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Diário do Comércio online - BH (MG) ( Economia ) - MG - Brasil - 26-02-2019 - 00:01 -   Notícia original Link para notícia
Aguinaldo Diniz Filho - Posse da nova diretoria da ACMinas

Com grande honra, assumo nesta noite (25), de forma solene e oficial, a Presidência da Associação Comercial e Empresarial de Minas - a nossa ACMinas -, cargo que ocuparei com empenho e dedicação pelos próximos dois anos.

Gostaria de iniciar com algumas lembranças, merecidas e necessárias. Reconhecer e valorizar a história, e com ela aprender, sempre se faz necessário em momentos tão significativos.

Fundada em 1901, a ACMinas faz parte da história de Minas Gerais e, de forma muito profunda e intrínseca, da nossa Capital, Belo Horizonte.

A defesa dos legítimos interesses empresariais, aliados ao fomento, ao progresso e ao desenvolvimento econômico sustentável de nosso estado é missão cumprida de forma exemplar pela ACMinas ao longo desses 118 anos de ininterrupta atuação.

Unindo todos os segmentos empresariais e dialogando intensamente com a Sociedade e com o Poder Público, escreveram esta rica história centenas de empresários, de todos setores produtivos de nosso estado que, com um trabalho voluntário e comprometido, trouxeram a ACMinas até os dias de hoje.

As marcas de uma atuação competente e coerente ao longo do tempo estão no nosso cotidiano. E não é por acaso. Muitas empresas e investimentos nasceram com o fundamental apoio da nossa entidade, assim como diversas campanhas em defesa de nosso Estado.

Cito, por exemplo, que as primeiras discussões para a instalação da Fiat e a criação da Usiminas tiveram aqui a sua origem.

Assim foi, também, quando o Triângulo Mineiro, um dos mais ricos territórios de nosso Estado, deflagrou em 1985 um movimento separatista. Levado à Constituinte de 1988, o movimento teve na Associação Comercial e Empresarial de Minas a sua primeira trincheira de oposição

Isto nos dá enorme orgulho por nossa História, pela História de Minas Gerais.

Dezenas de investimentos aportaram em Minas Gerais com a decisiva atuação da nossa Associação. Estamos falando de milhares de empregos e de milhões, talvez bilhões de reais gerados para os cofres públicos e convertidos em emprego, renda e benefícios para a sociedade.

De forma simbólica, para homenagear esta história, agradeço ao presidente Lindolfo Paoliello, meu antecessor, bem como a todos aqueles que, nestes 118 anos, administraram a nossa ACMinas e a trouxeram até os dias de hoje.

Graças a seu trabalho ético e profissional, caro Lindolfo posso assumir com tranquilidade o compromisso de liderar a Associação Comercial e Empresarial de Minas.

Com grande reconhecimento, inspiro-me nos exemplos daqueles que me precederam para seguir adiante na missão de lutar pelo desenvolvimento de Minas Gerais.

Seguir em frente construindo esta história é dever e compromisso que assumo com energia e disposição.

Os desafios são muitos e são grandes.

Precisamos, mais do que nunca, de estarmos unidos e vigilantes para que importantes propostas dos governos estadual e federal possam seguir adiante.

Pauta comum a estes dois governos, a reforma da Previdência é prioridade e deve ganhar o apoio de toda a classe empresarial. Sem ela, caminhamos, irremediavelmente, para a insolvência do Estado e da União.

Não resta dúvida. A reforma da Previdência, levada pelo presidente Bolsonaro ao Congresso, é o primeiro e fundamental passo para a retomada do crescimento sustentado de nossa economia e da confiança empresarial e de investidores.

Ela requer que seja aprovada uma idade mínima, compatível com a realidade demográfica do país, com transição rápida para o novo regime, e não pode - definitivamente não pode - deixar de fora nenhum segmento da sociedade, buscando a necessária equalização entre o regime geral e o regime próprio da União e dos Estados.

É preciso ter estratégia na tramitação da proposta entregue ao Parlamento. É fundamental uma comunicação transparente e eficiente com a sociedade.

Por obvio, a fonte primaria de poder está no Povo, e seu amplo entendimento sobre a matéria é absolutamente necessário.

