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Super Notícia ( Notícias ) - MG - Brasil - 09-12-2018 - 03:00 -   Notícia original Link para notícia
Para se manterem, empresários investem em novas filiais e mudam gestão

Mudanças passam por adequação de estrutura física e do sistema operacional
As poucas empresas familiares que conseguem vencer o desafio de ser mantidas em outras gerações precisam ultrapassar outra barreira: a atualização aos novos tempos. Isso sem abrir mão da história do empreendimento, que carrega muito da memória da própria família. E, seguindo essa lógica, vários herdeiros começam a repaginar os negócios assim que assumem a gestão.

É o caso da tradicional Casa Salles, a loja mais antiga ainda aberta em Belo Horizonte. Fundada em 1881, em Ouro Preto, a empresa se instalou na capital em 1904, apenas sete anos depois da fundação da nova cidade. De lá para cá, cinco gerações já assumiram o comércio, que continua no mesmo ponto comercial e com as mesmas características do passado.

"Mantivemos os mesmos móveis, a mesma caixa registradora, até os cartazes antigos. Queremos manter essa essência", conta o atual gestor da loja, Guilherme Salles, 37.

Apesar desse cuidado, ele agora começa a modernizar a empresa. "Eu trabalho aqui na loja desde os 16 anos com meu avô. Durante um tempo, tivemos alguns embates, porque ele não aceitava a modernização. Para ele, vender no cartão e não ver o dinheiro, por exemplo, era algo impensável. Aos poucos, eu fui mostrando para ele que quem não se adapta sai do mercado", conta. Foi aí que o chefe da família decidiu se aposentar e deixar os negócios nas mãos do neto.

E as mudanças começaram a ser feitas pelo novo gestor. A primeira foi uma reforma na loja, iniciada em agosto deste ano. Em seguida, o site da empresa foi reformulado. O próximo passo vai ser a venda dos produtos pela internet, o que deve ocorrer em curto prazo. "Vou fazer as alterações necessárias, mas sempre vou seguir o que aprendi com meu avô: ter amor à empresa para que ela possa seguir por muitas horas gerações", garante.

A rede de óticas Visão, que está há 30 anos no mercado, também não ficou parada no tempo. Atualmente, as 19 lojas são gerenciadas pelos quatro herdeiros, filhos do fundador. E a rede se prepara para expandir no próximo ano com a abertura de três novas unidades na região metropolitana de Belo Horizonte, segundo um dos sócios, Davidson Luiz Cardoso, 43. O investimento virá após anos difíceis com queda de 7% no faturamento em 2016 e 2017, além da demissão de 50 funcionários. Para este ano, o esperado é um crescimento de 5%.

"Em torno de 70% das lojas de BH são de gestão familiar. Para dar certo, é preciso que haja uma separação do patrimônio e da gestão. Cada sócio ganha o que é de direito e cada um recebe também proporcionalmente à função que exerce. Cada um tem que fazer aquilo que de fato sabe", afirma o empresário, que também é vice-presidente da de Belo Horizonte (-BH).

Sucessão. Pesquisa da PwC mostra que a primeira geração da família consegue melhores resultados e maior crescimento das empresas do que as gerações seguintes que assumem o comando.

Dificuldades. Dentre os 11,2% que se arrependem de trabalhar com familiares, 39,8% culpam o desinteresse dos parentes pelo negócio. Outros 26,2% contam que eles acham que devem ter tratamento privilegiado. Para 15,3%, a falta de perfil para a atividade é o principal desafio. Já para 14,2% deles, a presença de familiares dificulta tomadas de decisão.

Preocupação. As questões que mais deixam aflitos os gestores de empresas familiares brasileiras são o cenário econômico e a corrupção, segundo a PwC.

Só 11,2% admitem ser difícil contratar parentes no país

Depois de bem definidos os papéis de cada familiar na empresa, os atritos tendem a ser reduzidos. Segundo pesquisa feita pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), apenas 11,2% dos entrevistados que possuem parentes como sócios ou colaboradores encontram dificuldade com a situação. Aliás, pelo contrário, em alguns casos a relação de parentesco pode trazer vantagens, segundo especialistas.

"Ter uma equipe comprometida é diferencial competitivo. E é muito mais fácil conseguir engajamento de pessoas que veem a empresa como parte do legado familiar", afirma a consultora organizacional Sônia Jordão.

É o que já notou na prática o proprietário da Melody Maker Escola de Música, Flávio Emanuel Coutinho Bernardes, 52. Ele tem a mulher, Alcione Alves Bernardes, como sócia desde a fundação da escola. O filho Kevin Emannuel Alves Bernardes, multi-instrumentista, é um dos instrutores da escola. E a cunhada, Alessandra Alves, que tem uma empresa separada, é responsável pela comunicação e pela gestão de pessoas na escola.

O modelo familiar, nesse caso, tem dado certo. Tanto que serão abertas mais três unidades em 2019, com investimentos previstos de quase R$ 3 milhões. A receita para o sucesso, segundo Bernardes, é justamente o trabalho em família. "Com as pessoas sabendo bem seus direitos e deveres, as coisas funcionam muito bem. No meu caso, tudo dá certo porque as pessoas fazem o que sabem e gostam. Não estão comigo porque são parentes, mas porque são bons. Caso contrário, não estariam aqui, com certeza", afirma.


Palavras Chave Encontradas: Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL
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