Petrobras e BB saltam 10% com avanço da oposição no impeachment

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subiu ontem 3,75% - maior alta em mais de um mês -,e o dólar comercial caiu 1,83% (R$ 3,741) com os investidores reagindo positivamente ao noticiário sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Embalou o mercado a derrota do governo no Congresso, na noite terçafeira, na composição da Comissão Especial do Impeachment.

No índice de referência Ibovespa, 55 das 63 ações encerraram em alta. A Petrobras registrou salto de 10,77% (ON, com voto), a R$ 9,46, e 7,29% (PN, sem voto), a R$ 7,65. O Banco do Brasil disparou 10,07% (R$ 18,80), enquanto o Bradesco avançou 5,02% (R$ 21,95). O Itaú Unibanco teve alta de 5,42% (R$ 29,15). A Vale subiu 3,69% (ON, a R$ 12,08) e 3,54% (PN, por R$ 9,65). A mineradora concluiu ontem a venda de navios para o consórcio liderado pelo ICBC Financial Leasing, arrecadando US$ 423 milhões.

As poucas quedas foram concentradas nas empresas exportadoras, que perdem receita com a queda do dólar. A Suzano caiu 3,58%, enquanto a Fibria recuou 3,02%.

A alta da Bolsa se deu apesar de, no fim da noite de anteontem, decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspender a instalação da comissão na Câmara dos Deputados até a quarta-feira da próxima semana.

- O sentimento de hoje (ontem) é muito parecido com que foi no dia seguinte ao anúncio do Eduardo Cunha sobre o impeachment. É mais de celebração, uma euforia baseada no que aconteceu no Congresso - afirmou Raphael Figueredo, da Clear Corretora. - Teremos um período de muita instabilidade, sem necessariamente sair do lugar. O investidor está eufórico, mas não é a retomada do fluxo.

A reação positiva do mercado teve início logo após o anúncio da Comissão Especial do Impeachment :

- A julgar pela reação dos investidores internacionais no fim da tarde de terça, o mercado ficou feliz com a vitória da oposição no Congresso. O EWZ, fundo negociado em Nova York que acompanha a nossa Bolsa, disparou depois da notícia. O evento continuou sendo percebido como positivo - afirmou Paulo Gomes, economista-chefe da Azimut Wealth Management.

A decisão da agência de classificação de risco Moody's de colocar a nota do Brasil sob perspectiva negativa foi anunciada quase no fim dos negócios na Bovespa e no câmbio e, por isso, teve pouca influência nos negócios. No mercado internacional, o dia foi de perdas. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, fechou em leve queda de 0,43% e o índice Nasdaq, de ações do setor de tecnologia, recuou 1,43%. (Rennan Setti)