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O Globo Online (RJ) ( Especial ) - RJ - Brasil - 15-03-2019 - 10:58 -   Notícia original Link para notícia
Rótulos que pouco explicam

Embalagens, sobretudo de alimentos, podem confundir consumidor. Anvisa prepara mudanças nas regras de rotulagem para produtos processados, que devem ganhar alertas sobre teor de sódio, açúcar e gordura


"Dois verdes podem dar a ideia de que o produto é saudável, e as embalagens já destacam aspectos positivos, como 'baixo teor de sódio'"
_ Paula Johns, da ONG ACT Promoção da Saúde


Com muitas informações, mas nem sempre trazendo os dados mais importantes ou clareza suficiente para o consumidor entender, rótulos e embalagens são um desafio na hora de fazer compras, sobretudo de alimentos. Informações imprecisas podem provocar situações de risco, como aconteceu coma engenheira e escritora Juliana Lessa, de 41 anos, que tem diabetes.


ADRIANA LORETEEm risco. Diabética, Juliana Lessa precisa de dados exatos para calcular a insulina:"Já aconteceu de tomar dose errada porque a tabela nutricional do alimento estava confusa", afirma ela


-Para calculara do sede insulina a tomar, preciso saber com precisão a quantidade de açúcar e carboidratos num alimento -diz ela. -Já aconteceu de tomara dose errada porque a porção do produto na tabela nutricional estava confusa.


Para evitar problemas como o que ocorreu com Juliana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quer padronizar os avisos em rótulos de alimentos ultraprocessados, como biscoitos, refeições prontas, macarrão instantâneo e refrigerantes. O projeto está em em consulta pública desde maio do ano passado. Relatório preliminar traz sugestões com duas abordagens diferentes.


A primeira defende o uso de alertas, comum triângulo pretonum fundo branco, coma vi sossobre alto teor de gordura, açúcar ou sódio, segundo recomendação da Organização Pan americanada Saúde. O modelo, sugerido pelo Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) e pela Universidade Federal do Paraná, foi inspirado no padrão usado no Chile.


-Quer emosque a embalagemtraga deforma mais fácil e simples os riscos que aquele alimento pode representar - diz Ana Paula Bortoletto, nutricionista do Idec. - A abordagem da advertência dá uma compreensão clara. Quanto menos, mais saudável.


A outra sugestão é usar nos "O semáforo é universalmente compreendido, inclusive _ por crianças" João Dornellas, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia)


rótulos imagens com semáforos coloridos (verde, vermelho e amarelo), que indiquem, pelas cores, se há baixo, médio ou alto índice desses componentes. Este modelo é defendido pela Rede Rotulagem, que reúne 22 entidades empresariais. Além da indicação de cores, os rótulos apresentariam o percentual de cada componente presente no alimento em relação ao que é recomendado para consumo diário pela Organização Mundial da Saúde.


-O semáforo é um símbolo universalmente compreendido, inclusive por crianças e pessoas analfabetas - diz João Dornellas,p residente da Associação Brasileirada Indústria de Alimentos (Abia), que integra a Rede Rotulagem.


Já o Idec critica a inclusão de percentuais afirmando que essa


recomendação não considera grupos com necessidade alimentares diferentes, como crianças, idosos e atletas, assim como diabéticos e hipertensos. Além disso, o cálculo depende da porção recomendada. A proposta do instituto estabelece que as informações nutricionais sejam padronizadas para porções de 100 gramas ou mililitros, o que também desagrada à indústria.


SÍMBOLOS E ETIQUETAS


Outro ponto de conflito está nas cores. O Idec e a ONG ACT Promoção da Saúde avaliam que o modelo de semáforo perde destaque nas embalagens, em geral muito coloridas, e pode confundir o consumidor. A sinalização por cores seria para cada um dos componentes de risco.


-Dois verdes podem dar a


ideia de que o produto é saudável, mesmo com um vermelho. E a indústria já destaca nas embalagens aspectos que considera positivos, como "baixo teor de sódio" e "rico em fibras" - avalia Paula Johns, diretora-geral da ACT.


Dornelles discorda e diz que uma pesquisa encomendada ao Ibope mostrou preferência pelo modelo de semáforo. Segundo ele, o aviso colorido seria exibido dentro de um retângulo branco, destacandose do rótulo. A Anvisa informou que não comentaria o assunto porque a consulta pública está em andamento.


Se a apresentação dos componentes nos alimentos processados é o tema mais sensível, outras informações em rótulos e embalagens criam dúvidas nos consumidores. O prazo de validade dos perecíveis,


por exemplo, se refere às embalagens fechadas e às vezes, o consumidor não repara nas observações: "depois de aberto, consumir em até...".


Nos cosméticos, muitos não sabem que um pequeno símbolo com um número dentro indica em quanto tempo usar o produto após aberto, que pode variar de 3 a 12 meses. As etiquetas de roupas, com imagens que informam sobre como lavar e passar, nem sempre têm símbolos conhecidos da maioria dos consumidores.


A compra de remédios também exige atenção. Embalagens com a letra "G" indicam que o medicamento é genérico e evitam que o consumidor o confunda com os similares (remédios de outra marca que não a de referência, ou seja, a primeira criada para aquele tratamento).


Palavras Chave Encontradas: Criança
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