O governador Romeu Zema é uma pessoa de boa índole e tem boas intenções, mas não consegue colocar em prática os seus projetos seja por inexperiência ou inabilidade, seja pela gravidade da crise no estado e no país, ou pela soma dos fatores. Em razão disso, o seu governo não é percebido, praticamente inexiste para a maioria. Essa é a conclusão que se tira da nova pesquisa do Instituto Quaest para a CDLCDL-BH com moradores da capital. Nesta rodada, em julho, foram ouvidas mil pessoas.

Para 65% dos entrevistados, maioria absoluta, a sensação é de que Minas Gerais parou. A paralisia também é sentida em relação ao país e à própria cidade, mas com menos intensidade ou por menos gente (52% e 50%, respectivamente). Por outro lado, o grosso da população (63%) acha que Zema está errando mais do que acertando (para comparação, 23% pensam assim sobre Kalil). A julgar pelos dados, a imagem do governo Zema está associada à inoperância. Seria uma espécie de não-governo ou governo-fantasma, de tão opaco e pouco governante.

A popularidade do governador fala por si só: seis meses após tomar posse no cargo, ele obteve apenas 15% de avaliação positiva. E com o agravante de que a avaliação negativa chega a 32%; ou seja, Zema tem dois detratores para cada apoiador na capital mineira. Índices tão ínfimos de aprovação são raros, talvez inéditos em Minas, para governante em inicio de mandato; são incomuns até mesmo em fim de governo (no fundo do poço, antes da derrota fragorosa nas urnas, no ano passado, Pimentel marcou 18%).

A pesquisa deixa claro que, para o mineiro de BH, o novo governo não está dando certo. Mas o governador é legal. Metade das pessoas acredita que Zema é bem intencionado. E não o culpa pela paralisia que tomou conta do estado. Tanto é que esses 50%, apesar da sensação de não-governo, preferem avaliar a atuação do governador como regular ou neutra. A maior proporção de eleitores está dando tempo a Zema, aguardando para ver suas medidas antes de uma opinião taxativa.

O eleitor de modo geral parece mais paciente e tolerante com Zema, entende as suas dificuldades. E não poderia ser diferente. Quem votou no empresário de Araxá no ano passado sabia que ele era um neófito em administração pública e herdaria uma crise formidável. O eleitor não votou enganado, assumiu o risco de eleger alguém 'novo' na política. Ele é responsável por Zema, para o sucesso ou o fracasso.

Por: Raquel Faria

Criadora da rede Os Novos Inconfidentes, formou-se em jornalismo pela PUC-MG e trabalhou nos jornais Folha de S. Paulo e Estado de Minas, além de colaborar para várias publicações. Ex-colunista do jornal O Tempo e ex-comentarista da rádio Super Notícias FM. [ Ver todas as publicações ]