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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 30-03-2019 - 07:33 -   Notícia original Link para notícia
No mercado da beleza, uma disputa cada vez mais acirrada

Para analistas, conversas entre Natura e Avon refletem avanço de novos modelos de negócio e de produtos para a classe C



Conquistar espaço na prateleira de pincéis e batons está exigindo cada vez mais das empresas no disputado mercado de cosméticos no Brasil. Nos últimos anos, receitas tradicionais de sucesso do setor, como o exército de vendedoras porta a porta, começaram a perder espaço para novos modelos de negócios, com o avanço das vendas pela internet. E as gigantes deste mercado viram concorrentes voltadas para as classes C e D ganharem terreno com promessas que incluem até mesmo um "efeito Cinderela". Segundo analistas, estes são alguns dos ingredientes por trás das conversas para compra da Avon pela Natura.




GUSTAVO AZEREDOEstratégia. Para especialistas, uma eventual compra da Avon pela Natura fortaleceria a internacionalização da empresa e reduziria a pulverização do mercado



- A participação das vendas diretas em relação ao mercado total de cosméticos no Brasil caiu de cerca de 25% no início dos anos 2000 para 17% em 2017 - diz Marcelo Pinheiro, sócio-fundador da DirectBiz, uma das principais consultorias brasileiras focadas no varejo, em especial no de vendas diretas. Enquanto isso, a receita das fabricantes de produtos de higiene e beleza no país quase triplicou desde 2006, chegando aR $47 bilhões em 2017, diz a Abihpec, associação do setor. Boa parte dessas vendas hoje é realizada via internet ou em lojas próprias ou franqueadas das grandes marcas. Além da redução do canal mais tradicional de venda, a Natura perdeu terreno para novos entrantes, como a paulista Hinode, que saltou de receitas de R$ 170 milhões em 2014 para perto de R$ 3 bilhões em 2018 com uma expansão agressiva nas classe sC e D.



A americana Jeunesse, que chegou ao Brasil em 2015 com a compra da empresa de cosméticos Monavie, também tem criado problemas para a líder de mercado. De acordo com fontes do mercado, ela já fatura R$ 200 milhões ao ano no país com um tônico facial antirrugas quepr omete substituir o Botox e eternizar o chamado"efeito Cinderela ".



ESTRATÉGIA DE BLINDAGEM



Embora siga líder de mercado no Brasil, a participação da Natura caiu de 12,4% em 2013 para 11,7% em 2017, segundo a consultoria Euromonitor. A Avon perdeu 1 ponto percentual e foi ultrapassada por Colgate-Palmolive e L'Oréal.



Na avaliação de Marcelo Cherto, fundador da Cherto, consultoria paulistana especializada em canais de vendas, uma possível negociação com a Avon faz sentido para a Natura blindar-se contra novas perdas. -Esse mercado está pulverizado, mas deve ver consolidação entre grandes empresas para atender a novos padrões de consumo. Com a Avon, a Natura passa a ter marca forte entre as classes populares -diz Cherto. Para ele, uma compra da Avon complementaria a internacionalização da Natura, até agora focada em marcas voltadas para consumidores de maior poder aquisitivo, como a australiana Aesop, adquirida em 2016, e a inglesa Body Shop, comprada no ano seguinte.



FIDELIDADE DO REVENDEDOR



Para além das aquisições, especialistas apostam que as marcas vão investir em novas maneiras de fidelizar consumidores e revendedoras, como a criação de contas bancárias para financiar as revendedoras. -Diante da concorrência e das mudanças nos canais de vendas, fidelizar o consumidor e manter a relevância das marcas estão na ordem do dia- diz Adir Ribeiro, da consultoria Praxis.



Em meio à movimentação das concorrentes, a L'Oréal anunciou a saída do país da NYX PMU, marca de beleza que trouxe ao Brasil em 2017. O foco da empresa agora será a Maybelline NY. Avon, Natura e Hinode não comentaram. O GLOBO não conseguiu entrar em contato com a Jeunesse.


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