Leitura de notícia
O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 05-07-2019 - 07:31 -   Notícia original Link para notícia
Na Coreia do Sul, rede 5G avisa até quando é hora de trocar a fralda

País foi o primeiro a adotar tecnologia em larga escala. Jovens trocam karaokê por campeonatos de games de realidade virtual


Em vez de karaokê, jovens sul-coreanos disputam campeonatos de games em realidade virtual em points turbinados por conexão de internet 20 vezes mais rápida que a 4G nas ruas de Seul. BRUNO ROSA conta como é a vida na Coreia do Sul, país que saiu na frente no uso da quinta geração de celulares. Em Gangnam, bairro dos endinheirados de Seul, não se veem mais os karaokês típicos da Coreia do Sul. Os jovens se divertem em campeonatos de games em VR (sigla em inglês para realidade virtual) em points no meio da rua, turbinados por conexão em altíssima velocidade na internet. Só o que não mudou foi a trilha sonora: o mesmo K-Pop do pioneiro Psy, autor de "Gangnam Style", tocado às alturas.


BRUNO ROSAK-Pop. Estátua em homenagem ao hit "Gangnam Style", de Psy: tecnologia trouxe mudança de hábitos no país


O hit "Gangnam Style" apresentou ao mundo o KPop e, na Coreia, a música de Psy é considerada uma crítica à elite coreana, que adere rapidamente à tecnologia. Desde abril, quando o país se tornou o primeiro a adotar em larga escala a rede 5G de telefonia móvel, com velocidade de conexão vinte vezes maior que a 4G, a tecnologia nunca esteve tão presente nas ruas de Seul.


No metrô, jovens com celular e fones de ouvido sem fios


baixam em dois segundos filmes de duas horas de duração para assistir no trajeto até o trabalho. Afinal, conexão e memória dos celulares já não são mais um problema.


A rede 5G mudou o lazer e facilita tarefas mais prosaicas, como trocar a fralda do bebê. Além da conexão para a internet como conhecemos -para ver filmes, usar redes sociais ou, até conversar ao telefone -o 5G possibilita o uso de objetos conectados. Assim, um sensor na mochila tipo canguru usada para carregar o bebê avisa aos pais que a fralda está cheia.


Em casa, o ar-condicionado é ligado pelo celular. A polícia usa câmeras com visão de 360 graus conectadas à internet. Informações úteis como as condições do clima e trânsito são transmitidas em tempo real e divulgadas em placas de LED pela cidade.


Nas lojas de roupas ou cafeterias, o serviço é via tela inteligente, que recebe os pedidos dos clientes. As atrações turísticas locais, como a escultura em homenagem a "Gangnam Style" (com uma mão sobre a outra, no gesto típico da famosa dança de Psy), trazem painéis interativos com vídeos e informações transmitidas via conexão 5G.


Nos carros conectados, um modelo que deve chegar em breve ao mercado terá nove câmeras e oito telas, todas disponíveis para motoristas e passageiros, que conseguem monitorar tudo pelo celular.


A quinta geração da telefonia celular representará um salto para a indústria, pois permite conexão sem atrasos (ou latência, no jargão do setor). E está por trás da guerra tecnológica que opôs EUA e China nos últimos meses - a ameaça americana de banir a chinesa Huawei teve como pano de fundo a dianteira da empresa nas redes 5G.


A Coreia do Sul saiu na frente. As principais operadoras coreanas (KT, SK Telecom e LG UPlus) lançaram a rede 5G há três meses, usando rede da Samsung.


-Estamos expandindo as operações e conversando com várias operadoras ao redor do mundo. Na Coreia do Sul, onde já lançamos a rede 5G, os resultados vieram acima das expectativas em termos de venda e da aceitação entre os clientes. Depois da Coreia, está chegando a vez de EUA, Europa e Austrália -disse Junehee Lee, vice-presidente de Estratégia de Tecnologia da Samsung, que evitou comentar sobre a Huawei. - Nossa visão é focada no consumidor e não na concorrência.


Na Coreia do Sul, a rede 5G começou com 32 mil antenas já instaladas. O Brasil, com território muito maior (8,5 milhões de quilômetros quadrados, contra apenas 99 mil da Coreia do Sul) conta com cerca de 90 mil equipamentos de Norte a Sul, compara Fabio Moraes, diretor de Estratégia da GSMA (associação global das operadoras de redes móveis). No país asiático, o leilão de frequência do 5G ocorreu ano passado. Já no Brasil, a previsão é que o certame seja realizado no primeiro trimestre de 2020, com os primeiros smartphones sendo vendidos apenas no Natal.


-O 5G é entendido como disruptivo, vai trazer mais receita e desenvolvimento para quem detiver essa tecnologia. A Coreia tem como política de Estado a busca pela vanguarda das telecomunicações, com incentivo às empresas -diz Moraes.


A expectativa é que o 5G chegue a dez milhões de usuários no fim deste ano em todo o mundo, de acordo com projeção da Ericsson. Hoje, além da Coreia, EUA e Uruguai já contam com a venda de pacotes com a quinta geração, mas disponível apenas em banda larga residencial.


Segundo a 5G Americas, outros seis países estão prestes a iniciar a operação comercial. Estudo feito com 145 operadoras mundo afora pela A10 Networks, que desenvolve soluções de rede, revela o apetite global pela nova fase do setor: 67% das teles no mundo pretendem lançar a rede em 18 meses.


-As empresas coreanas foram as primeiras a lançarem redes e aparelhos celulares porque têm ambições industriais apoiadas por seu governo. O objetivo é que a indústria nacional tenha uma vantagem de pioneirismo e crie receitas de exportação - avalia Bengt Nordström, diretor-presidente da consultoria sueca Northstream AB.


Nordström ressalta que, por trás da corrida pelo 5G, está o fato de os Estados Unidos terem perdido espaço na indústria de equipamentos de telecomunicações.


* O repórter viajou a convite da Samsung


Nenhuma palavra chave encontrada.
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.