Brasil fabrica 1,5 bilhão de peças por ano, com faturamento de cerca de R$ 3,6 bi, sendo o quinto maior produtor do segmento. Há espaço para pequenos produtores e vendedores
Augusto Guimarães Pio
Publicação: 29/07/2018 04:00
O mercado de lingerie fatura mais de US$ 30 bi por ano em todo o mundo. O Brasil é o quinto maior produtor desse segmento. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), são produzidas 1,5 bilhão de peças por ano, que movimentam aproximadamente R$ 3,6 bi. A marca norte-americana Victoria's Secret é a maior vendedora mundial de lingerie e chega a movimentar mais de US$ 6 bi anualmente.
Entretanto, pequenos produtores e vendedores também conseguem abocanhar um naco desse mercado, que apresenta vários nichos e oportunidades. Para se ter uma ideia, a cidade de Juruaia, localizada no Sul de Minas, com cerca de 10 mil habitantes, conta com mais de 300 fábricas de lingeries. Por causa disso, não há desemprego por lá. Em abril deste ano, a Associação Comercial e Industrial de Juruaia (Aciju) promoveu a 21ª edição da Felinju - Moda e Lingerie de Juruaia, feira que movimentou cerca de R$ 20 mi em apenas quatro dias. A pequena cidade é a maior vitrine e polo de produção do estado, responsável por 15% da produção nacional.
"Buscamos fazer alguns ajustes para melhorar a feira este ano. Fizemos mudanças estruturais, como um dia a mais de feira e o leiaute dos expositores, além da primeira rodada de negócios promovida pelo Sebrae, e o projeto comprador, em parceria com a Federação das Associações Comerciais do Estado de Minas Gerais (Federaminas), com a viagem e estada de 30 grandes compradores do Brasil. O resultado foi muito positivo", conta José Antônio da Silva, presidente da Aciju.
Érica Giorni, da Noreen, aposta no conceito de butique de roupa íntima e inaugura loja no Lourdes
Apostando no segmento, Alice Cordeiro Almeida resolveu abrir quatro franquias da Hope em Belo Horizonte. As lojas funcionam dentro dos maiores shoppings da capital. "Tudo começou quando estava grávida. Eu e meu marido começamos a pesquisar algum negócio para investir e expandir. Vimos diversas franquias, sobre diversos segmentos. Quando vimos a possibilidade de nos tornar franqueados Hope, foi fantástico. Temos muita identificação com a marca, os produtos e a qualidade", conta Alice.
Ela conta que é franqueada há seis anos. "Oferecemos lingeries, que é o nosso forte, mas temos também pijamas, modeladores, biquínis e acessórios. A lingerie básica para o dia a dia é o nosso carro-chefe", revela a empresária, que tem 25 colaboradores. "Embora os produtos básicos sejam nosso carro-chefe, a Hope é muito antenada em tendências de moda e leva isso para o dia a dia da mulher. Isso faz com que a marca esteja à frente das outras."
VALORIZADA
Alice garante que hoje a lingerie pode ser também peça-chave numa produção. "É para ser mostrada, valorizada, não é preciso mais escondê-la. O bacana é que você não investe num produto apenas para usar por baixo da roupa. Dá pra usar à mostra, em ocasiões especiais e também no dia a dia. O que a mulher não abre mão é da qualidade e do conforto", ressalta. Ela diz que o mercado não está na sua melhor fase, mas garante que o faturamento é bom, valendo a pena investir no ramo.
"Embora tenhamos quatro lojas, temos vontade de ampliar. É claro que tudo depende de estudos de viabilidade e do cenário da economia. Entre as várias vantagens de trabalhar num ramo promissor, também conquistamos a intimidade de nossas clientes. E quando conseguimos acertar as necessidades delas ao que temos a oferecer, criamos uma relação fiel. A cliente sempre volta", afirma a empresária.
Alice revela que a previsão de crescimento para este ano é de 10% em relação a 2017. "Em época de baixa de vendas, procuramos utilizar muito a fidelização de clientes, além da comunicação via WhatsApp, avisando sobre a chegada de novidades e de oportunidades. Temos clientes de todos os tipos, desde senhoras até mocinhas. Mas as mulheres mais antenadas à moda e ao conforto são a maioria."
Alice Cordeiro diz que a lingerie básica do dia a dia é o carro-chefe de suas quatro franquias da Hope
EXPANSÃO
No mercado de lingerie há cinco anos, Érica Giorni se diz feliz com o andamento do negócio. Ela é dona da loja Noreen, no Vila da Serra, e revela que está abrindo uma filial no bairro de Lourdes. Ela tem como sócio o empresário Bruno Dias. "Somos uma loja multimarcas. Vendemos as melhores marcas de lingeries e homewear existentes no mercado. Além disso, oferecemos também na loja o Secret Corner, espaço que trabalha com produtos eróticos. Os pijamas femininos e masculinos são os produtos mais procurados", revela Érica.
"Tudo começou quando eu ainda era gerente de uma loja e apareceu a oportunidade de montar o meu próprio negócio. Não pensei duas vezes e abri a Noreen. Antes, trabalhava com noivas, mas acabei optando pelo setor de lingeries. E deu tão certo que estou abrindo outra loja em Lourdes. Será inaugurada no fim do mês que vem. É uma loja com dois andares, onde o Secret Corner será ainda maior. Hoje tenho uma marca própria, a Noreen, que atende gestantes", ressalta Érica, que emprega atualmente três pessoas.
"O nosso diferencial é o conceito de butique de roupa íntima. Uma proposta de consumo não por necessidade, mas sim pelo estilo de conforto, de vida", diz a empresária. "No meu segmento, o mercado vai muito bem", garante. "A Noreen também virou uma loja muito voltada para presentes, mudando o estilo de vida das pessoas que moram no bairro e consomem os nossos produtos."
Para vencer no setor, a empresária acredita que é preciso gostar da profissão e entender do ramo. "É preciso ter uma ótima seleção de marcas e de estilo, além de estar atento à demanda. É preciso também buscar novidades e criar diferenciais." Érica diz que a maioria da clientela da Noreen é formada por pessoas das classes A e B, com idades variadas.
SERVIÇO
Hope
(31) 3292-9066
www.hopelingerie.com.br
Noreen
(31) 3262-2194
www.noreen.com.br
Associação Comercial e Industrial de Juruaia (Aciju)
(35) 3553-1327
www.aciju.com.br
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