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O Globo Online (RJ) ( País ) - RJ - Brasil - 28-03-2019 - 08:26 -   Notícia original Link para notícia
Troca de insultos entre Bolsonaro e Maia alimenta crise política

Em audiência no Senado, Guedes afirma que pode sair, mas não na primeira derrota



Vocês acham que vou brigar para ficar aqui? Não tenho apego ao cargo como não tenho a irresponsabilidade de sair na primeira derrota Paulo Guedes, ministro da Economia



A troca de insultos entre o presidente Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, acirrou a crise entre os Poderes, que dificulta a tramitação da reforma da Previdência e de outros projetos do governo, como o pacote anticrime do ministro Moro. Em entrevista, Bolsonaro disse que Maia estaria "abalado com questões pessoais". Maia reagiu afirmando que Bolsonaro estava "brincando de presidir o Brasil", e o presidente respondeu: "Não é palavra de quem comanda uma Casa". Ontem, a desarticulação política abriu flanco para que seis ministros fossem expostos às críticas de líderes partidários, na Câmara e no Senado, onde Paulo Guedes, da Economia, enfrentou cinco horas de questionamentos. Ele afirmou que pode sair se sua agenda não passar, mas não na primeira derrota. Os deputados ameaçam mudara medida provisória da reforma que instituiu 22 ministérios. O líder do PS L no Senado, Major Olímpio, lamentou :"Estamos numa guerra sem logística e sem munição". Em meio às dificuldades de articulação política do governo federal eà tramitação da reforma da Previdência na Câmara, o presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEMRJ) continuaram ontem a trocar acusações. Em entrevista à TV Band, Bolsonaro disse que o deputado está "um pouco abalado com questões pessoais". Maia rebateu dizendo que o presidente está "brincando de governar". A declaração gerou uma tréplica de Bolsonaro, que participou de um evento beneficente em São Paulo.





ALAN SANTOS/18-03-2019



-Não existe brincadeira de minha parte. Muito pelo contrário. Quero não acreditar que ele( Maia) tenha falado isso-afirmou o presidente.



Bolsonaro disse ainda que as palavras usadas por Maia não eram condizentes como cargo de presidente da Câmara.



- Se foi isso que ele disse mesmo, eu lamento. Não é palavra de uma pessoa que conduz uma Casa (legislativa).



A relação entre os dois piorou no último final de semana, quando Maia cobrou publicamente um maior empenho do governo pela Reforma da Previdência. Na ocasião, Bolsonaro subiu o tom e, em viagem ao Chile, afirmou que já fez sua parte e que "não vai entrar no campo de batalha do Congresso".



Enquanto isso, tentando melhorar a relação com o Congresso, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, se reuniu individualmente ontem com senadores de seis partidos no Senado. O líder do governo na Casa, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), também participou dos encontros. Nas reuniões, Onyx reconheceu erros na articulação e prometeu uma melhora no diálogo com os parlamentares, inclusive com uma participação maior de Bolsonaro.



- Estamos na fase do apaziguamento. É a mesma coisa (de) quem tem febre alta e toma um antitérmico. Não vai resolver na hora a febre, tem um tempinho para que ela ceda e a pessoa saia daquela situação. Estamos exatamente nesse momento, da pacificação. Ainda pode ter um escorregãozinho, uma escorregadinha lá.



Em outra frente, o vicepresidente Hamilton Mourão sinalizou ontem que está disposto a participar das conversas com parlamentares, se houver determinação do presidente.



As rusgas foram lembradas durante a entrevista do presidente à TV Band.



- Não tenho problema com Rodrigo Maia. Nada, zero problema com ele. Ele está um pouco abalado com questões pessoais que vem acontecendo na vida dele.



Questionado se estava se referindo à prisão preventiva do ex-ministro Moreira Franco, casado com a sogra de Maia, Bolsonaro respondeu:



-Não quero entrar em detalhes, coisas pessoais, que logicamente isso passa por esse estado emocional dele no momento.



Na última quinta-feira, quando Moreira foi preso preventivamente junto com o expresidente Michel Temer, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), um dos filhos do presidente, perguntou em uma rede social: "Por que o presidente da Câmara anda tão nervoso?". A postagem irritou Maia, que é próximo do ministro Paulo Guedes (Economia) e o principal articular da votação da Reforma da Previdência na Câmara.



Ontem, ao ser perguntado, em Brasília, sobre a declaração de Bolsonaro à TV Band, o presidente da Câmara reagiu:



- Abalados estão os brasileiros que estão esperando desde 1º de janeiro que o governo comece a funcionar. São 12 milhões de desempregados, 15 milhões de brasileiros vivendo abaixo da linha de pobreza, capacidade de investimento do Estado brasileiro diminuindo, 60 mil homicídios... E o presidente brincando de presidir o Brasil.



QUESTÃO DE SAÚDE



À TV Band, Bolsonaro atribuiu os problemas na articulação política do governo a seu estado de saúde, que o impediria de despachar até tarde, e à falta de indicações dos partidos políticos para seu Ministério. Ele disse ainda não ter condições de atender todos os parlamentares:



-Quando você olha para o Parlamento, você não vê apenas o presidente da Câmara ou o do Senado, você vê 594 congressistas. E grande parte deles quer falar comigo. Para conversar os mais variados assuntos. Eu não tenho como atender a todo mundo.



Bolsonaro disse que está fazendo o melhor que pode na articulação política, embora tenha ficado "20 e poucos dias fora de combate", enquanto se recuperava da cirurgia para reconstrução do aparelho digestivo após o atentado a faca que sofreu em setembro do ano passado.



-É lógico que (a recuperação) atrapalha. Além de não poder ir mais tarde no expediente e tenho que encerrar 18, 19 horas. Então isso atrapalha um pouco -afirmou.



Ele reclamou, ainda, que alguns deputados querem encontrá-lo para pedir indicações de cargos:



-Mas não me venham pedir (indicação na) Ceagesp (central de distribuição de alimentos em São Paulo), como alguns pouquíssimos pedem. Daí não dá certo.





Segundo o presidente, a distribuição de ministérios "sem indicação de partidos políticos" dificulta o relacionamento com o Congresso. (*Estagiário, sob supervisão de Tiago Dantas. Colaboraram Amanda Almeida e Daniel Gullino)


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