Leitura de notícia
Estado de Minas Online ( Negócios e Oportunidades ) - MG - Brasil - 14-07-2019 - 10:37 -   Notícia original Link para notícia
De olho nas novas tendências

A expectativa de crescimento no volume de produção e das exportações no setor têxtil e de confecções traz novo alento para empresários do ramo, que se adaptam para incrementar os negócios


Gerente da Loja das Lãs, Lucas Gama diz que principais clientes trabalham com consertos de roupas

Crescimento de 3% no volume de produção este ano é a previsão da Associação Brasileira da Indústria Têxtil para o setor, após registrar queda de 2% em 2018. A expectativa é também de crescimento das exportações em 4%, ante a queda de 1,2% em 2018. Alento para as empresas do setor e de áreas afins. Instalada de forma artesanal no Brasil no século 19, a partir do Nordeste, acompanhando o cultivo do algodão na região e o boom do setor durante a Primeira Guerra, a indústria têxtil passou por diversas mudanças durante o processo de industrialização. O empresário Rafael Marine da Cunha Guimarães, filho do sucessor na Companhia Industrial Horizonte, Cristiano Teixeira Guimarães Neto, conta como o desenvolvimento de outras matérias-primas e de tecnologias provocou diversas mudanças no setor. Os bairros Cachoeirinha e Renascença, na Região Nordeste de BH, surgiram em torno de duas fábricas do grupo, que tinha também parques industriais em Pedro Leopoldo e Pará de Minas, somando em torno de 10 mil trabalhadores. "Somente na unidade do Cachoeirinha eram 3 mil funcionários, ocupando um terreno de 50 mil metros quadrados (m²)", conta Rafael. À época, as fábricas tinham como clientes os grandes atacadistas, que, assim, pulverizavam a produção. Tinha hidrelétrica própria, que gerava energia para suas unidades a partir da usina em Riachinho, na Serra do Cipó. A transição desse modelo, permeado de mudanças tecnológicas e abertura de mercado aos produtos estrangeiros, impactou diretamente nesse setor produtivo. O parque industrial começou a definhar, uma vez que a produção era verticalizada. Cada unidade comprava o algodão - que era beneficiado, transformado em fios e tecidos - e lançava moda. As poucas que sobraram se especializaram, conta o empresário, "uma optando pela fiação, outra pela tecelagem, e outra pelo acabamento. Trabalham sob demanda. A tecnologia mudou o perfil dos empregados, que deixaram o chão de fábrica e passaram ao tecnológico e grandes espaços ocupados com enormes teares e caldeiras foram se reduzindo. Um tear de quatro metros quadrados tem capacidade de produzir cem vezes mais, com mais eficiência, gerando menos perda e maior utilização da matéria-prima. Os tecidos sintéticos, mais baratos, também mudaram o perfil dessas indústrias. Formado em economia, Rafael Guimarães começou no ramo atacadista de tecidos há 25 anos. Durante esse tempo, precisou fazer ajustes para se adequar às diversas mudanças de perfis do setor. "Em 2010, tinha sete lojas - hoje, são quatro (a maior, a Empório da Fábrica, com 600m² de área construída, funciona no antigo prédio da administração da desativada Companhia Industrial Belo Horizonte, no Bairro Cachoeirinha). Tinha o dobro de funcionários e faturava três vezes mais", lamenta o empresário.
TENDÊNCIAS Quando começou a trabalhar como atacadista, a fábrica, então administrada por seu pai, produzia dois produtos tendo o algodão como base: popeline e brim. Para acompanhar as novas tendências, a fábrica criou um portfólio muito grande de produtos e, "como sempre, acompanhávamos enquanto revendedor, replicador e cliente. Mas eram produtos novos e não conhecíamos sua história. Foi um erro grande que acabamos cometendo". Posteriormente, houve um boom de malharias, ativado pelo potencial que vinha da China e acreditava-se que poderíamos produzir melhor. Assim, todas as fábricas remodelaram sua plataforma industrial para a produção de malhas. Nova crise entre 2012 e 2014 mais uma vez forçou outra mudança e o jeans, tecido universal, virou o carro-chefe da companhia, que já passara das mãos da família para outro proprietário. "Era um jeans de altíssima qualidade, porém, os investimentos foram muito altos e os empresários desistiram do negócio." Para quem hoje deseja ter uma indústria de tecidos no Brasil falta incentivo e fomento ao mercado interno. "Temos uma política tributária