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O Globo Online (RJ) ( Rio ) - RJ - Brasil - 14-02-2016 - 12:27 -   Notícia original Link para notícia
Mil e um jeitinhos de lidar com a crise

Com alta dos preços, dólar a R $ 4 e crédito caro, brasileiro usa criatividade para enfrentar recessão


-BRASÍLIA- Driblar os efeitos da crise está exigindo cada vez mais jogo de cintura. Se o cenário parecia difícil em 2015, para este ano não se vê sinal de alívio: economistas apontam que o país terá uma recessão ainda mais intensa do que se previa anteriormente, com retração de mais de 3%. O dólar não dá trégua e continua na faixa dos R$ 4. E os preços devem ficar novamente acima do teto da meta de inflação este ano. Para muitos brasileiros, a saída é recorrer ao famoso jeitinho.


A conta de luz subiu 51% em 2015? Numa das academias mais sofisticadas de Brasília, alguns alunos encontraram a solução. Dobraram a frequência na academia, mas não a dos treinos. As visitas passaram a incluir chuveiradas de água quente, nas quais os cinco minutinhos a mais no banho não pesam no bolso, pois já estão incluídos na mensalidade. E de quebra ainda economizam com xampu, condicionador e sabonete líquido.


- Ninguém consegue manter o padrão de vida na crise, mas o brasileiro se adapta. Já sofreu tanta crise no passado, que aceita o sacrifício - comenta Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central.


A professora de Sociologia da Universidade de Brasília Mariza Veloso diz que o jeitinho brasileiro tem dois aspectos. O lado bom é a criatividade, que evita que a sociedade decaia na crise econômica. Mas, por outro lado, representa a marca cultural de um povo que não aceita a realidade da atual recessão:


- A gente está em crise. E mesmo assim tem muita gente que continua indo para Miami com dólar a R$ 4. Isso é fingir que a crise não existe.


Em dezembro, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) reconheceu que o Brasil tem um povo resiliente à crise. E que o arcabouço de segurança social criado nos últimos anos, principalmente o Bolsa Família, protege os mais pobres de voltarem à miséria. Desta vez, cada um, porém, tem uma história de como a crise de 2015 mudou os hábitos em 2016.


- Temos que ver se o brasileiro será tão resiliente. Temos o jeitinho que tenta ajustar tudo e ainda fazer carnaval, mas isso vai até quando? - indaga Marceu Dursztyn, sociólogo e professor de Economia da Universidade de Brasília.


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