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BH Eventos ( Últimas Notícias ) - MG - Brasil - 04-05-2017 - 16:39 -   Notícia original Link para notícia
Afrodites, terceira exposição individual de Rafael Ludicanti, traz cerca de 50 obras dos deuses Afrodite e Dionísio, além de personalidades retratadas recentemente pelo artista

No dia 11 de maio, o artista Rafael Ludicanti inaugura, no Atelier Amarelo, no tradicional bairro Santa Tereza, em BH, a exposição Afrodites, sua primeira mostra individual totalmente independente. Ao todo serão expostas cerca de 50 obras em técnica de pastel seco que retratam os deuses Afrodite e Dionísio, além de diversas personalidades e alteridades produzidas nos últimos meses. Os trabalhos de Rafael são permeados de beleza, sensualidade e elegância. A série "Afrodites" ficará aberta à visitação até 11 de junho. Essa é a terceira exposição individual de Rafael Ludicanti, que já realizou mostras de pinturas e desenhos na galeria do Banco do Brasil, em 2014, e no - , em 2015.

Extremamente romântico, amoroso, galanteador e racional, além de apaixonado pela cultura mediterrânea, berço da arte mais suave e alto astral que existe, na opinião do artista, Rafael não poderia ter escolhido, entre todos os deuses, essa divindade responsável pela perpetuação da vida, do prazer e da alegria para dar título à exposição. Além da paixão pela imagem do belo, que é o que Rafael sempre buscou na arte, a série Afrodites demonstra a fragilidade humana e a afeição que sustenta a vida social.

"De fato sou apaixonado pela cultura e arte gregas. Por alguma razão minha própria paixão pela filosofia me levou a ler os originais gregos em grande quantidade e tenho um conhecimento profundo sobre esses temas, que estão muito enraizados em mim. Para os gregos, o amor tinha que ser digno, e Afrodite garantia a nobreza dos sentimentos. No entanto, com a evolução do mito, a deusa passou a simbolizar não apenas o amor puro, mas o amor passional, a paixão desenfreada e perniciosa, a loucura das emoções. Dessa forma, algumas pinturas trazem Afrodites com olhares lascivos, intempestivos e impiedosos. É somente por meio de Afrodite que os outros deuses se manifestam e deixam de serem simples abstrações teológicas. Se o mundo é tão belo, por que não aguçarmos nossa percepção? Perceber é o modo de conhecer o mundo e Afrodite nos revela a nudez das coisas, a fim de nos mostrar a sua imaginação sedutora", diz Ludicanti.

Os visitantes poderão apreciar as mais variadas versões de Afrodites e Dionísios em tons vibrantes retratados por Rafael com muita originalidade e excentricidade e, ao mesmo tempo, descaso pela Academia. As Afrodites, inspiradas na deusa da beleza, do amor e da sexualidade, têm feições delicadas, cabelos exuberantes e, muitas vezes, olhares eróticos e desconcertantes, brilhantes e opulentos, lânguidos e misteriosos. Os Dionísios, inspirados no do deus do entusiasmo e da embriaguez, estado em que se fica ao contemplar Afrodite, aparecem sempre jovens, exibindo madeixas encaracoladas ou lisas; loiras, negras ou ruivas e olhares risonhos e festivos, selvagens e entorpecidos, insanos e racionais.

"Sempre fui apaixonado por Dionísio, pois, mesmo pertencendo a um panteão clássico dos gregos e representando, portanto, a arte clássica, e por ter uma personalidade tão excêntrica e a paixão pelo vinho, que o torna imprevisível, acaba também por representar toda a variedade de expressões artísticas que podemos encontrar no Barroco por exemplo. Sou apaixonado por personagens boêmios como Dionísio e admiro artistas que se identificam com esse perfil. Ele é o deus das relações humanas mais profundas e complexas e detentor de personalidade muito forte, misteriosa e absurdamente interessante", conta Rafael.

As obras apresentam uma atmosfera que remete às pinturas de Modigliani e dos grandes mestres da Renascença, especialmente Botticelli e Giotto, muito admirados por Rafael por serem artistas completos e que valorizavam, sobretudo, o valor do talento. "A série Afrodites é muito influenciada pela minha paixão por Amedeo Modigliani e uma oportunidade que encontrei para desenvolver alguns elementos de suas obras que gostaria de explorar, buscando, sempre, a autenticidade. O mesmo pode-se dizer sobre Botticelli e Giotto, que sempre foram fortes influências para mim, embora não seja tão fácil percebê-las por não se tratarem de alegorias. No entanto, marcadamente os desenhos e pinturas têm um traço comum que reporta às obras desses artistas", explica Ludicanti.

Assim como no Renascimento, o espírito clássico, as formas simétricas e a perspectiva, esta última introduzida por Giotto, considerado o precursor da pintura renascentista, são traços visíveis na obra de Ludicanti, proporcionando às deidades Afrodite e Dionísio uma aparência de seres humanos comuns, assim como Giotto identificava a figura dos santos em suas obras. A leveza dos corpos esguios que parecem flutuar nas obras de Rafael, expressando suavidade e graça, também remetem ao clima dos trabalhos do pintor florentino Botticelli. Já as cores vivas podem ser associadas à Ticiano, o maior pintor da escola veneziana. Suas obras têm um grande apego à vida e à beleza feminina.

