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Diário do Comércio online - BH (MG) ( Economia ) - MG - Brasil - 17-06-2015 - 09:47 -   Notícia original Link para notícia
Montadoras devem repensar processo

Consultores dizem que momento é de oportunidades e reformulação de toda a cadeia no País



A tendência da indústria automotiva do País é aumentar a robotização das fábricas de modo a reduzir os custos/Cleio Tomaz / FCA / Divulgação


O período de crise no setor automotivo no Brasil, marcado pela redução nas vendas e produção, poderá se tornar um momento de oportunidades e reformulação de toda a cadeia no País. De um lado, as montadoras terão um período para repensar o modelo de negócio, marcado pela utilização das margens mais altas do mundo e por uma estrutura menos mecanizada e mais dependente de mão de obra. De outro, estão as autopeças, que deverão se voltar mais para o mercado externo como alternativa ao desaquecimento da atividade econômica em curso, que deverá permanecer pelos próximos três anos, segundo a visão de consultores da área.

Depois de anos surfando na onda da política governamental de estímulo à compra de veículos no País, o setor se vê em um momento extremamente complicado. A nova postura do governo de retirar os incentivos e deixar o mercado seguir pela livre demanda, em um momento em que a economia segue tendência de queda, bateu em cheio sob o setor automotivo.

Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), entre janeiro e maio deste ano, foram emplacados 1,1 milhão de veículos. O número é 19,1% inferior ao comercializado no acumulado do mesmo período de 2014. A própria instituição já trabalha com uma perspectiva de baixa até o fechamento do ano. No fim do exercício, a tendência é de queda da ordem de 20,6% no licenciamento e de 17,8% na produção de autoveículos.

Para o gerente de Desenvolvimento de Negócios da Jato, Milad Kalume Neto, a queda deste ano deverá ser ainda mais acentuada, na casa dos 25%. E a tendência é que o setor siga em baixa, pelo menos, nos próximos três anos. "Olhando para o mercado, não vejo uma recuperação em vista sem que antes haja um retorno da confiança. O consumidor não vai comprar veículos sem que tenha certeza que manterá seus empregos. Acho que isso não acontecerá da noite para o dia", afirma.

Levando em conta esse raciocínio de que as vendas e a produção não deverão ser retomadas em um futuro tão próximo, analistas de mercado passam a defender que as mudanças necessárias para expansão da cadeia automotiva sejam engatilhadas agora.

Segundo o diretor da Universidade Automotiva, da consultoria Aval, Amos Lee Harris Júnior, uma das opções de aposta para o momento seria um investimento em automação da produção. "A mão de obra no País é cara. A indústria já está dando férias coletivas ou demitindo e a tendência não é a de recontratar todo mundo. A tendência é aumentar a robotização das empresas de modo a reduzir os custos", afirma.

Além disso, muitas montadoras que chegaram há pouco tempo no País já começam a maturar os investimentos. Isso significa que os gastos no processo de implantação da unidade já foram praticamente cobertos, o que permitirá uma aceitação de margens de lucro mais baixas. O resultado seriam preços mais acessíveis nos próximos anos.

"As empresas que chegam aqui no Brasil vendem com preços mais altos porque se nivelam pelo mercado e precisam de um retorno dos investimentos já realizados. Mas na medida em que ultrapassam esse primeiro momento elas podem rever a política de precificação", afirma. Com preços mais baixos, a tendência é que os consumidores voltem a trocar os veículos atraídos pelo custo-benefício.

Autopeças - Sofrendo os impactos da baixa nas montadoras, as autopeças também podem aproveitar o momento para reformular seus negócios. Segundo o diretor regional do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Fábio Sacioto, uma das alternativas que deve ser adotada pelos empresários do setor é a busca pela exportação.

"O momento é de reconquistar mercados perdidos como Estados Unidos e alguns países da Europa. Nos últimos anos houve enfoque maior para o mercado interno, que estava aquecido. Mas agora é a hora de mudar", recomenda.


Financiamento de veículos recua 11,8% no ano


O número de financiamentos de veículos novos e usados em maio caiu 0,5% ante abril e recuou 18,2% na comparação com o mesmo mês do ano passado, mostram dados da Unidade de Financiamentos da Cetip divulgados ontem. Com o resultado, o total de veículos financiados neste ano até maio é 11,8% menor do que o volume de financiamentos feitos em igual intervalo de 2014. Até abril, a retração era de 10,2%.

No mês passado, foram financiados 435.755 automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus e motocicletas em todo o País. A maior parte foi de usados, com 240.031 unidades, 0,6% a mais do que em abril, embora 7,85% menos do que em maio de 2014. Já o total de veículos zero quilômetro financiados foi de 195.724 unidades, quantidade 1,78% menor do que em abril e 28,1% abaixo do financiado em maio do ano passado.

Opção mais utilizada entre as modalidades de financiamento, o Crédito Direto ao Consumidor (CDC) caiu 1,8% em maio ante abril e 20,1% em relação ao mesmo mês do ano passado. Já o consórcio, segunda modalidade mais usada, cresceu 6,7% na variação mensal, embora tenha recuado 3,9% na comparação com um ano atrás. Terceira opção mais utilizada, o leasing diminuiu 12% em maio ante abril e 33,7% ante maio de 2014. (AE)


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