De um lado, noivas pedem vestidos mais fluidos para casamentos diurnos e ao ar livre; de outro, o sonho de modelos ricos em detalhes e em tecidos 'sensação' como mikado, brocado e crepe
Laura Valente
Publicação: 15/05/2016 04:00
Noiva Luciana Bomfin com vestido Valéria LemosPode-se dizer que duas vertentes mais fortes movimentam o mercado de vestidos de noiva, principalmente a partir da moda dos casamentos realizados ao ar livre, seja em destinos nacionais ou estrangeiros. Fora da cidade de origem, noivas procuram modelos mais confortáveis, fluidos, leves, despretensiosos e, muitas vezes, confeccionados sob medida, com detalhes personalizados de acordo com o estilo da cerimônia. No entanto, clássico é sempre clássico e os vestidos glamourosos, ricos em bordados e aplicações de pedrarias, continuam a reinar em lojas especializadas. Nessa linha, profissionais citam entre novidades e tendências a escolha de tecidos como mikado, brocado e crepe, além das já tradicionais rendas francesas.
Que o diga Danielle Benício. Especializadíssima em moda noivas, ela trabalha atualmente com três linhas distintas: na grife homônima estão os modelos ricos em glamour, confeccionados com tecidos nobres (e até assinados por Elie Saab e Zuhair Murad), pedraria, bordados; a recente linha Dani Benício traz modelos de viés mais leve, e há, ainda, linha em que ela desenha as rendas de forma personalizada, manual, envolvendo o ofício artesanal. "A Dani é uma marca mais fresh e objetiva atender aos casamentos que se tem tornado mais suves, mais leves, em praia, campo, mas também focada na qualidade da costura, com bordados e aplicações, porém de forma mais clean, sutil, em detalhes", descreve. Os tecidos musseline de seda pura, tule mais pesado e a renda richelieu são explorados, além de detalhes como casinha de abelha, aplicação de pérolas, arabescos. Ao todo, ela confeccionou 13 modelos em numeração do 38 ao 44, com preço de venda que avalia como competitivo: de R$ 5 mil a R$ 8 mil. "A modelagem é variada e há possibilidade de customizações", detalha. Também entre as novidades, a marca Danielle Benício traz vestidos que misturam a seda pura ao elastano, na proporção de 94% e 6%, respectivamente, estratégia que confere mais liberdade de movimento à noiva. Outra é a produção de rendas exclusivas. "Faço o desenho e mando tecer em um ateliê local, o que traz exclusividade completa ao modelo, confeccionado de acordo com o desejoda noiva e só para ela."
Idea Sposa
Ainda no quesito exclusividade, Valéria Lemos (grifes Essenciale e E.Store) incorporou oficialmente o segmento noivas à produção. " Há 15 anos, já faço vestidos esporadicamente de acordo com a minha especialidade, que é a confecção de vestidos fluidos, com aplicação de renda francesa. Mas com o aumento da demanda, o que era incomum tornou-se rotina". O último modelo, criado para a noiva Luciana Barra (que se casou ontem na Toscana, Itália) traz detalhes que são marca registrada da estilista: seda pura com muita fluidez, aplicações rebordadas em rendas com efeito 3D, muito drapeado, transparência. "É um processo totalmente artesanal, moldo a tela no corpo da noiva, realizo ajustes, alinhavo o drapeado um a um. O vestido é construído no corpo dela." O feitio (sem a matéria-prima) fica de R$ 2,5 mil a R$ 7 mil (dependendo da complexidade do modelo).
Outra estilista que vem se especializando no segmento noivas sob medida é Hingrid Sathler. Na técnica francesa moulage, ela cria para mulheres que "procuram atendimento personalizado e um vestido que não existe no mercado, com identidade e modernidade", caracteriza. Ela destaca ainda que cada projeto leva de seis a oito meses para ser concluído. "Cada projeto é único, vai ao encontro do pefil e estilo da noiva e da cerimônia. As mais minimalistas buscam tecidos de alfaitaria, linhas geométricas; as românticas querem rendas francesas e bordados em pérola e cristal; já as muito modernas gostam de bordados diferentes ou da mistura de matérias-primas, além de shapes inusitados".
La Vita
Ready to wear A partir do aumento da procura por vestidos que atendem à míni e à destination weddings, a grife Tetê Rezende também desenvolveu linha focada na demanda, a Ready to Wear. "Com ela atendemos noivas que procuram vestidos leves e fluidos, ideais para casamentos no campo ou na praia. Porém, essa procura não superou a que envolve os vestidos mais clássicos", afirma a estilista. Enquanto os modelos sob medida mais clássicos da maison apresentam mais comprimento nas caudas, bordados em pedraria, rendas, saias amplas de tule, cetim ou mikado, o informal traz como característica a possibilidade de trabalhar outras estruturas, materiais e comprimentos, de acordo com horário e local da cerimônia. Entre tendências para ambas as linhas, Tetê aponta as cores off-white, nude e tons pastel, mistura de texturas e tecidos, sobreposições de saias, capas e trabalhos artesanais como o patchwork e sobreposições de rendas, além dos tecidos musselina, organza e mikado. Já os acessórios do momento são cintos, boleros, capas e mantilhas. Os vestidos da coleção Ready to Wear custam a partir de R$ 4 mil e os modelos sob medida começam em R$ 7 mil.
Tetê Rezende Unique
MODELOS EUROPEUS Entre modelos prontos de grifes internacionais, a La Vita é referência. A proprietária, Lívia Mafuz, traz para o mercado mineiro vestidos Raimon Bundó, Jesus Peiro, Villais, Rosa Clará, Victorio e Luccino, La Sposa (Pronovias) e está negociando mais duas marcas de Barcelona. "As principais linhas são vestidos de grifes artesanais que trabalhamos com exclusividade em Minas Gerais. Entre os tecidos tule de seda, mikado e rendas (marisco, chantilly francesa e guipire), tudo com acabamento impecável", frisa. A modelagem, destaca Lívia, depende do biótipo da mulher, mas evasês, corte A, e sereia estão entre as preferidas. Já os detalhes variam de acordo com a personalidade e sonho da noiva, lembrando que transparências, rendas nas costas, mangas, vestidos lisos com bolsos, e até cintos rebordados estão em alta. "A última Bridal Week apresentou como grande novidade o mikado (tecido liso, estruturado) ou brocados. Porém, para cerimônias diurnas, seguindo a linha boho, as rendas mais rústicas como guipire e a renascença". Os vestidos da La Vita custam de R$ 8 mil a R$ 25 mil. "Mesmo com o câmbio desfavorável temos um acordo junto às grifes parceiras em que conseguimos vender praticamente pelos mesmos preços dos ateliês europeus", avisa.
Para finalizar, opção que combina com o atual cenário econômico vem da Idea Sposa. Isso porque a loja, que trabalha com a venda de vestidos da grife espanhola de mesmo nome e oferece três linhas diferentes, incluindo modelos outlet (a partir de R$ 1 mil), além de peças de revenda (na média de R$ 4 mil) e de coleções novas apartir de R$ 6 mil. A proprietária, Georgia Neto Dell'Acqua Melo, reforça que houve aumento na procura por vestidos lisos nos tecidos mikado, cetim e crepe, sempre com boa modelagem. Entre os complementos, ela aposta em véus lisos ou com renda na borda, sandálias confortáveis e arranjos de cabelo mais discretos.
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