Atitudes que buscam harmonia no trânsito, somadas ao respeito às normas, ajudam a humanizar o dia a dia nas ruas e facilitam o convívio de motoristas, ciclistas e pedestres
Márcia Maria Cruz
Publicação: 27/08/2015 04:00
Aos 91 anos, Sebastião Henriques atravessa rua em segurança graças à cordialidade da motorista Cristiana Rennó, que aguardou a travessia
Buzinar com ferocidade, não respeitar a faixa de pedestres, invadir a exclusiva para ônibus, fechar cruzamento, não respeitar o ciclista e avançar o sinal são atitudes que atropelam a boa educação. Na direção contrária, é essencial respeitar o outro para não tornar o trânsito um campo de batalha. Especialistas alertam que, para que as boas relações deem o tom nas ruas, é preciso respeitar o Código de Trânsito Brasileiro e haver um processo permanente de educação para o tráfego. "Quanto mais gentileza as pessoas praticam, mais humanizado se torna o trânsito", afirma o sargento Márcio Roberto, do Batalhão de Polícia de Trânsito. A gentileza no trânsito é o tema abordado hoje na série sobre gentileza urbana, que subsidia o Prêmio Jornal na Escola, uma realização do Estado de Minas e do Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), que vai agraciar autores das melhores redações sobre o tema. A reportagem encontrou motoristas, ciclistas e pedestres que buscam harmonia nas ruas de Belo Horizonte.
Nas saídas vespertinas, não falta amabilidade ao jornalista aposentado Sebastião Henriques, de 91 anos. De sua casa até o empório onde faz feira, no Bairro Sion, na Região Centro-Sul, ele tanto pratica a cordialidade como a recebe. Ao sair para comprar frutas, acrescenta uma a mais para presentear a amiga que fez nesse trajeto. Numa tarde de segunda-feira, o gesto foi retribuído quando Sebastião atravessava a Rua Uruguai. "A proporção de motoristas que dão preferência na faixa de pedestre ainda não é satisfatória, mas temos alguns casos", comemora Sebastião. A reportagem flagrou o momento em que a motorista Cristiana Rennó Lage, de 42, o aguardou atravessar na faixa de pedestre. "Levo menino. Busco menino. Mas procuro ser gentil no trânsito. É uma preocupação que tenho", diz a mãe de dois filhos e grávida do terceiro, que procura não se deixar contaminar pelo estresse no trânsito.
Desde que resolveu adotar a bicicleta como meio de transporte, o professor universitário Emílio Oliveira, de 34, sabe que a gentileza é fundamental. Há dois anos, faz todas as atividades, em um raio de seis quilômetros, com a ajuda da magrela. Ao pedalar tem a convicção de que a segurança só existe quando pedestres, ciclistas e motoristas aprendem a compartilhar as vias. Mesmo na ciclovia da Rua Professor Moraes, ele deu a preferência à senhora que tentava atravessar.
Em desenho clássico da Disney, o Sr. Andante se transforma no Sr. Volante. Um pedestre pacato e educado muda completamente o humor quando fica atrás do volante. No entanto, o professor de psicologia do UniBH Júlio Flávio de Figueiredo Fernandes pondera que o trânsito apenas potencializa o estado de espírito das pessoas. "Quando alguém está muito estressado, o tempo muito curto parece muito longo. Agrava a situação o fato de as pessoas terem que dar uma resposta rápida", diz. Ele alerta, porém, que, apesar de as pessoas acharem que o estresse prevalece, há muitos gestos de gentileza. "As pessoas que conseguem ser gentis são as menos pressionadas, as que têm uma visão mais ampla da situação, da posição do outro."
HARMONIA Ao seguir o que determina o CTB, motoristas, pedestres e ciclistas podem evitar acidentes e tornar o clima mais harmonioso. "Temos que praticar a gentileza com mais intensidade. O que vemos são pedestres disputando espaço com veículos. Se todo mundo cumprisse seu papel, teríamos um trânsito mais tranquilo, gentil e harmonioso", diz o sargento Márcio. Os motoristas devem dar preferência ao ciclista, esse deve dar preferência ao pedestre, e todos podem ser gentis uns com outros, principalmente em situações de estresse. "O condutor não deve ficar buzinando quando o semáforo piscar para forçar o pedestre a se deslocar mais rápido", ensina. A falta de gentileza pode render multa de R$ 191, caso o pedestre seja , idoso ou grávida, ou R$ 127, com perda de sete ou cinco pontos na carteira. No primeiro caso, trata-se de infração gravíssima e, no segundo, infração grave. O sargento ressalta que não jogar lixo nas vias também é um gesto de gentileza.
Os motoristas devem entender o ciclista como o elo mais fraco da corrente e o ciclista deve ter o mesmo cuidado com o pedestre. "Na faixa, deve dar preferência ao pedestre e respeitar a sinalização. A bicicleta também é um veículo." Ao atravessar uma passarela, o ciclista deve desembarcar do veículo para se equiparar ao pedestre.Os motociclistas não devem forçar a passagem nos corredores de trânsito e só buzinar quando estritamente necessário. "Usar a buzina prolongadamente e a qualquer pretexto é uma infração com multa de R$ 53 e três pontos na carteira de habilitação." O professor defende que a solução vem da educação para o trânsito, uma maneira de as pessoas introjetarem os comportamentos gentis. "As campanhas educativas do governo fazem um alerta, mas sozinhas não são suficientes. A educação, nas escolas e outros espaços, para o trânsito cria uma repetição até que a pessoa interioriza os gestos", diz Júlio. Serviço Prêmio Jornal na Escola
Inscrições: encerradas Período de produção das redações: até 10 de setembro Seleção pela banca avaliadora: de 12 a 23 de outubro Cerimônia de premiação: 27 de outubro Tema: Gentileza Urbana
ATITUDES GENTIS NO TRÂNSITO
Aguardar a travessia de pedestres na faixa com calma;
Não fechar um cruzamento;
Dar passagem a outro motorista que está sinalizando a intenção de mudar de faixa;
Não gritar com os demais usuários do trânsito;
Pedir desculpas quando errar;
Relevar atitudes erradas dos outros;
Dar espaço e aguardar, sem pressionar, o motorista do veículo da frente estacionar;
Ter mais paciência com idosos e condutores sem experiência.
Fonte: Portal do Trânsito
#Bhmaisgentil
Os Diários Associados promovem campanha de mobilização social abordando assuntos relacionados a trânsito, cultura e sustentabilidade. A meta da campanha, batizada de #Bhmaisgentil, é fazer de Belo Horizonte a capital mais gentil do Brasil, sugerindo ações simples como distribuir sorrisos, não jogar lixo na rua, desligar os celulares nos cinemas e teatros entre outras.
Palavras Chave Encontradas: Criança
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