Outro marco peculiar nos trabalhos de Rafael Ludicanti é a sua paixão pelo Período Rosa de Pablo Picasso (1904-1906), uma das maiores influências artísticas do século XX. "Gosto também de acreditar que a Fase Rosa de Picasso me inspirou a criar essa série. Isso pode ser notado nas feições delicadas das Afrodites. Depois de tempos sem pintar por razões que não sei explicar tenho vivido um momento muito recluso atualmente, me preservando de mim mesmo, pois me tornei uma pessoa extremamente selvagem. Eu transito entre altos e baixos catastróficos e só me acalmo na solidão", revela o artista.

Nas obras A Nadadora Amadora, Francesca, Tipo Exclusivo de Elegância, A Inexplicável Existência Humana, Como Ela é Formosa! e Estudo Para Flautas, os tons rosados e o vermelho carmim que colore o fundo de algumas das telas, também encontrados nas indumentárias, na cor da pele, cabelos e maquiagem dos personagens remetem ao clima das obras do pintor espanhol nessa fase. Cores vibrantes como o roxo, o laranja, o verde e o azul também exaltam a beleza das obras de Ludicanti, criando ambientes mais alegres, suaves, ternos e de grande lirismo, que também foram características marcantes na fase rosa de Picasso, bem como a ênfase no uso do traço e contorno.

Sobre o artista

Pintor, desenhista, escritor, multi-instrumentista, cantor, compositor, artista conceitual videomaker, Rafael Ludicanti pode ser considerado um artista completo. Essencialmente polêmico, nunca passa despercebido. Já fez performances bastante impactantes e loucuras das mais inimagináveis e, em 2014, lançou o primeiro álbum da banda The Junkie Dogs, na qual é vocalista, guitarrista e o principal compositor.

Ainda em 2014, Rafael Ludicanti lançou seu primeiro livro de poesia intitulado "Autodesconsideração ou Prática da Desimportância", pela editora aletria e que integra a coleção Vagabundos Iluminados.

Sobre ser um artista, Rafael conta que isso nunca foi fácil. "Acreditar no fato de que possuo dons diversos é difícil e chega a ser confuso e doloroso, pois devemos estar sempre atentos aos nossos egos. Como disse, essa versatilidade vem da minha admiração pelos homens da Renascença, que tinham múltiplas ocupações que se misturavam como pintura, escultura, arquitetura, astronomia, entre outras. Eram artistas muito completos, sem especializações, e que valorizavam a inteligência e os talentos individuais, buscando uma harmonização entre o conhecimento antigo e as novas descobertas a fim de tornarem-se homens integrados e com a plena expressão de suas faculdades espirituais, morais e físicas, além de novos sentimentos de liberdade social e individual", afirma.

Rafael Ludicanti conta que os primeiros contatos com o universo artístico e literário aconteceram na infância por meio dos livros de Arte e História de seus pais e familiares. Ainda na infância teve aulas particulares de piano e cresceu cercado de pessoas extremamente cultas. "Meu pai tem habilidade para desenhar, mas nunca se dedicou a essa atividade. Faço parte de uma família muito talentosa artisticamente falando, mas só eu optei por seguir exclusivamente o caminho da arte. Fui autor precoce e, desde criança, interessei-me pelos livros dos grandes gênios da humanidade, daí a minha paixão pelos homens da Renascença", expressa.

Na adolescência, Rafael começou a pintar como autodidata. Foi também nesta época que compreendeu o quanto a música é importante na sua vida e começou a cantar, interpretando músicas de ídolos e criando bandas de punk rock.

Começou seus estudos na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais. No entanto, no meio do curso optou por fazer Belas Artes também na UFMG, dedicando-se, principalmente, à pintura. Graduou-se em 2008 e, desde então vem produzindo diversas obras plásticas e musicais, escritas e performáticas.

Atelier Amarelo

O Atelier Amarelo é um espaço colaborativo onde pessoas criativas, empreendedores e artistas se encontram. A proposta do local é fomentar a economia criativa, apoiar empreendimentos e impulsionar a arte.

Localizado numa agradável casa no coração do tradicional bairro Santa Tereza, dispõe de um amplo espaço acolhedor e profissional. Possui a infraestrutura apropriada para apoiar profissionais das mais diversas áreas para que possam desenvolver seus projetos, oferecer seus serviços, criar, compartilhar ideias e se conectar.

O espaço multidisciplinar do Atelier Amarelo oferece suporte para diferentes áreas profissionais e culturais como coworking, sala de reuniões, consultório, espaço para realização de eventos, ateliês, estúdio de fotografia, estúdio de dança e Escola de Arte, com aulas de desenho artístico, pintura, cerâmica e fotografia.

Foto: Marcos Vianna


Palavras Chave Encontradas: Pampulha Iate Clube, PIC
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