Hoje, o número de aposentados no Brasil cresce a uma taxa de 3,5% por ano, enquanto o de trabalhadores na ativa sobe apenas 0,7%. A expectativa é de que em 30 anos a população em idade de trabalhar caia 6% e a de aposentados cresça 250%.

A aprovação da Reforma levada à Câmara dos Deputados, e que depois seguirá ao Senado Federal, terá impacto muito positivo nos cofres públicos. A estimativa de economia, caso aprovado o projeto apresentado, é de 1 trilhão de reais em 10 anos - número extremamente importante para que se enfrente a nossa imensa crise fiscal.

É preciso senso de urgência para avançarmos com a proposta trabalhada pela equipe do governo Bolsonaro, no plano Federal. A Previdência engessa o Poder Público e inviabiliza investimentos necessários ao país.

Os números nos ajudam a compreender a gravidade do quadro. Em 2017, considerando suas despesas primárias, o governo federal gastou 48% do seu orçamento com a Previdência Social.

O déficit geral da Previdência em 2018 foi 247 bilhões de reais, sendo um déficit de 51 bilhões de reais para pagar 680.2 mil aposentados e pensionistas, e um déficit de R$ 196 bilhões para pagar 30.2 milhões de aposentados pelo INSS.

Algumas despesas, batizadas como "vilãs" do orçamento, ficam com parte bem menor do que a da Previdência: Bolsa Família, com 2%, Educação, com 3%, e Saúde, com 7%.

É preciso equacionar essa distorção, evidentemente, respeitando as especificidades existentes.

A sociedade brasileira tem um pacto moral, uma obrigação social de amparar aqueles menos favorecidos. Não podemos aceitar mais esta distorção distributiva e social!

A valorização da atividade empresarial e da livre iniciativa é fundamental para que Minas e o Brasil possam voltar ao caminho do desenvolvimento.

Abrimos 2019 com enorme esperança de poder avançar nessa trilha. Novos governos chegaram com disposição e compromisso para mudar o quadro de imobilismo e de privilégios para poucos.

As urnas deram seu claro recado. Agora é nosso dever, como líderes empresariais, seguirmos vigilantes em pautas tão fundamentais como a da reforma da Previdência, dentre outras absolutamente necessárias.

Destaco, aqui, algumas que julgo essenciais para nosso futuro:

O combate incondicional à corrupção é fundamental para que possamos voltar a ter a confiança de que os privilégios ilegais possam acabar. Isto significa a valorização da atividade ética, honesta e transparente e, por consequência, da livre iniciativa e concorrência.

Temos, todos, a convicção de que não eliminaremos totalmente a corrupção, mas precisamos ter a certeza da punição exemplar para os que assim agirem.

A prevalência da ética e a clara distinção entre a Coisa Pública e a Coisa Privada deve ser o caminho para Todos os brasileiros.

Ninguém! Absolutamente ninguém - neste país está acima da Lei e da Constituição!

Um ousado programa de privatizações e de redução da intervenção estatal é igualmente importante. É preciso dar leveza aos nossos governos, para que eles possam servir à sociedade onde mais precisamos: Saúde, Educação, Segurança e infraestrutura.

É preciso implementar iniciativas para elevar a produtividade em nosso país, proporcionar ganhos de eficiência, tornar a economia mais flexível e melhorar o ambiente de negócios.

Educação e Tecnologia são componentes fundamentais de qualquer pauta de modernização e competitividade da economia brasileira.

Mas, não são só as empresas que precisam ser competitivas. Também o nosso País precisa ser competitivo.

Somam-se a estes dois pontos duas reformas imprescindíveis: a Tributária e a Política.

Há quanto tempo se fala em ambas reformas?

A carga tributária brasileira consome quase 34% de todas as riquezas produzidas pelo País. Isso, claro, sufoca as empresas e impacta negativamente na competitividade da nossa economia.

O alto percentual dos tributos pagos pelas empresas e a complexidade das obrigações legais existentes nos colocam na rabeira dos rankings internacionais que medem os ambientes de negócios dos países.

Temos carga tributária de países ricos, mas não temos em troca a qualidade dos serviços públicos.

Resumindo: precisamos de um reforma tributária que simplifique desonere e dê transparência. Há um porém. A necessária reforma tributária só poderá ser efetivada face a estrutura fiscal do País após a reforma da Previdência.

