Com a bandeira da reciclagem e do cuidado com o espaço público, o bloco Lavô Tá Novo abriu a festa na Bairro Funcionários, que durou todo o diaA folia está nas ruas de uma BH sob alta temperatura. O carnaval começa oficialmente em 16 de fevereiro, mas os blocos já promovem ensaios - públicos e fechados - e a folia promete ser ainda mais atrativa que no ano passado. Este ano 4,5 milhões de foliões são esperados e há 590 blocos cadastrados para 700 desfiles em 23 dias de muita festa. Ontem, durante todo o dia, foliões se reuniram na esquina das ruas Santa Rita Durão, Piauí e Avenida Afonso Pena. A abertura foi com o bloco Lavô Tá Novo, que tem como bandeira a reciclagem e o cuidado com o espaço público. Segundo a assessora de comunicação do bloco, Maria Clara Gonçalves, o propósito é alertar as pessoas para o excesso de consumo e suas consequências, como a geração de lixo e desperdícios.

O bloco leva em sua trajetória um varal de trocas, onde os participantes doam roupas que não usam mais, que são penduradas e disponibilizadas para ser trocadas à medida que alguém se interesse em adquiri-las. O grupo incentiva que as pessoas levem sacos para recolher seu próprio lixo e distribui receitas de bebidas "para que as pessoas as tragam de casa em recipientes próprios, que não serão descartados", explica Maria Clara. Nascido há três anos no Bairro Floresta, apresenta um repertório de músicas dos anos 1980, algumas classificadas como "bregas", mas que "todo mundo gosta de cantar, às vezes até escondido", brinca a assessora. São cerca de 45 músicos, mas a bateria é aberta ao público. Em geral, o ensaio ocorre na Praça Negrão de Lima, no bairro de origem, mas se deslocou na manhã de ontem depois de uma parceria com um bar no Bairro Funcionários. No mesmo local se apresentaram ainda ontem os blocos Lua de Cristal, com repertórios da cantora Xuxa, e Abacaxi, com ritmos da Tropicália.

No Esplanda, Região Leste, foi a vez do bloco Unidos do Queimalargada arrastar uma multidão pelas ruas do bairro. A vizinhança ajudava a refrescar os foliões jogando água de mangueiras. Até um cachorro vestiu fantasia de anjinho, levado por sua dona, Júlia Campos, design de ambiente que pela primeira vez participava do desfile. "Sempre participo de outros blocos, mas hoje estou no meu bairro". A jornalista Fernanda Machado, uma das organizadoras do bloco disse que não há ensaio e "por isso o nome". "Não temos número de músicos e aqui chega e toca quem quiser", explica. Apesar do improviso, os instrumentistas estavam bem afinados, observaram as amigas Larissa Startelli, Izabella Coutinho, Laura Coutinho e Natália Niquini.

PATROCÍNIO E para fazer a festa acontecer é preciso de recurso. A cervejaria Skol assinará a chancela de patrocínio master, tornando-se parceira da folia belo-horizontina pelo sexto ano consecutivo. A marca foi anunciada pela Do Brasil Projetos e Eventos, empresa vencedora do Edital de Patrocínio do Carnaval 2019/2020. Mais cinco marcas ainda podem ser ativadas como patrocinadoras do biênio. A proposta vencedora do edital, oferecida pela Do Brasil, foi de R$ 10,5 milhões em verba direta, sendo R$ 4,5 milhões para 2019 e R$ 6 milhões para 2020, além de planilhas de estruturas e serviços no valor de R$ 8.331,721,50 para cada ano. A soma do patrocínio nos dois anos chega a R$ 27,16 milhões, o que gera uma economia significativa nos investimentos por parte da prefeitura.

Para impulsionar as finanças de blocos, a PBH, por meio da Belotur, abriu um edital de subvenção. Este ano, os recursos do município seriam destinados a até 96 blocos, 16 a mais do que no carnaval do ano passado. Foram contemplados 84. O valor total da subvenção é de R$ 600 mil - R$ 200 mil a mais em relação a 2018, divididos em quatro categorias, nos valores de R$ 10 mil, R$ 7 mil, R$ 5 mil e R$ 3 mil. Para os que não conseguiram o auxílio e decidiram não recorrer, o jeito é contar com os financiamentos coletivos ou com festas para arrecadações.

Nessa onda, seis grandes blocos realizaram ontem a quarta edição do "Sonoriza - Todxs juntxs para construir o carnaval!". Com o lema "Ninguém solta a mão de ninguém" neste ano, participaram os blocos Então, Brilha!, Juventude Bronzeada, Havayanas Usadas, Garotas Solteiras, Pena de Pavão de Krishna e Tchanzinho Zona Norte, com o intuito de arrecadar fundos para produção dos desfiles. "Em 2016, fizemos a primeira edição do financiamento carnafestivo, garantindo a locação do carro de som compartilhado entre os blocos participantes. Nos anos seguintes não foi diferente. Hoje o movimento cresceu e queremos mais uma vez festejar e garantir mais segurança e estrutura para quem adora se jogar nessa festa popular, democrática e feita de puro amor", explica a descrição do evento. A festa ocorreu na Serraria Souza Pinto, no Centro de BH, com ingresso a R$ 25.