Leitura de notícia
O Globo Online (RJ) ( Rio ) - RJ - Brasil - 16-02-2019 - 09:52 -   Notícia original Link para notícia
Pirataria movimenta mais de R$ 600 milhões no Rio

Pesquisa da Fecomércio mostra que o valor equivale a 30% do ICMS arrecadado nos setores mais atingidos pela concorrência dos produtos falsificados, vendidos livremente por ambulantes no camelódromo da Uruguaiana


No camelódromo da Rua Uruguaiana, no Centro, o vendedor de um estande de eletrônicos mostra uma caixa de som, com sistema bluetooth e à prova d'água. Ele tenta convencer um cliente: - Essa caixa é a melhor que tem e, aqui, sai a R$ 150. A original você não compra por menos de R$ 700. Mas a réplica você não pode mergulhar na água, tá? Réplica é eufemismo para pirata no camelódromo, onde o comércio de produtos falsificados ocorre diariamente às claras, a poucos metros da presença de guardas municipais e de órgãos do estado. Na vizinhança, está, por exemplo, o prédio do Detran. Em todo o estado, a pirataria causa prejuízos. Esse comércio ilegal movimenta R$ 665 milhões por ano no Rio, como acaba de levantar, em uma pesquisa inédita sobre o tema, a Fecomércio-RJ. Esse valor equivale a nada menos que 30% da arrecadação anual de ICMS dos setores preferidos pelos falsificadores. Na lista, aparecem no topo os mercados de filmes e músicas na internet, de roupas, de equipamentos eletrônicos, de programas de computador, de óculos, de relógios e de calçados, bolsas e tênis. O mesmo estudo, que fez 400 entrevistas no estado em janeiro deste ano, concluiu que 18,89% da população fluminense consomem produtos piratas. O percentual diz repeito a quase um em cada cinco moradores do Rio, que compra, em média, cinco itens do tipo por ano. A pesquisa, que não tem comparativo, também revela como funciona a cabeça desse consumidor. Dos entrevistados que admitem pagar por esses produtos, 61,76% dizem que vão continuar comprando, mesmo concordando que este comércio prejudica a economia(58,25%), além de favorecer o aumento da violência (61%). E a maioria esmagadora (96,25%) respondeu saber que pirataria no Brasil é crime.



Às claras. Produtos falsificados são exibidos no camelódromo da Uruguaiana GABRIEL MONTEIRO


- Existe uma faixa da população que compra produto pirata e sabe que isso é crime, que prejudica o comércio e que a pirataria tem pacto com crime organizado. E que ainda assim diz que compraria de novo - destaca o economista-chefe da Fecomércio RJ, João Gomes, explicando que o conjunto dessas respostas impressionou os pesquisadores. -Está claro esse perfil.


AÇÕES COM POUCO RESULTADO


O preço dos produtos é apontado como o principal motivo (73%) da compra. Entre as experiências negativas, 80% relatam a baixa qualidade da mercadoria. O delegado Maurício Demétrio, da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), conta que, no ano passado, foram feitas 36 operações no camelódromo da Uruguaiana, mas "com pouco resultado prático". Anteontem, uma vendedora oferecia diferentes opções de camisas de time falsificadas. Enquanto a mais barata e, como explicou ela, "sem qualidade", custava R$ 50, uma que seria fabricada na Tailândia - "a réplica mais perfeita que tem" -saía a R$ 100. Óculos "RayBan" eram expostos em bancas a R$ 10. Lá, tudo é oferecido como réplica sem medo da fiscalização. O delegado da DRCPIM diz que, por trás desse comércio da Uruguaiana, há uma "milícia incipiente". A Secretaria de Fazenda diz que, desde janeiro, no Centro, a fiscalização apreendeu mais de 2.200 itens.


Nenhuma palavra chave encontrada.
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.