Por fim, lembro da Reforma Política. Extremamente necessária e igualmente urgente, é preciso que toda a sociedade a tome como bandeira fundamental.

Em um esforço de cidadania e de união, podemos acabar com o foro privilegiado, criar cláusulas de barreira, o voto distrital, eliminar o excesso de partidos, proibir a coligação partidária, entre outras atitudes prementes.

São, todas, medidas capazes de gerar partidos políticos mais representativos, que são a base de uma democracia forte - tão necessária e almejada por todos nós.

Os problemas que vivemos hoje não têm as suas principais razões, na economia, mas sim na política em seu amplo espectro.

As reformas nos trarão não um Estado maior ou menor, motivo de longo debate, mas sim o Estado necessário!

Levantar todas estas bandeiras será nosso compromisso à frente da ACMinas.

Com orgulho, assumo a sua Presidência, juntamente com toda nossa Diretoria, os Vice-Presidentes, a Diretoria Plena, o Diretores Eméritos e o Conselho Fiscal, com o dever de lutar por um ambiente de negócios sadio e capaz de permitir a Minas Gerais desenvolver-se e gerar os necessários frutos para os milhões de mineiros.

Ingresso em uma entidade líder e com histórico de unir as forças empresariais. A ACMinas é capaz de aglutinar Indústria, Comércio e Serviços sob uma plataforma única, multidisciplinar e pronta para lutar por Minas e pelo Brasil.

Por sua transversalidade, que une empresários de todos os setores, a ACMinas está forte e pronta para unir o setor produtivo em uma agenda capaz de gerar riquezas e de distribuí-las de forma justa e sustentável.

Juntamente com todas nossas importantes entidades empresariais - Fiemg, Fecomércio, Faemg, -BH e FCDL, Sebrae, Ciemg, Federaminas, Fetcemg e Ocemg - podemos confluir esforços e caminhar juntas, de forma definitiva, em um grande pacto por Minas Gerais e pelo Brasil.

Precisamos, sim, de um pacto que nos una a todos, que nos comprometa a todos!

Chego à Presidência da Associação Comercial e Empresarial de Minas depois de décadas de vivência empresarial e associativa.

Depois de fazer um curso técnico numa Escola do Senai/CETIQT, ingressei na Companhia de Fiação e Tecidos Cedro Cachoeira, em 1970. Deixei a Cedro em abril de 2017, após 47 anos de trabalho, do chão de fábrica à

Presidência da Diretoria e do Conselho de Administração, com a certeza de ter ajudado na construção de uma empresa capaz de seguir sua história e de gerar negócios e oportunidades para Minas Gerais e para o Brasil.

Fui Presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, a Abit. Liderar uma entidade nacional deste porte foi tarefa que realizei entre 2008 e 2013.

Fui também Vice-Presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais, nos mandatos de Robson Braga de Andrade e do meu amigo Olavo Machado Junior, e participei, ainda, do Conselho de Política Econômica da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.

Atuei como membro dos Conselhos da Amcham-Brasil - Câmara Americana de Comércio; da ICC - Câmara Internacional de Comércio, e, também, do IBGC - Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, e da Algar dentre outras Entidades de Classe e empresas.

Presido o Conselho da Escola Têxtil do Senai e, com muito orgulho, participo do Conselho Superior da Fundação Felício Rocho.

O momento é, de fato, de estarmos unidos para colocarmos Minas e o Brasil na trilha do desenvolvimento. Precisamos pôr um ponto final nas crises econômica, política e social que vivemos há décadas.

Por isso, conte com o empresariado mineiro para recolocar nosso Estado nos trilhos do desenvolvimento. E os desafios são muitos, são enormes!

O déficit fiscal de Minas Gerais é estimado em mais de R$ 11 bilhões para o ano de 2019. Para reverter esse quadro é preciso adotar uma série de medidas de austeridade, mas também medidas que estimulem o crescimento econômico com geração de emprego e renda.

Neste cenário, dialogar com o governo federal quanto à adesão ao seu Programa de Recuperação Fiscal é providência que entendemos fundamental. Tarefa difícil mas absolutamente necessário.

