BC vai oferecer contratos novos no mercado, que chegariam a US$ 3 bi

Depois de uma trégua na quinta-feira, o dólar comercial voltou a subir e atingiu os R$ 3,60, uma alta de 1,52%, com investidores ainda buscando proteção devido a um cenário de incerteza, aqui e no exterior. A moeda não fechava nesse patamar desde 31 de maio de 2016, quando foi a R$ 3,614. Na semana, a divisa acumulou valorização de 2,16%.

AMR ABDALLAH DALSH/REUTERS/10-3-2016Valorização. Cenário externo e eleições puxam alta da moeda americana

Já o Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, recuou 0,75%, aos 85.220 pontos. Na semana, o índice teve ganho de 2,53%.

Para Cleber Alessie, operador da H.Commcor, o avanço do dólar reflete um movimento de busca de proteção, após dois pregões de queda.

- Com a proximidade do fim de semana e, em menor grau, a Argentina ainda em situação delicada, os investidores aproveitaram para colocar o dinheiro no bolso, zerando posições. Foi uma realização de lucros e uma busca por proteção em um momento de maior volatilidade - afirmou Alessie.

Além da Argentina, permanece no radar o temor de um acirramento geopolítico entre Estados Unidos e Irã.

- O dólar inverteu a tendência e passou a operar em alta ante as suas principais rivais e moedas dos emergentes - disse Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora de Câmbio, citando ainda a preocupação com uma nova pesquisa eleitoral, que será divulgada na segunda-feira.

'IMPACTO A CURTÍSSIMO PRAZO'

O Banco Central (BC) mantém seus leilões de swap cambial, que equivalem a uma venda futura de dólar, para a rolagem dos contratos que vencem em 1º de junho. Desde o início do mês, eram oferecidos 8,9 mil contratos (US$ 445 milhões) por dia.

A partir de segunda-feira, informou ontem o BC, serão emitidos novos contratos. Cada leilão de swap novo será de 5 mil contratos, o equivalente a US$ 250 milhões, com vencimento em 2 de julho. Com isso, os leilões de rolagem serão reduzidos a 4,225 mil contratos (US$ 211,25 milhões) ao dia. O total poderá chegar a US$ 3 bilhões.

- Esse modelo anunciado tem um impacto no curtíssimo prazo. Já faz efeito de forma imediata. É uma intervenção, na minha leitura, que pode ter mais efeito que a estratégia anterior - avaliou Alessie.

PETRÓLEO NO RADAR

Entre os papéis mais negociados, os preferenciais (PN, sem direito a voto) da Petrobras fecharam em queda de 1,20%, cotados a R$ 25,44. Já as ações ordinárias (ON, com voto) tiveram leve alta de 0,38%, a R$ 28,95. O barril do petróleo tipo Brent recou 0,45%, a US$ 77,12.

Luiz Gustavo Pereira, analista da Guide Investimentos, explica que os investidores estão atentos a oportunidades de compra de papéis de exportadoras de commodities, como Petrobras, Vale e Gerdau. Os papéis da Vale subiram 2,39%, enquanto as ações PN da Gerdau recuaram 0,56%.

- Investidores daqui e do exterior estão se beneficiando do contexto de dólar mais forte e de preços mais altos das commodities. As exportadoras são o centro das atenções - disse Pereira.

A maior alta foi a da EDP Brasil, que subiu 15,55%. A China Three Gorges anunciou, em Portugal, a proposta de realizar uma oferta pública de aquisição das ações da EDP, que controla a empresa de energia brasileira. A chinesa já tem 28,25% do capital da EDP Portugal.