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Diário do Comércio online - BH (MG) ( Negócios ) - MG - Brasil - 01-08-2019 - 00:03 -   Notícia original Link para notícia
Copom surpreende e reduz a taxa Selic para 6% ao ano

Brasília - O Banco Central (BC) reduziu ontem a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, à nova mínima histórica de 6% ao ano, e indicou que o processo de afrouxamento poderá seguir adiante frente à fraqueza econômica, inflação bem comportada, melhora no ambiente externo e avanço da reforma da Previdência.

Este foi o primeiro corte na Selic desde março de 2018, quando a taxa passou de 6,75% para 6,5%.

"O comitê avalia que a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo", disse o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.

"O Copom enfatiza que a comunicação dessa avaliação não restringe sua próxima decisão e reitera que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação", ponderou.

Embora um corte na Selic fosse amplamente esperado ontem, a magnitude da redução dividiu agentes do mercado. Em pesquisa Reuters com 27 economistas, 14 previam uma queda de 0,25 ponto na Selic, enquanto dez apostavam em um corte mais agressivo, de 0,5 ponto, e três viam manutenção dos juros básicos.

"Basicamente o Copom deixou a porta aberta para cortar na próxima reunião", avaliou o economista-chefe do banco Haitong Brazil, Flávio Serrano.

"A decisão surpreendeu menos pelo corte de 50 pontos-base e mais porque, no caso de uma redução de 50 pontos-base, o BC poderia adotar um discurso mais comedido, e não foi o que aconteceu. O cenário pode permitir corte de mais de 100 pontos-base no total", completou ele.

A decisão do BC tem como pano de fundo a aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara dos Deputados, no início de julho. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, chegou a dizer que o avanço "obviamente" melhorava o cenário para a inflação e representava um primeiro passo importante.

Em seu comunicado, o BC reconheceu que o processo de ajustes na economia tem caminhado, mas ressaltou que sua continuidade é essencial para a queda da taxa de juros estrutural e para recuperação sustentável da economia.

Apesar de o balanço de riscos para a inflação - que avalia os fatores que podem levar a inflação a ficar abaixo ou acima da meta neste ano e no próximo - ter evoluído de maneira positiva, o risco desfavorável para a inflação ligado à eventual frustração sobre as reformas "ainda é preponderante", disse o BC.

Já em relação ao cenário externo, o BC passou a ver um quadro "mais benigno", ante "menos adverso" anteriormente. Bancos centrais em todo mundo têm mostrado uma posição mais dovish (inclinada ao afrouxamento monetário) em meio a preocupações com a economia global.


Repercussão em Minas - Em nota enviada à imprensa, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) considera a decisão adequada principalmente pelo cenário de atividade desaquecida, com elevada ociosidade do emprego e da capacidade instalada, em que se encontra o País.

"A federação avalia que, nesse momento, a redução na taxa Selic é a melhor alternativa de política de estímulo à demanda agregada, tendo em vista a precária situação fiscal em todos os níveis da administração pública. Juntamente com o avanço das melhorias no ambiente de negócios brasileiro, a redução no juro básico que se inicia permitirá estimular tanto o investimento agregado, quanto o consumo de bens duráveis pelas famílias", destacou a entidade.

Já a Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas) afirmou que a decisão era esperada pelo mercado em função do momento econômico nacional, com inflação abaixo da meta de 4,25%. "A redução da taxa objetiva promover o consumo e, principalmente, os investimentos", trouxe a associação em nota.

Para a de Belo Horizonte (-BH), os juros em patamares mais baixos criam um ambiente favorável para a expansão dos negócios dos setores de comércio e serviços e da cadeia produtiva como um todo. A entidade ressalta, porém, a importância da manutenção da queda do indicador.

"Por isso, apesar de estar no menor patamar desde que foi criada, em 1996, a taxa atual da Selic não é a ideal para o segmento. Para o varejo, a continuidade da queda na taxa de juros é um fator primordial para fomentar o crédito e o consumo, bem como alavancar a atividade econômica", destacou em comunicado. (Com informações da Reuters).

São Paulo - O Grupo Consultivo Macroeconômico da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) reduziu a estimativa para a Selic deste ano pela segunda vez consecutiva. Em junho, a avaliação dos economistas era de que os juros deveriam encerrar 2019 em 5,75%. Agora, a projeção é de 5,25%, estimativa anunciada antes do fim da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), para a qual previa a redução da taxa básica de juros de 6,5% para 6%, o que acabou sendo confirmado posteriormente.

"Nossa avaliação geral é de que o cenário do País está favorável para a redução da Selic. A inflação abaixo da meta e o baixo dinamismo da atividade econômica em um ambiente mais construtivo, principalmente após a aprovação da Reforma da Previdência em primeiro turno, contribuem para que os juros atinjam níveis mais baixos, o que pode permitir o reaquecimento do consumo e dos investimentos", disse Fernando Honorato, presidente do grupo da Anbima.

Em relação à inflação, os economistas projetam que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve permanecer abaixo da meta (4,25%) pelo terceiro ano consecutivo, com 3,8% no encerramento de 2019. O grupo avalia que o quadro está mais favorável após as pressões pontuais observadas nos preços dos combustíveis, alimentos e serviços no primeiro semestre.

Atividade econômica - Após quatro cortes consecutivos nas projeções do Produto Interno Bruto (PIB) de 2019, o grupo da Anbima manteve a estimativa de 0,8% apontada na reunião anterior, em junho. Para os economistas do grupo, mesmo com a aprovação da Reforma da Previdência e a liberação de parte dos recursos do FGTS, não é aguardada uma recuperação acentuada do PIB em curto prazo - as medidas devem apenas impedir um desaquecimento maior da economia.

O grupo da Anbima reduziu a projeção do dólar para o encerramento de 2019, de R$ 3,80, apontado na reunião anterior, para R$ 3,78. Caso se concretize, o resultado representará valorização de 2,6% do real no ano. Os economistas apontaram que o ambiente de juros baixos nos Estados Unidos e a liquidez deverão favorecer os mercados emergentes, o que pode impactar nos preços dos ativos. (Com informações da Anbima).


Palavras Chave Encontradas: Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL
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