É hora de apoiar a adoção dessas medidas, de arregaçarmos as mangas, de estarmos unidos com o governo, cobrando quando necessário, mas juntos nos nossos objetivos comuns. Estamos unidos para enfrentar os muitos e enormes desafios.

Há problemas estruturais na receita e na despesa que precisam ser superados, o que exigirá deste governo uma postura extremamente responsável e a adoção de reformas profundas, inclusive com algumas medidas duras.

Minas é muito, muito maior do que a crise que vivemos hoje. Somos mais de 20 milhões de mineiros. O nosso passado nos permite uma visão otimista de um futuro com crescimento, educação, saúde, segurança e uma sociedade mais justa.

Vamos pensar e agir com o otimismo realista, crível, de que podemos mais.

Com a responsabilidade e a União que o momento exige, com a força, a cidadania que é peculiar a todos nós, haveremos com muito trabalho, serenidade e desprendimento, retornar ao crescimento com Justiça Social. A hora é agora!

Hoje se completam 30 dias de uma tragédia humana social, ambiental e econômica. No dia 25 de janeiro, às 12:28 minutos, rompia a barragem da Vale em Brumadinho.

Abriu uma enorme ferida que precisamos, juntos, fazer cicatrizar.

Lamentavelmente, assistimos e sofremos com o horror de centenas de vidas ceifadas por erros de engenharia e por um criminoso desleixo.

Nós, da ACMinas, nos solidarizamos profundamente com as famílias que perderam entes queridos no desastre, na tragédia humana que a todos indigna .

Não podemos atribuir à Vale, à Cia a responsabilidade pelo desastre de Brumadinho.A Vale tem que ser preservada! Explico: Por um motivo simples: a Vale (aliás, como qualquer empresa) é simplesmente um empreendimento, um ente jurídico que não toma decisões nem atitudes e muito menos manifesta vontades ou intenções. É um CNPJ.

Quem o faz são aqueles que a dirigem, que tomam decisões e que, por desídia irresponsabilidade, ganância, permitiram que o desastre acontecesse.

Após o devido processo legal, precisamos e temos a obrigação de punir exemplarmente e urgentemente os responsáveis por esta tragédia humana, social e econômica. São CPFs.

"É preciso preservar a Vale", porem, obviamente, imediatamente, os danos materiais causados têm que ser rapidamente ressarcidos aos atingidos pela tragédia.

O primeiro compromisso da Vale é com Minas Gerias! É um compromisso de raiz!

Aqui, a Vale nasceu e se fez forte e universal

Agora, ainda que pareça uma quimera, a Vale deve voltar as suas origens.

De volta a Minas, começaria por resgatar as suas responsabilidades institucionais e a nos devolver um pouco do que arrancou durante décadas do nosso solo, com esforço de nossa gente.

MINAS é, portanto, o compromisso número 1 da Vale!

Associação Comercial e Empresarial de Minas empunha esta bandeira convocando a todos para esta batalha. A batalha de Minas pela volta da Vale e as suas origens, de onde nunca deveria ter saído!

Os impactos do desastre serão sentidos fortemente em nossa economia, na qual o peso do setor extrativo-mineral é significativo.

Como muito bem colocou em seu editorial da última sexta-feira (22), o jornal DIÁRIO DO COMÉRCIO do nosso saudoso José Costa e do companheiro Luiz Carlos Costa -, é preciso salvar o presente e pensar o futuro.

A indústria extrativa mineral é importante para Minas Gerais e precisamos pensar o seu futuro - com segurança, responsabilidade e com a enorme capacidade que possui de gerar riquezas e oportunidades.

É, igualmente importante, pensar no fortalecimento e na diversificação, com inovação, tecnologia e agregações de Valor, de nossa economia - aproveitando todo o potencial mineral, mas também as demais forças que possuimos em Minas Gerais.

É preciso pensar o futuro!

Reafirmo que somos maiores do que tudo isso. Minas Gerais é muito maior que o momento difícil que passamos. Vamos atravessar tudo isso, sendo responsáveis no presente para projetarmos e planejarmos o futuro!

* Discurso de Aguinaldo Diniz Filho durante posse da nova diretoria da ACMinas, ontem, no Teatro do Centro Cultural Minas Tênis Clube


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