacomodação do mercado com a queda de preços e ser benéfica para os turistas. � uma reação normal visto que muitos hotéis especularam com as taxas e estão, até aqui, cobrando preços abusivos. De outro lado, demonstra também que a Copa no Brasil não gerou o interesse esperado fora do país. A nossa imagem não está tão boa no exterior e, embora a devolução fosse prevista em contrato, a porcentagem foi assustadora", avalia Ribeiro.

Já a realidade no Ouro Minas Palace Hotel, instalado no bairro Ipiranga, na região Nordeste, é mais confortável. Para a gerente de marketing do Ouro Minas, Monaline Alvarenga, o hotel não terá problemas de ocupação. "O Ouro Minas vai receber delegações, então não tivemos nenhuma devolução. Todo o investimento e esforço feito pelo hotel será recompensado não apenas pelos dias de evento mas também para o que vem depois, resultado da visibilidade alcançada. Investimentos e treinamento são constantes para nos mantermos atualizados e atendendo todas as necessidades e desejos dos nossos clientes", afirma Monaline Alvarenga.

No caso do Belo Horizonte Othon Palace, na região central, de acordo com o gerente-geral da unidade, também não há preocupação. "Os contratos com a Match são individuais e nós tivemos poucas devoluções, dentro do esperado. Como comercializamos também de forma independente, acredito que não teremos problemas", analisa Heleno.

Enquanto boa parte dos hotéis comemora a ocupação praticamente completa nos dias de jogos, nos períodos entre um jogo e outro a baixa de reserva é expressiva. "Belo Horizonte é uma cidade de turismo de negócios e é natural que os eventos diminuam durante o período da Copa. Esse recuo já acontece em épocas de Copa fora do país, sendo no Brasil isso já era mais que esperado", afirma o gerente.

"O que mantém a ocupação regular em Belo Horizonte são os eventos corporativos. Na época da Copa é normal que eles sejam reduzidos, já que todas as atenções e esforços estão voltadas para o futebol. Quem fez um bom planejamento já estava ciente dessa circunstância e toda a visibilidade alcançada compensa os esforços", avalia a gerente de marketing do Ouro Minas.