Chegou ao fim a vida fácil dos rentistas. Os juros já estão em 6,50%, a menor taxa em 21 anos, e vão cair ainda mais. A tendência é que ela chegue aos 5,5% até o fim do ano. Com isso, em breve, o rendimento de aplicações em bancos, após o desconto da inflação e do imposto, não ultrapassará os 2,5% no ano. Por outro lado, para quem empreende, a rentabilidade média de uma empresa no Brasil chega a 7% ao ano, segundo entidades de classe como a CNI. Ou seja, deixar o capital no banco e ficar 'coçando o saco' não dá mais. Para ganhar dinheiro agora, só com investimentos de mais riscos e/ou fazendo negócios.

"O país onde se fica rico sem trabalhar está acabando. O momento agora é de fazer negócios. O que vale a pena mesmo é empreender", disse Rita Mundim em conversa com Os Novos Inconfidentes, após palestrar em evento na Câmara de Dirigentes LojistasCâmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDLCDL-BH).

O país foi considerado por muito tempo o eldorado do rentismo, em virtude das altas taxas de juros ao longo de sua história. Nos últimos 21 anos, segundo dados do Banco Central, a média da taxa básica dos juros foi de 15,72%, uma das mais altas do mundo. Agora, o Brasil caminha para uma taxa três vezes menor e tem a perspectiva de conviver pela primeira vez com juros muito, muito baixos em relação ao padrão histórico. O que cria um cenário extremamente estimulante para os investimentos. "É hora de colocar a mão na massa. Vamos trabalhar, empreendendo é que se conseguirá ganhar dinheiro", empolga-se Rita Mundinho.

A queda nos juros brasileiros não é um evento isolado. Nos Estados Unidos é esperado que o Fed, banco central norte-americano, reduza ainda mais a taxa de juros que, atualmente, está em torno de 2,5%. O mesmo vem sendo sinalizado pelos países europeus. Em todo o mundo os juros nunca estiveram tão baixos. Trata-se portanto de uma tendência internacional, que não tem prazo ou previsão de mudar tão cedo.

Tudo indica que os brasileiros vão conviver por muito tempo com juros quase no chão. O que traz alterações significativas no modo de vida das elites do país. Grande parte dos afortunados brasileiros viveu até aqui amparado pelo rentismo, vivendo sem nenhum esforço graças às altas remunerações de suas aplicações em bancos. Como rentistas, os ricos conseguiam fazer fortunas sem produzir um palito de dente. Até agora.

Por: Marcelo Gomes

Marcelo Gomes é jornalista em formação pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH). Apaixonado por política, não vê outra possibilidade de mudança social a não ser por ela. Já trabalhou em rádio e escreve para portais e revistas. Tem experiência em processos legislativos e em questões econômicas. [ Ver todas as publicações ]