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DCI - Online ( Economia ) - SP - Brasil - 05-09-2019 - 05:00 -   Notícia original Link para notícia
Brasil retrocede em inovação por falta de investimentos, alerta CNI

País ocupa a 66ª posição entre 129 países inovadores e situação só vai mudar com ações entre o setor empresarial e governo, analisa Gianna Sagazio, da Confederação Nacional da Indústria
Comparado a países inovadores, o Brasil está em retrocesso. Se ações rápidas não forem tomadas, o País corre o risco de se tornar irrelevante para o mundo. O alerta é da diretora de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Gianna Sagazio.

Empresas que decidiram alinhar inovação à sustentabilidade têm conquistado o mercado não só no Brasil, mas no exterior. Mesmo assim, Gianna lembra que, de acordo com o Índice Global de Inovação (IGI), o Brasil está retrocedendo quando o assunto é inovar.

O dado que reforça a afirmação dela está na edição 2019 do IGI, principal relatório de inovação do mundo, divulgado pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual no fim de julho. O documento coloca o Brasil em 66ª posição entre 129 países. No ranking de 2018, o País estava duas posições acima. "Nos últimos nove anos caímos 19 posições", lamenta.

A executiva observa que a inovação no Brasil ainda não é considerada uma prioridade e esta é a principal diferença com relação a países mais inovadores. "Ciência, tecnologia e inovação são considerados gastos, não investimento", comenta. "Precisamos de ações rápidas ou nos tornaremos irrelevantes para o mundo."

As ações para que o País evolua em inovação, de acordo com Gianna, devem ser adotadas em conjunto entre Estado e setor empresarial. "Uma política de longo prazo é função do Estado, o setor empresarial não faz política, mas o investimento em inovação, colocar inovação na estratégia da empresa é do setor empresarial", destaca. "Cada um fazendo o que está em sua alçada, de forma conjunta e alinhada, só assim teremos resultado de país."

A diretora da CNI ressalta ainda que um país é considerado inovador não só porque o setor empresarial está ciente e investe nisso. "Tem a questão da segurança jurídica, do marco regulatório de inovação, do ambiente propício de negócios, investimentos em educação", enumera. "São uma série de fatores que, juntos, vão contribuir para que aquele país seja mais inovador. É um esforço no sentido de todos os setores trabalharem conjuntamente com esse objetivo."

Financiamento

Suíça, Suécia, Estados Unidos, Países Baixos e Reino Unido estão no topo da lista dos países mais inovadores do mundo, segundo Índice Global de Inovação. "Esses países adotam a ênfase em inovação como uma estratégia de desenvolvimento", elogia Gianna. "Têm sistema de financiamento em inovação que foca em apoiar as empresas e alavancar mais investimentos privados."

Gianna considera a questão do sistema de financiamento à inovação como um dos fatores mais graves capazes de atrasar projetos que se propõem a inovar. "Não temos, por exemplo, subvenção econômica, o que é amplamente praticado nos países mais inovadores", queixa-se. "Sistemas de financiamento adequados para estimular as empresas a inovar são reconhecidos nesses países, que acabam tendo vantagens porque estão preparados para dar suporte às empresas."

De acordo com ela, o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) declarou recentemente que inovação não é prioridade para o banco e a Finep, agência pública de financiamento à inovação, está aguardando as definições do governo. "Isso tudo tem um impacto negativo para as empresas inovarem porque elas precisam de recursos e são recursos diferenciados. Inovação é um investimento de longo prazo e ela pode falhar, isso faz parte do processo."

Presidente da Biotechnos, empresa gaúcha que produz biocombustíveis para equipamentos agrícolas a partir de óleos vegetais, Márcia Werle diz que é comum uma empresa buscar ajuda de instituições financeiras que divulgam ter linhas de apoio à inovação, mas quando apresenta o projeto, a pergunta que fazem é quanto a empresa fatura e o projeto deixa de ser considerado inovador.

"Falta uma comunicação mais clara e efetiva do que é apoio à inovação", enfatiza. "Apoio é analisar o projeto inovador e o resultado que ele vai gerar. Por que a empresa não pode ter uma história anterior ao projeto?", questiona. "Quando se tratar de linha de apoio à inovação, por favor, analisem o projeto, não a história que a empresa tem até o momento."

Nicolas Hassenstein, diretor comercial da fabricante alagoana de embalagens e artefatos de papelão ondulado Norvinco, acrescenta que tornar uma ideia viável é o grande desafio da inovação. "O acesso a crédito no Brasil é muito burocrático, as linhas de financiamento são restritas e não contemplam todas as etapas que a gente precisa", reclama. "A maioria das linhas até contemplam as etapas de desenvolvimento, mas a gente vê pouco para comercialização", diz. "Só se torna inovação quando você a coloca a ideia no mercado."


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