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Isto é - SP ( Brasil ) - SP - Brasil - 22-03-2019 - 16:01 -   Notícia original Link para notícia
A euforia volta ao mercado



Expectativa sobre a reforma da Previdência leva Bovespa a recorde de 100 mil pontos. O pacote da aposentadoria é apenas o primeiro passo para o País começar a decolar. Ainda falta estimular a atividade industrial



NOVOS VENTOS Aumento do índice Bovespa funciona como um sinal de que o mercado financeiro recuperou o otimismo (Crédito: BRUNO ROCHA)



Fernando Lavieri e Luisa Purchio



22/03/19 - 09h30 AddThis Sharing ButtonsShare to FacebookShare to WhatsAppShare to TwitterShare to LinkedInShare to E-mail



Na semana passada, uma grande excitação tomou conta do mercado financeiro. Os investidores viram um pico, ainda que simbólico, inédito na Bolsa de Valores de São Paulo. Na segunda-feira 18, no período da tarde, o Ibovespa ultrapassou os 100 mil pontos e fechou o dia em 99.993 pontos. Apesar de oscilar também por decisões pontuais de grandes empresas, o índice funciona também como um termômetro da economia brasileira. Isso significa que a movimentação da semana passada é um bom sinal de que as contas do País, após anos de desaceleração, começam enfim a se movimentar. A grande responsável pelo início da decolagem é a reforma da Previdência, prometida pela equipe econômica do governo.



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O otimismo do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a tramitação da proposta da reforma no Congresso Nacional e a perspectiva de sua aprovação no primeiro semestre foram fundamentais para a segurança dos investidores. É um fato que o governo de Bolsonaro começou metendo os pés pelas mãos nas mais diversas áreas, mas se tem um setor que foi poupado, é o econômico, considerado prioritário pelo presidente. "A única área que está funcionando é a economia. Isso é um consenso", diz Paulo Roberto Feldman, professor de economia da USP. O mercado está confiante e, se a reforma passar, os analistas acreditam que o Ibovespa pode bater 125 mil pontos até o final do ano, principalmente se os investidores estrangeiros voltarem a comprar ações do mercado brasileiro.



Alta das commodities



Apesar da movimentação brusca na segunda-feira, impulsionada também pela alta das commodities, como da Vale e da Petrobras, não é de agora que os investidores voltaram a olhar para as ações das empresas brasileiras. O processo de recuperação da confiança na economia caminha junto com o estancamento da crise política que havia se instalado no País. "Os motivos para a retomada do crescimento são diversos, mas começou em 2016, com o processo de impeachment de Dilma Rousseff", diz Einar Rivero, gerente de Relacionamento Institucional da Economática.



Roberta de Paula



A empresa realizou um estudo que mostra que, quando corrigido pelo IPCA, o recente recorde de 100 mil pontos na verdade cai. Nessa lógica, a maior pontuação da bolsa não ocorreu na semana passada, mas em maio de 2008, quando atingiu 135.497 pontos. Quando convertido para o dólar, o recorde recente também é bem menor, de 25.855 pontos, quase metade do que ocorreu em 2008, de 44.616 pontos em dólar. Essa correção, no entanto, não elimina a importância do pico que ocorreu na segunda-feira. "Foi o rompimento de uma barreira psicológica. Para continuarmos nesse ritmo, a reforma da Previdência precisa ir adiante, só assim estancará o rombo nas contas públicas e possibilitará o crescimento sustentável do País", diz Rivero. Na quarta-feira 20, o governo entregou a proposta de reforma da aposentadoria dos militares. O projeto agradou os investidores, não pelas propostas em si, mas por fazer com que as mudanças na Previdência avancem.



"Além da reforma da Previdência, o governo dever tomar medidas que favoreçam a indústria nacional, como melhorar o ambiente de negócios"  Paulo Roberto Feldmann, professor  de economia da USP



A expectativa de que a taxa Selic possa cair ainda mais ao longo do ano também é um dos fatores considerados responsáveis pelo aquecimento do mercado de ações. Afinal, quanto menor a taxa básica de juros do País, menor é o custo das empresas e também o retorno da renda fixa, o que estimula investimentos em bolsa. Outro ponto que pode ter contribuído é o cenário favorável no exterior, como a esperança de que a guerra comercial entre China e Estados Unidos esteja perto do fim. Espera-se também que os países desenvolvidos mantenham seus juros baixos por mais tempo que o esperado. Apesar dos bons efeitos da reforma da Previdência, sabe-se que ela, sozinha, não sustentará a recuperação do País. "O governo também dever tomar medidas que favoreçam a indústria nacional, como melhorar o ambiente de negócios e investir fortemente em infraestrutura", diz Feldmann. A reforma da Previdência é só um passo e, certamente, não fará milagres econômicos. Mas já é um bom começo.


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