Leitura de notícia
O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 27-05-2019 - 07:30 -   Notícia original Link para notícia
Consórcios registram aumento na procura, mas é preciso atenção

Mecanismo tem vantagens em relação a financiamentos, mas analistas ressaltam que é melhor poupar para comprar à vista



O segmento de consórcios registrou aumento de 24,6% nos negócios no primeiro trimestre em comparação ao mesmo período do ano passado. O desempenho do setor foi impulsionado pela alta de 13,3% nas vendas de novas contas. Foram 653,5 mil adesões. Com isso, o total acumulado de janeiro a março atingiu R$ 27,6 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac). Sinal de que a modalidade está sendo vista como opção para quem quer adquirir bens, mas busca mensalidades que cabem no bolso. O custo, inferior ao de um financiamento, é outro diferencial. Especialistas, no entanto, ressaltam que, sempre que possível, a melhor opção é economizar para comprar um bem à vista.



O economista da Universidade Celso Lisboa André Brown explica que a ideia do consórcio é que todas as pessoas contribuam para a aquisição dos bens, o que permite a redução nas despesas financeiras.



- O custo com juros é zero. O que há é a taxa de manutenção. Em contrapartida, em um crédito direto ao consumidor, você toma posse do bem de imediato. Diferentemente de um consórcio, que depende de um sorteio, do número de cotistas, o que impacta diretamente no número de sorteados. Mas, em geral, o consórcio é mais barato que um financiamento, por exemplo - afirma Brown.



De acordo com o presidente da Abac, Paulo Roberto Rossi, os consumidores hoje têm maior conhecimento e estão mais confiantes nos consórcios. Desde 2015 a venda de novas cotas em um primeiro trimestre não era tão expressiva.



- Basicamente, nesse sistema é possível comprar qualquer bem de consumo durável, como imóvel, veículo, jet ski e avião. Além de serviços: viagens, consultorias, intercâmbio, cirurgia plástica ou até partos -diz Rossi.



POUPANÇA DIFÍCIL



Para adquirir um consórcio, o interessado deve procurar uma administradora, que pode ser um banco ou uma montadora por exemplo, e ver as opções disponíveis. As regras variam, mas, em geral, é necessário ter mais de 18 anos, renda de três a quatro vezes superior ao valor da parcela. O pagamento pode ser por débito em conta ou boleto. Deve-se escolher a modalidade e a duração do contrato. Existem opções com mensalidades a partir de R$ 100 e com duração de até 240 meses, no caso de imóveis.



Rossi explica que o consumidor pode ser contemplado por sorteio ou antecipar o recebimento do bem por meio de lances. Não importa se o sorteio ocorrer logo no início: é preciso continuar pagando as parcelas até o fim do prazo de duração do consórcio. Em caso de desistência, o consorciado terá de esperar ser sorteado entre os demais na mesma situação para receber o dinheiro de volta. Em alguns casos, há risco de receber os recursos pagos somente no fim do contrato.



- A pessoa pode receber o item antes se efetuar lances. Ou seja, se ele prometer que vai adiantar algumas parcelas futuras. Mas, se muitas pessoas derem o lance juntas, ganha quem prometer o maior valor em percentual. Isto é, se eu fiz um consórcio de um carro no valor de R$ 40 mil, e outra pessoa fez no valor de R$ 50 mil, se ambas dermos lance de R$ 10 mil, eu levo porque é uma fatia maior do valor que devo pagar no total -diz Rossi.



Após a contemplação, não é necessário usar a carta de crédito imediatamente. O valor fica guardado no fundo do consórcio, que tem, em geral, um rendimento entre 60% a 100% do CDI (referência para investimentos).



O consultor financeiro Edward Claudio Júnior acredita que esse modelo é adequado para as pessoas que não têm hábito de poupar, porque elas passam a ter a obrigação de pagar o valor da parcela a fim de, no futuro, serem sorteadas.



- Nós, brasileiros, não somos educados financeiramente. Então, é muito difícil para várias pessoas juntar dinheiro, seja na poupança ou em outro tipo de aplicação. As pessoas acabam gastando a reserva com desejos imediatos e nunca conseguem guardar para algo maior. Nesses casos, é melhor optar pelo consórcio mesmo - avalia Claudio Júnior.



'A MELHOR OPÇÃO É APLICAR'



O professor de Economia e Finanças do Ibmec-RJ, Tiago Sayão, concorda. Ele ressalta ainda o fato de haver vantagens tributárias, porque o indivíduo não adquire um bem, e sim a possibilidade de ter um bem:



- O consórcio ajuda a pessoa a ter disciplina, e ainda existe a possibilidade de ser contemplado antes do fim do prazo, o que ajuda a ter acesso ao item antes da data final.



Ainda segundo Sayão, embora a taxa de administração de alguns consórcios chegue a 10% sobre o valor total contratado, a tarifa ainda é mais vantajosa que a da maioria dos financiamentos. Entretanto, se a pessoa tem controle financeiro e consegue guardar dinheiro, é preferível aplicar em outros investimentos para, depois, fazer a compra à vista.





- A melhor opção é aplicar o dinheiro. Ainda mais com as várias modalidades de investimento que existem, com vários produtos que atendem a quem quer investir a longo ou a curto prazo. Tesouro Direto, CDB ou debêntures são opções mais favoráveis, porque você tem o juro a seu favor. Além disso, quando você tem o valor total em mãos, a chance de conseguir um desconto na compra é bem maior -explica o professor.


Nenhuma palavra chave encontrada.
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.