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Valor Online ( Eu e Investimentos ) - SP - Brasil - 03-03-2015 - 05:00 -   Notícia original Link para notícia
Consumo seletivo

Por Beatriz Cutait | De São Paulo


Não, o setor de consumo não voltou a ser uma aposta de analistas para a bolsa. No entanto, ainda que a visão seja desfavorável para o segmento de forma geral, há casos específicos que já justificam o investimento nos papéis, seja por apresentarem resiliência ao cenário macroeconômico, seja pelos próprios fundamentos.


A Carteira Valor de março contou com a entrada de três ações vinculadas ao desempenho doméstico: Raia Drogasil ON, com quatro indicações; Lojas Americanas PN, com três votos; e Pão de Açúcar PN, com duas recomendações. Com isso, o portfólio ficou mais balanceado, com outros quatro papéis do setor financeiro - Itaú Unibanco PN, BB Seguridade ON, Cielo ON e Cetip ON - e três vinculados a exportações (BRF ON, Suzano Papel e Celulose PNA e Klabin Unit).



A bolsa surpreendeu em fevereiro, com a alta de 9,97% do Ibovespa, pouco acima da valorização de 9,72% da Carteira. No ano, o portfólio acumula ganho de 2,54%, enquanto o índice sobe 3,15%.


O chefe da área de análise da XP Investimentos, Ricardo Kim, não enxerga uma mudança de rumo do mercado com o movimento do mês passado. "Vemos a alta com um pouco de ceticismo, porque os fundamentos não mudaram. A bolsa tem um ano bem difícil pela frente", diz.


A entrada de recursos estrangeiros na bolsa, em meio à liquidez ainda elevada no exterior e à vantagem do dólar apreciado em relação ao real, pode ter contribuído para a recuperação, na visão de Kim. Segundo os dados da BM&FBovespa, o saldo líquido de atuação do investidor internacional estava positivo em R$ 3,9 bilhões em fevereiro, até o dia 26, e em cerca de R$ 5,5 bilhões no acumulado do ano. A atuação de Joaquim Levy na Fazenda foi outro fator apontado como favorável pelo mercado.


A XP é uma das corretoras que apostam nos papéis da Lojas Americanas neste mês. A avaliação de que a companhia apresenta uma boa diversificação de produtos e não depende tanto de crédito como varejistas de linha branca, por exemplo, explica parte da recomendação.


O programa de expansão da empresa também é bem-visto pelo chefe de análise da XP, assim como sua gestão. "Estamos tentando diversificar um pouco o portfólio e achar alguma ação em consumo que seja resiliente, mas não colocaríamos um peso maior no setor diante do que vemos para a atividade econômica, com uma renda mais baixa e um aumento de desemprego", afirma.



O estrategista da Santander Corretora, Leonardo Milane, tem uma visão semelhante e ainda aponta que está de olho no balanço da varejista, que será divulgado no dia 12. Além das questões citadas por Kim, Milane diz esperar que as operações da Submarino contribuam de forma menos negativa para os resultados do quarto trimestre de 2014.


A corretora também colocou os papéis da Raia Drogasil no portfólio deste mês, entusiasmada com o balanço bem melhor que o esperado divulgado ao fim de fevereiro. O momento operacional forte da companhia e a possível revisão para cima das expectativas do mercado, aliados à avaliação de que o setor não tem desaquecimento, conta com vendas inelásticas a aumento de preços e consegue repassar custos com mais facilidade que os demais segmentos, são fatores que devem beneficiar a trajetória dos papéis, assinala Milane.


As ações do Pão de Açúcar, por sua vez, estão entre as apostas da Planner para este mês. A corretora vê a empresa como uma opção defensiva, em um setor que também tende a ser menos afetado pelo desaquecimento econômico. Segundo o chefe de análise da casa, Mario Mariante, se a bolsa voltar a cair após a recuperação de fevereiro, os papéis tendem a recuar menos. Além disso, com uma análise positiva dos últimos resultados da varejista e diante da queda de 1,5% dos papéis em 2015, Mariante diz acreditar que as ações estão num ponto de oportunidade de compra.


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