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DCI - Online ( Economia ) - SP - Brasil - 13-06-2019 - 05:00 -   Notícia original Link para notícia
Varejo perde fôlego de recuperação e lojista compõe estoque com cautela

Setor quebrou a trajetória positiva no primeiro trimestre de 2019 após queda de 0,6% no volume de vendas em abril; comerciantes se planejam para evitar excedente de mercadoria no inverno
Após ligeira recuperação no primeiro trimestre de 2019, o varejo brasileiro perdeu o ritmo de crescimento e registrou queda de 0,6% no volume de vendas em abril ante o mês anterior. A falta de confiança e a cautela por parte dos lojistas deve ditar evolução do setor para os próximos meses.

Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as maiores quedas ocorreram nos setores equipamentos de informática (-8,0%), tecidos e vestuário (-5,5%) e varejo alimentar (-1,9%), no mesmo período de comparação.

"Esse resultado ocorre após dois meses de estabilidade e já está livre de efeitos sazonais. O que podemos observar é que o segmento de hipermercados vem acumulando pelo terceiro mês consecutivo uma perda de 3,4%, seguido por vestuário e calçados, que também registra queda de 8,4% nessa comparação", argumentou a gerente de pesquisa mensal do IBGE, Isabella Nunes.

Para a assessora econômica da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) Julia Ximenes, a redução no poder de compra das famílias brasileiras e a redução das expectativas fazem com que os lojistas adotem uma postura mais cautelosa em relação a composição de estoque nos próximos meses.

"O que verificamos é que em São Paulo os comerciantes estão com os estoques adequados para o período, tendo em vista uma contenção no otimismo com as vendas no período de inverno. Existe uma estratégia para evitar ao máximo o excedente de mercadoria e, com isso, os pedidos estão sendo bem planejados", complementou Julia. Segundo um levantamento realizado pela FecomercioSP, 60% dos varejistas declaram que os estoques eram adequados em maio.

Além disso, a especialista ressaltou que o segmento de vestuário e calçados deve sentir de forma mais significativa a diminuição do poder de compra por parte das famílias, por se tratar de uma categoria de bens "supérfluos".

Na mesma linha de raciocínio, o presidente da Associação Brasileira de Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, disse que pelo fato das temperaturas do inverno estarem "irregulares", os varejistas têm optado por uma composição de estoque menos voltada para peças com giro de venda mais rápido. "O inverno é uma estação relativamente curta no Brasil e de grande risco para o comércio, que está andando de lado em termos de crescimento."

Pimentel acrescentou que a evolução nas vendas no período de inverno deve ser de 1,9%. "Os lojistas estão encomendando mais peças de 'meia estação', que não travem o estoque com a atual variação de temperatura."

Revisão das vendas

Diante dos resultados de abril, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) voltou a revisar para baixo sua expectativa para a variação das vendas em 2019. A entidade projetou crescimento real de 4,5% em relação ao ano passado. De acordo com o estudo anterior, a previsão apontava expansão de 4,9%, já descontada a inflação.

O economista chefe da entidade de comércio e serviços, Fábio Bentes, argumentou que "a reação lenta do mercado de trabalho tem impedido a aceleração das vendas, na medida em que a maior parte das vagas têm sido criadas no mercado informal, cuja renda média é notadamente inferior à do mercado formal".


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