Sem encontrar um comprador para a empresa que reúne Casas Bahia e Pontofrio, grupo controlado pelo francês Casino se desfaz de ações no mercado e anuncia quarta mudança no comando do negócio em 5 anos

OGrupo Pão de Açúcar (GPA) começou ontem a se desfazer de suas ações na Via Varejo, dona das redes de eletroeletrônicos Casas Bahia e Pontofrio. Foram vendidos em leilão 50 milhões de papéis ordinários, o equivalente a 3,86% do capital da empresa, movimentando R$ 217,5 milhões na Bolsa de São Paulo, a B3. Com isso, a fatia do GPA no capital votante da empresa cai de 43,23% para 39,36%.

ALEXANDRE CASSIANO/5-7-2017À venda. Casas Bahia: Pão de Açúcar quer se desfazer de participação em 2019

O leilão alcançou a expectativa inicial de que fossem vendidas esse total de 50 milhões de ações. O preço de cada ação ficou em R$ 4,35. O teto estabelecido era de R$ 4,42. Após o leilão, as ações ordinárias da Via Varejo fecharam com alta de 0,46%, a R$ 4,32, enquanto as preferenciais do Pão de Açúcar avançaram 0,34%, a R$ 78,03.

Foi uma leve reação depois de ambos os papéis terem caído mais de 5% na quarta-feira, o primeiro dia útil após o anúncio pelo GPA, na semana passada, de que venderia sua participação na Via Varejo no mercado até o fim de 2019 se não achar um comprado rúnico para seu bloco de ações. O controle da empresa está à venda desde 2016.

CONCORRÊNCIA ACIRRADA

A Via Varejo fatura cer cade R$ 29 bilhões por ano e tem mil lojas das Casas Bahia e do Pontofrio. Apesar dos investimentos na operação on-line, enfrenta forte concorrência de redes como Magazine Luiza e B2W, que reúne Americanas.com, Submarino e Shoptime.

Para a analista Betina Roxo, da XP Investimentos, a venda de ações no mercado pode trazer incerteza para os investidores em relação à tomada de decisão com a possível falta de um acionista controlador. Por enquanto, o GPA segue nessa posição. Anunciou a quarta troca no comando da Via Varejo em cinco anos. Peter Estermann, atual presidente do GPA, acumulará a presidência da varejista. Ele já comandou a Via Varejo, entre 2015 e 2018.

Os papéis oferecidos ontem na B3 são vendidos a um banco, que depois vai repassá-los ao mercado, no melhor momento. A diferença entre o valor comprado e o valor vendido, será repassada ao GPA, segundo relatório do BTG. Um analista de banco que prefere não se identificar observa que, ao vender seus papéis da Via Varejo no mercado, o grupo francês Casino, controlador do GPA, abre mão de um prêmio.

Por outro lado, a família Klein, fundadora das Casas Bahia e segundo maior acionista da Via Varejo, ganha mais peso no negócio. Hoje, tem 25,53%, mas tem negado intenção de aumentar essa fatia.