Olavo Machado - Presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Sistema Fiemg)
A face mais cruel da crise que atinge o Brasil, e que se amplia dia a dia, está nas manchetes dos jornais dos últimos dias: o contingente de desempregados no país já chega a 9,6 milhões de trabalhadores - 42% a mais que um ano atrás. O mais grave é que as principais vítimas são os jovens entre 18 e 25 anos, segmento no qual a taxa média do desemprego é de 20%. Em todo o país, nos últimos 12 meses, 100 mil estabelecimentos comerciais fecharam as portas, além de 4 mil no setor industrial. Para os próximos meses, as perspectivas são desalentadoras: a previsão é de que o desemprego médio atinja 12,5% (hoje é de 9,5%), totalizando 12 milhões de pessoas sem trabalho.
Lamentável e dramático, esse quadro resulta de uma paralisante sinergia do mal que combina as crises na política, na economia e no campo da ética. Sem confiança no futuro e sufocados por um conjunto de indicadores cada dia mais negativos - inflação elevada, juros absurdos e desemprego crescente - os consumidores deixam de comprar, os empresários deixam de investir e produzir, o país para e a recessão, marca dos últimos anos, se prolonga e se agrava.
Nesse cenário, o Fórum das Entidades Empresariais do Estado de Minas Gerais, integrado pelas entidades representativas do setor produtivo mineiro, acaba de se posicionar em nota em que expressa aguda preocupação com o agravamento da crise que subtrai do país as condições para produzir, gerar empregos e bem-estar para a população. Também adverte que, a cada instante, amplificam-se os descaminhos que apequenam a política e as lideranças partidárias, empurram a economia para a mais grave recessão das últimas décadas, fragilizam as instituições, corrompem princípios éticos fundamentais e, perigosamente, dividem e opõem os brasileiros, inclusive com o risco de confrontos de rua.
Chegamos ao limite ou estamos muito perto dele. A população não aceita mais o quadro de crescente deterioração do comportamento de líderes políticos, que descem aos mais rasos patamares com gestos, atos, palavras e práticas que afrontam as mais caras tradições do povo brasileiro. O que predomina são manifestações em defesa de questões pessoais e de grupos, colocando-se em absoluto segundo plano os legítimos interesses da sociedade e do país. Assim, o Fórum das Entidades Empresariais de Minas Gerais alerta para a necessidade urgente de que as instituições brasileiras cumpram a missão que lhes é delegada pela sociedade, adotando as medidas que se impõem, sempre dentro dos limites da lei e do ordenamento constitucional.
Compõem o fórum: Associação Comercial de Minas (ACMinas), de Belo Horizonte (-BH); Centro Industrial e Empresarial de Minas Gerais (Ciemg); Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg); Federação das Associações Comerciais de Minas Gerais (Federaminas); Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL); Federação das Empresas de Transportes de Cargas de Minas Gerais (Fetcemg); Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg); Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio) e Organização das Cooperativas de Minas Gerais (Ocemg).
Em essência, o que o setor produtivo exige é o compromisso incondicional com o país, austeridade na gestão dos recursos públicos e respeito aos ditames da ética. O entendimento é o de que o momento requer grandeza das lideranças políticas comprometidas com o país, bem como punição exemplar para aqueles que um dia imaginaram poder usar o país em proveito próprio. O importante é acelerar soluções, pois o principal inimigo da retomada do crescimento é justamente a paralisia que posterga a adoção das medidas necessárias para que o país volte a crescer.
No campo da política, é urgente a aplicação dos remédios previstos na Constituição do país, portanto, dentro do império da lei e dos princípios democráticos. Na economia, é preciso colocar em prática, com a máxima urgência, ações capazes de afastar as incertezas do momento e de assegurar a tranquilidade necessária para que as empresas voltem a produzir, gerar empregos para os brasileiros e riqueza para o país.
No campo da ética, é imprescindível resgatar o compromisso com princípios e valores republicanos que devem estar sempre presentes na construção de uma grande nação. O Brasil e os brasileiros já demonstraram em inúmeras ocasiões, inclusive no passado recente, que são capazes de moldar o seu próprio destino. Foi assim com as "diretas, já", em meados dos anos 1980, foi assim com o impeachment do presidente Collor, no começo dos anos 1990, com o Plano Real logo em seguida e, também, nas manifestações populares de 2013.
Em todas essas ocasiões, o Brasil soube sempre mostrar que é maior do que as crises e que, com certeza, é maior do que aqueles que ousaram e ainda ousam agir contra o interesse nacional. Sempre que foi preciso mudar o país, os brasileiros responderam afirmativamente - e agora não será diferente.
Palavras Chave Encontradas: Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL
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