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G1 ( Economia ) - RJ - Brasil - 02-10-2019 - 10:52 -   Notícia original Link para notícia
4 razões que explicam por que a Forever 21, estrela do varejo, quebrou

Pedido de falência da Forever 21 levará a fechamento de 178 lojas apenas nos Estados Unidos.







Pedido de falência da Forever 21 levará a fechamento de 178 lojas nos Estados Unidos (fotos: Getty Images)



Logo após sua expansão bem-sucedida em mais de 50 países nos últimos anos, a Forever 21 passa por dias sombrios. A rede de varejo de roupas apresentou um pedido de proteção contra falência perante a Justiça dos Estados Unidos, o que levará ao fechamento de até 178 lojas no país e a um número semelhante em outros mercados.

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Até agora, a empresa fundada em 1984 tem 817 lojas em todo o mundo, sendo um dos maiores expoentes no mercado de moda casual, ao lado da espanhola Zara e da sueca H&M. Mas em sua rápida expansão nos últimos anos, ela deu vários passos em falso que, segundo vários analistas, levaram a empresa à bancarrota.

Entre os credores com os quais a Forever 21 deve negociar estão as empresas imobiliárias Brookfield Properties e Simon Property Group, de acordo com documentos do tribunal de falências. "Os problemas da Forever 21 são praticamente todos auto-infligidos", diz Mark A. Cohen, diretor de Estudos de Varejo da Columbia University (EUA).

Embora não desapareça completamente dos Estados Unidos e continue operando na região da América Latina, analistas apontaram várias causas da falência da Forever 21.

A Forever 21 é mais uma das lojas varejistas afetadas pelas novas maneiras pelas quais os jovens procuram e compram roupas sem entrar em lojas de departamento.

As empresas que oferecem seus catálogos online, como Asos, Fashion Nova e até Amazon, são cada vez mais populares, principalmente entre aqueles que procuram constantemente roupas novas para seus guarda-roupas.

Outras empresas que vendem roupas de segunda mão, como a ThredUp, também tiveram um grande crescimento. E as vendas online claramente não são a principal força da Forever 21, que gerou apenas 16% de suas vendas pelos meios digitais, de acordo com o jornal The New York Times.

"Obviamente, o setor de varejo está mudando. O tráfego nos shopping centers está baixo e as vendas estão cada vez mais se movendo para a internet", disse Linda Chang, vice-presidente executiva da rede, ao The New York Times.

Desde o início de 2017, mais de 20 varejistas dos EUA, incluindo a Sears e Toys 'R' Us, declararam falência, à medida que mais clientes passaram a comprar online, informou a Reuters. Até agora, em 2019, os varejistas americanos de capital aberto anunciaram que fecharão 8.558 lojas, um número que excede os 5.844 no ano anterior, segundo a Coresight Research.

"É claro que a migração de clientes de lojas físicas para a internet não tem ajudado", diz Cohen.

A Forever 21 apostou nos últimos anos em ocupar grandes lojas em shopping centers nos Estados Unidos, uma decisão que alguns analistas descreveram como arriscada. "Lojas demais, em tantos shoppings em declínio, foram expandidas além do que a Forever 21 pode gerenciar de forma produtiva", diz Cohen.

Para preenchê-las, uma estratégia da empresa foi expandir seu catálogo além de roupas e acessórios de moda, o que era arriscado, segundo o especialista. A empresa enfatiza em seu site que suas lojas têm uma média de 3.500 metros quadrados de espaço, enquanto a primeira inaugurada na década de 1980 tinha apenas 84 m².

"Imóveis baratos e grandes os levaram a entrar em categorias de mercadorias onde eles tinham pouca ou nenhuma experiência, como eletrônicos", diz Cohen.

Jane Hali, da empresa de pesquisas Jane Hali & Associates, concorda e considera a péssima estratégia de distribuição de lojas em comparação com outras redes semelhantes, como a Zara, que possui apenas 85 lojas nos EUA.

Outro fator que afetou a Forever 21 foi a rejeição de alguns jovens pela "moda rápida", as roupas que são oferecidas a um preço relativamente baixo e que são usadas apenas algumas vezes antes de serem descartadas.

Essa "moda rápida" contribui significativamente para a emissão de gases de efeito estufa devido à poluição da água e do ar, além de empregar trabalhadores em más condições em diversos países.

"Os clientes ficaram mais conscientes de onde são gastos seus dólares. Eles querem sustentabilidade, querem se sentir representados e não acho que a Forever 21 faça isso", disse à Reuters Gabriella Santaniello, da empresa de pesquisa de mercado A-Line Partners.

A Forever 21 não tem se caracterizado por responder ativamente às preocupações dos consumidores, como outras empresas.

"A marca tem perdido grande parte da empolgação e vigor essenciais para manter o ritmo e as vendas, e se tornou um negócio que passa despercebido com muita facilidade", diz Neil Saunders, diretor da consultoria GlobalData Retail.

Além dos problemas de estratégia e queda de receita, a Forever 21 também esteve envolvida nos últimos meses em vários escândalos que atingiram sua imagem. O mais recente é um processo movido pela cantora Ariana Grande, que acusa a empresa de ter usado uma modelo que se parece muito com ela nos anúncios da loja.

Em julho, as pessoas que fizeram compras online receberam barras dietéticas gratuitas junto com suas roupas, o que foi visto como uma campanha que estigmatiza a obesidade. "O que a Forever 21 está tentando me dizer, que sou gorda, que preciso perder peso?", perguntou uma cliente no Twitter. A empresa disse que foi um "descuido" e que era apenas um presente que dava a todos os seus clientes "de vez em quando".

E há outras polêmicas envolvendo a Forever 21.

Vários estilistas e grifes, incluindo Anna Sui, Gucci, Diane Von Furstenberg e Anthropologie, processaram a rede por violar direitos autorais e marcas registradas. Os designers da Forever 21 também foram criticados na internet por supostamente copiarem artes de designers independentes.


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