Governador diz que é preciso reforma, mas que não vai colocar "faca" na ALMG
Léo Simonini

Paulo Brant (Novo), governador em exercício do Estado, já que Romeu Zema segue em viagem pelos Estados Unidos, aposta em duas linhas para tentar tirar Minas Gerais do buraco fiscal em que se encontra: estreitar diálogos com o setor privado, sem se tornar refém, e seguir caminho semelhante no campo político, buscando apoios no Senado, na Câmara Federal e na Assembleia Legistlativa de Minas Gerais (ALMG).

"A gente demonizou no país dois tipos de relacionamentos que o governo precisa intensificar: com o setor político, pois governar é fazer política o tempo todo, e o relacionamento com os empresários, sem que isso descambe para uma situação de prostituição e corrupção", disse durante almoço realizado nesta quinta-feira (11) na sede da Câmara de Dirigentes LojistasCâmara de Dirigentes Lojistas - CDLCDL - de Belo Horizonte.

No campo político, Brant diz que o relacionamento com a ALMG é bom, mas que pode melhorar, e exatamente por isso não pretende colocar "uma faca" sobre a Casa para pressionar sobre uma eventual recuperação fiscal proposta pelo Governo Federal. Nela, seria preciso privatizar estatais, como Cemig e Copasa, para aliviar as dívidas estaduais com a União, que hoje giram em torno de R$ 90 bilhões.

"O relacionamento com a ALMG precisa ser melhorado, mas está bom. (Sobre o programa de regularização fiscal) Está sendo tratado de forma equivocada. O governo não vai colocar sobre a Assembleia uma faca dizendo 'ou faz isso ou estamos liquidados'. Existe uma lei complementar que regulamenta o programa que foi feito no Rio de Janeiro, não sei se está sendo cumprido, mas na época ajudou o Estado. E, se for feito aqui vai ajudar muito, não vai resolver tudo, mas é importante porque cria alguns alívios no pagamento do financiamento do débito que o governo estadual tem. Minas tem bons ativos que podem ser ou privatizados ou colocados como garantias para novos financiamentos", argumentou.

Brant também aposta na melhoria de comunicação com os demais meios políticos, e vê Romeu Zema capacitado para tal.

"É possível e crucial que o governo aumente sua capacidade de interlocução com o setor empresarial e político. Se não acreditar nisso, não temos saída. Somos otimistas porque acho que o governo tem capital político razoável, tem que exercer uma liderança nesses setores porque aí vamos encontrar saídas para relançar Minas Gerais", continuou.

Com relação ao empresariado, o governador em exercício apontou a simplicidade como caminho e descartou que a crise no setor de mineração tenha chegado para ficar.

"Na área ambiental, por exemplo, temos feito avanços, simplificando processos de licenciamento. Além disso, o governo tem que ser confiável, que as pessoas possam acreditar, isso ajuda o ambiente empresarial. (Sobre as mineradoras) Estamos negociando e discutindo. Nessa questão da segurança das barragens, criou-se uma histeria coletiva natural em função do acidente, mas acreditamos que as minerações terão de passar por algumas reformulações, modernizações. Mas a mineração ainda será um setor muito importante na economia de Minas", completou.

"Impopulares"

Com protestos previstos para a próxima semana por servidores demitidos da Minas Gerais Administração e Serviços (MGS) e com outros realizados na manhã desta quinta, na Cidade Administrativa, por professores, Paulo Brant foi questionado sobre a situação.

"São medidas desagradáveis, impopulares (redução do ensino integral e demissões na MGS), mas que a gente tem que tomar porque o total da despesa do governo é maior que a receita, e o governo não tem, a curtíssimo prazo, alternativa para aumentar a receita. Então, não tem como, a médio prazo sim, estamos construindo alternativas para aumentar a receita, mas no curto prazo nós temos que escolher que despesa vamos cortar", resumiu o governador em exercício.

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