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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 09-04-2019 - 09:09 -   Notícia original Link para notícia
Sintonia fina

Guedes e Maia dizem que vão trabalhar pela aprovação, mas deixam articulação para Planalto


"Eu não tenho a pretensão de ser coordenador político. Vocês viram meu desempenho. Não tenho bom temperamento para fazer essa função" _ Paulo Guedes, ministro da Economia
"Só não vou ficar no meio dessa briga levando pancada da base do presidente. Não vou ser mulher de malandro, de ficar apanhando e achando bom" _ Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara
"É um choque de acomodação. Presidente chegou. Digo: 'presidente, você já entrou no castelo, já abriram a porta, você já está aqui dentro'. Mas tem que manter mobilizado" _ Paulo Guedes, ministro da Economia


O ministro da Economia, Paulo Guedes, eop residente da Câmara, Rodrigo Maia, prometeram trabalhar pela reforma, mas recusaram o papel de articuladores políticos durante oE Agora, Brasil ?, evento dos jornais O GLOBO e Valor. "Não serei mulher de malandro", disse Maia, alvo de ataques quando tentou liderar as negociações. Oministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), garantiram ontem que vão trabalhar pela aprovação da reforma da Previdência. Embora tenham destacado que não vão assumir a liderança da articulação política junto aos parlamentares, que caberá ao Palácio do Planalto, ambos ressaltaram a importância de mudar o sistema de aposentadorias no país. Guedes e Maia, que estavam alinhados até no guardaroupa - usavam ternos escuros e gravatas no mesmo tom de verde - participaram do evento E agora, Brasil?, promovido pelos jornais O GLOBO e Valor Econômico, e patrocinado pela CNC, em Brasília. O debate foi mediado pelos colunistas do GLOBO Míriam Leitão e Merval Pereira.


Segundo o ministro da Economia, a reforma busca


reduzir desigualdades:


-Nenhum brasileiro vai ser deixado para trás. Mas não há recursos mais para todo mundo. A nossa reforma vaiem cima de quem ganham ais. No final, o gari ou o deputado vão terminar do mesmo jeito. Maia reforçou: -Sem reforma, vamos para um caminho tenebroso.


APOIO DO PLANALTO


Guedes negou que tenha pretensão de ser o articulador político da reforma. O ministro citou a sessão tensa na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, na semana passada, que terminou após bate-boca entre ele e deputados da oposição:


- Não tenho a pretensão de ser coordenador político. Vocês viram lá meu desempenho. Não tenho bom temperamento para fazer essa função. A coordenação da reforma está em excelentes mãos, com o Rogério Marinho (secretário de Previdência), o Bruno Bianco (secretário-adjunto de Marinho). Eu sou animal de combate em economia, não sou para


fazer essa coordenação.


O ministro admitiu que o tema não é fácil para o presidente Jair Bolsonaro, mas que a equipe econômica tem recebido apoio do Planalto no tema:


- Acha que o presidente Bolsonaro era a favor de uma reforma da Previdência? Eu pergunto coma maior sinceridade. É natural, ele era representante político deu mg rupo,


parte da população brasileira. Ele tem me apoiado, da forma dele. Não é fácil para ele, deve ser muito difícil. Eu o vi pedindo desculpa, dizendo "errei no passado, votei de uma forma". Ele dizia (na campanha): "Paulo, eu recebi um mandato como deputado para defender esse pessoal e vou defender".


O ministro da Economia comentou ainda o processo de


adaptação política do governo:


- É um choque de acomodação. Presidente chegou. Digo: "presidente, você já entrou no castelo, já abriram a porta, você já está aqui dentro". Mas tem que manter mobilizado.


Perguntado se a reforma seria aprovada se colocada em votação hoje, Maia ressaltou que não seria o articulador:


-Não tenho mais as condições de ser articulador da Previdência. Se o governo quiser votar em junho, a pauta está dada. Se o governo vai ganhar, pergunta ao ministro Onyx (Lorenzoni, da Casa Civil). Eu perdi as condições de cumprir um papel porque fui mal compreendido. Parecia que eu estava querendo me beneficiar de uma articulação política.


Maia demonstrou que colocará propostas prioritárias, como a reforma da Previdência, em votação assim que tiver a sinalização de que a base já está organizada para que o texto seja aprovado.


-Vamos reconstruir reuniões semanais com o Ministério da Economia para discutirmos projetos que tramitam na Câmara - disse Maia, acrescentando:


- Só não vou ficar no meio dessa briga levando pancada da base do presidente. Não vou ser mulher de malandro, de ficar apanhando e achando bom.


Em mais de duas horas de evento, Guedes defendeu a reforma como fundamental para pôr um fim ao crescimento desenfreado das despesas públicas. Disse que são necessárias paredes para sustentar o teto de gastos, regra que limita as despesas da União. O ministro negou que estaria satisfeito com uma economia R$ 800 bilhões com a proposta, e insistiu num fôlego de R$ 1 trilhão em dez anos para lançar o sistema de capitalização. Por esse modelo, cada cidadão contribui para sua própria aposentadoria.


- É importante mostrar uma reforma que conserta o passado e abre a porta para uma Previdência diferente -disse o ministro.



O relator da reforma na CCJ, deputado Delegado Marcelo Freitas (PSL-MG), deve apresentar hoje seu parecer pela admissibilidade da proposta. (Colaborou Geralda Doca)



Vamos fazer dinheiro sair do chão de qualquer forma', afirma ministro


Oministro da Economia, Paulo Guedes, disse ontem que vai fazer dinheiro "sair do chão" para organizar as contas públicas em 2019. Ele citou como exemplos a devolução de R$ 126 bilhões do BNDES e de R$ 80 bilhões da Caixa e do Banco do Brasil ao Tesouro. Ainda segundo o ministro, que participou do evento E agora, Brasil?, promovido pelos jornais O GLOBO e Valor Econômico, o governo também pretende arrecadar R$ 80 bilhões com privatizações este ano.


- Vamos fazer as contas. Agora, o pau vai comer, vamos fazer dinheiro sair do chão de qualquer forma. Nós vamos fazer o ajuste. Estamos aqui para mudar essas contas mesmo -disse o ministro.


Guedes fez uma longa crítica ao excesso de gastos públicos. Segundo ele, o crescimento desenfreado das despesas do governo parou a economia. O ministro destacou que o descontrole fiscal foi responsável por "terríveis disfunções financeiras", como carga tributária elevada e juros altos.


- O Brasil tem 700 mil imóveis em mais de R$ 1 trilhão de valor imobiliário. O descaso com os ativos da União é brutal. Ofende quem está acostumado coma iniciativa privada. Vamos vender ativos, a mensagem é clara. Vende esses imóveis e a participação nas empresas estatais, e reduz a dívida -explicou.


Outra medida defendida por Guedes foi freara realização de concursos públicos:


-Trava esse troço, metade desaparece, evapora, por aposentadoria, e agente não repõem ou repõe com critério.


r do chão de qualquer forma', afirma ministro



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