que desestimula o investimento, e falta equilíbrio entre mercado interno e externo. Hoje, entre os meus fornecedores, que são mais de 100, quase a metade é de importadores." Rafael conta com cerca de 1 mil produtos cadastrados em seu catálogo de vendas, mas os clientes mudam constantemente. As antigas costureiras e pequenas confecções, que eram os maiores compradores, foram desaparecendo e o foco atualmente são artesãos. São muitos que têm necessidade de complementar a renda e atuam no mercado informal, utilizando tecidos para a produção de caixas para presentes e bonecas de pano, por exemplo. "Além disso, vimos surgir também no setor o mercado virtual", atesta. "Embora tecido seja igual roupa, que o cliente gosta de experimentar, sentir, tocar na peça." Há um tempo, o tricoline de florzinha para caixinha de presente representava o pico de vendas. Hoje, são aparas de rama. "Mas alguns artesãos encontraram utilidade para isso. Começaram a fazer colares, roupas, cortinas, toalhas de mesa, e o que era jogado fora pelas fábricas se tornou produto com preço, código e impostos, despertando a atenção para o dinâmico mercado de reciclados. Outras ferramentas começam a ser utilizadas pelo comerciante. "Começamos um pouco tarde, mas lançamos uma página no Facebook e, já nos primeiros momentos, tivemos 5 mil curtidas. Não tenho esse número de clientes que visitam a loja física e nem cadastradas em minha base de dados." Rafael começou então a pesquisar quem são essas pessoas, se já estiveram alguma vez na loja física ou não, o que elas buscam. A empresa ainda mantém alguns clientes no Nordeste do país, mas hoje o cliente principal é o consumidor final. "Ele gasta menores valores que antes", constata.
AVIAMENTOS  Lucas Gama é gerente por mais de duas décadas da Loja das Lãs, na Galeria Ouvidor, Centro de BH. Fundada há 40 anos, tempos em que o segmento era muito forte e abastecia ateliês de costureiras, alfaiates e grandes empresas de roupas pronta. "Hoje, esses setores praticamente deixaram de existir. Nossos clientes de tecidos e aviamentos estão entre os acima de 40 anos. E os alfaiates que continuam clientes estão perto dos 80. A atual geração não quer bordar nem costurar, quer encontrar pronto", constata. As vendas de tecidos são poucas, mas os aviamentos, linhas e acessórios estão em alta com o público de artesãos. As escolas de moda também estão entre os melhores compradores. "Mas podemos dizer que 95% dos produtos que saem da loja são para conserto", avalia. Foi pensando nesse segmento que os irmãos Luiz Pereira de Lacerda e Denise Eufrida Pereira de Lacerda resolveram abrir o Ateliê Alternativo BH, na Região Centro-Sul. A ideia, conta Luiz, começou como um ponto de costura e conserto de roupas, mas "agregamos um bazar". Um negócio complementa o outro. O ponto central permitiu divulgação mais concentrada, em boa parte, no boca a boca. Com pouco mais de um ano de funcionamento, a costureira Denise já conquistou diversos clientes, basicamente moradores ou trabalhadores na região do Mercado Central, como os bairros de Lourdes, Centro e Barro Preto. De acordo com o comerciante, há alguns pedidos de confecção de roupas, mas o forte são os consertos, que rendem maior retorno financeiro. São bainhas novas ou ajustadas, troca de fecho, cerzimento, acertos em larguras e comprimentos e mangas, entre outros serviços. A grande guinada no negócio, segundo Luiz, foi uma costureira profissional que se mudou para Portugal e vendeu seu maquinário industrial de um ateliê. "Valorizou muito a loja, com a galoneira para bainhas, overloque e máquina de costura reta industrial. A combinação com o bazar também compensou, porque, quando o movimento de um é mais fraco, o outro compensa. Vendemos peças de vestuário completo masculino e feminino adulto, sapatos, cachecol e cintos a preços bem acessíveis." O retorno do investimento inicial já foi compensado, concluem os irmãos. SERVIÇO
Empório da Fábrica Ltda.Rua Nossa Senhora da Conceição, 780, Cachoeirinha(31) 3442-9060
Loja das LãsGaleria Ouvidor - Rua Curitiba, 715, Loja CT 01, Centro(31) 3201-8373
Bazar Alternativo BHRua dos Guajajaras, 1.025, Centro (atrás do MinasCentro) - (31) 98460-3535 - Bazar;        (31)  99233-1557 - costura e consertos 



Nenhuma palavra chave encontrada.
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.