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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 16-02-2015 - 09:09 -   Notícia original Link para notícia
Estratégias para 'surfar' na onda de valorização do dólar

Investidor pode recorrer de fundo cambial a ações, mas risco é alto


Escaladas bruscas do dólar, como a das últimas semanas, costumam ser má notícia para investidores brasileiros, que veem seus ativos perderem valor. Mas especialistas afirmam que, com a estratégia certa, é possível "surfar" na alta da moeda americana pelos próximos meses - embora, como tudo que envolve câmbio, o risco seja mais elevado. Uma das alternativas mais óbvias é o fundo cambial com foco em dólar. Como aplica pelo menos 80% da carteira em ativos relacionados à divisa, geralmente por meio de contratos futuros de dólar, ele acompanha de perto a variação da moeda. Há opções com investimento mínimo de R$ 1 mil, mesmo em bancos de varejo.



- O fundo cambial é interessante porque tem ótima liquidez, você pode fazer o resgate a qualquer momento. Mas ele é adequado apenas para investidores com perfil entre moderado e arrojado, já que é muito volátil - afirma Alexandre Wolwacz, diretor da Escola de Investimentos Leandro&Stormer.


Ele ressalta que pequenos investidores só devem recorrer ao fundo cambial se o objetivo for quitar uma despesa atrelada ao dólar. No Banco do Brasil, muitos correntistas buscam a aplicação visando a viajar no fim do ano. Com a alta recente do dólar, a procura tem aumentado, conta Marcelo Pacheco, gerente executivo de fundos multimercado e offshore do BB:


- Indicamos os fundos para quem tem compromissos em moeda estrangeira, como enviar um filho para estudar no exterior. É uma forma de proteção. Mas é lógico que há risco, porque prever a cotação do dólar é uma das coisas mais difíceis na economia.


ATENÇÃO À TAXA COBRADA


Os investidores devem ficar também atentos à taxa de administração do fundo. Para Wolwacz, percentuais acima de 1,5% já tornam a aplicação desvantajosa. Isso porque a inflação provavelmente estourará o centro da meta este ano, além de incidir Imposto de Renda (IR) sobre a aplicação. A alíquota, que incide apenas sobre os rendimentos, varia entre 15% e 22,5%, dependendo do prazo da aplicação. Só paga a taxa mínima quem mantém o dinheiro aplicado por, no mínimo, dois anos.


Segundo dados da Anbima, que reúne entidades do mercado de capitais, os fundos cambiais proporcionam a segunda maior rentabilidade da indústria. No ano, o rendimento médio da aplicação é de 5,08%, atrás apenas dos fundos de investimento no exterior (6,69%), que aplicam em títulos representativos da dívida externa de responsabilidade da União. Nos últimos 12 meses, o rendimento dos cambiais é de 16,73%, bem perto dos líderes Multimercados Trading (16,92%), que lucram com movimentos de curto prazo nos preços de vários tipos de ativos. Os dados vão até o dia 9 de fevereiro.


A elevada rentabilidade desses fundos é resultado da alta de quase 7% que o dólar acumula só este ano, saindo de menos de R$ 2,70 para quase R$ 2,90. Os gigantes BNP Paribas, HSBC e JPMorgan preveem câmbio a R$ 3 no fim do ano.


Mas, embora a perspectiva continue sendo de alta, a escalada dos últimos dias reduziu o espaço para ganhos polpudos daqui para a frente, alerta Flávio Lemos, diretor da Trader Brasil Escola de Investidores. Por isso, ele acredita ser mais vantajoso apostar em Letras Financeiras do Tesouro (LFT), títulos públicos que acompanham os juros básicos:


- Com a Taxa Selic a 12,25% ao ano, o rendimento desses títulos será maior que a alta do dólar e é muito mais seguro. A menos que ocorra uma catástrofe que faça o câmbio disparar.


DE OLHO NAS EMPRESAS


Enquanto o fundo cambial é uma forma de exposição direta ao dólar, há aplicações menos óbvias que se beneficiam da alta da divisa. Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos, lembra que uma opção é comprar ações de empresas cujo faturamento é em dólar.


Ele cita a Embraer, que tem cerca de 95% de sua receita denominada na moeda americana. Companhias do setor de papel e celulose, como Suzano e Fibria, costumam oscilar junto com o dólar nos pregões da Bolsa. Outros exemplos são Brasil Foods (alimentos), Valid (serviços bancários) e Weg (maquinário). A Vale também poderia ser favorecida, mas a cotação do minério de ferro tem despencado. Porém, assim como o fundo cambial, a alternativa acionária requer apetite por risco.




- Não dá para prever a Bolsa, sobretudo na conjuntura desfavorável da economia. A aposta é muito arriscada, pois pode ser que as ações não subam nem com a valorização do câmbio - adverte Cláudio Pires, da Mongeral Aegon Investimentos.


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