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Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 24-11-2018 - 04:00 -   Notícia original Link para notícia
Dia de produtos esgotados, longas filas e reclamações

Lojas ficaram lotadas em BH desde o começo da manhã na data principal do megaevento, que indica recorde de receita do comércio. Número de queixas registradas passa de 2,7 mil
Na calçada da Avenida dos Andradas, esquina com Rua dos Caetés, no Hipercentro de Belo Horizonte, um homem carrega televisor de 43 polegadas nos ombros, embrulhado num papel que indica se tratar de pechincha oferecida na Black Friday, megaevento de promoções inspirado em ação de marketing do varejo nos Estados Unidos. O flagrante, na manhã de ontem, mostra que a campanha pegou no Brasil. A queda nos preços dos produtos fez milhares de pessoas na capital mineira lotarem lojas, que ofereceram descontos de até 80% nos preços. As ruas foram tomadas pela euforia de consumidores carregando sacolas, segurando caixas em duplas e até com o auxílio da cabeça. Valeu de tudo para economizar.

Também na internet as vendas da Black Friday começaram aceleradas. Segundo a Ebit Nielsen, que apura dados do comércio eletrônico, ainda no começo da manhã, o faturamento chegava a quase a metade do total faturado no ano passado. Considerando-se as vendas da quinta-feira e os negócios realizados até as 17h de ontem, o faturamento já alcançava os R$ 992,4 milhões, o equivalente a 44% do total de R$ 2,1 bilhões registrados em toda a edição de 2017 da Black Friday.

Houve também muitas queixas dos consumidores. Com dois dias de acompanhamento do megaevento, o site Reclame Aqui já somava 2.794 reclamações. Smartphones e celulares seguem na liderança, com 10,5%, acompanhados por TV, 6,5%. Na lista de produtos que foram objeto do maior número de reclamações, as passagens aéreas apareceram pela primeira vez no ranking, ocupando a terceira posição, com 5,1% das queixas.

A estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) é de movimentação de R$ 3,27 bilhões em 2018. O valor representa aumento de 2,2%, descontada a inflação, frente ao ano passado, quando o faturamento do comércio durante a campanha foi de R$ 3,08 bilhões.

A de Belo Horizonte (/BH) conhecerá os resultados da promoção no varejo de BH no balanço mensal das vendas. Entretanto, mesmo sem os dados, a expectativa é de crescimento em relação ao mesmo período de 2017 e também na comparação com o mês de outubro. "Mesmo que a atividade econômica não tenha se recuperado, a inflação está melhor, o desemprego desacelerou e a renda disponível está maior. A inadimplência vem caindo e muitos trabalhadores já receberam parte do 13º salário", afirma a economista do /BH Ana Paula Bastos.

Ela observa que a data, que começou a ser promovida no país em 2010, pegou no calendário do varejo. Ana Paula explica que, nesta época, consumidores aproveitam para adquirir produtos com maior valor agregado, como eletrodomésticos. "Uma diferença em relação a outras datas comemorativas é que o tíquete médio de compras dos consumidores é mais elevado. Enquanto no Natal gira em torno de R$ 100, na Black Friday, o valor é de R$ 555. As pessoas aproveitam para comprar produtos para elas, como celulares, por exemplo", comenta.

De acordo com o site Black Friday, que concentra buscas de descontos do comércio eletrônico na data, as vendas no dia do evento, em 2017, corresponderam a 13 vezes a média de movimentação de um dia comum, alcançando 2,23 milhões de pedidos nos e-commerces do país.

Receio

As lojas apostaram na versatilidade e no embalo das festas de fim de ano para fisgar um consumidor receoso sob o reflexo da retração econômica que atinge o Brasil. Eletrônicos, eletrodomésticos e perfumaria são os itens mais procurados.

De acordo com o diretor de vendas da Via Varejo, dona das redes Casas Bahia e Ponto Frio, Sérgio Grossi, a expectativa é de alta para essa data, considerada uma das mais aguardadas pelos comerciantes e consumidores. O grupo anunciou ofertas desde quinta-feira e vem alcançando bons resultados, de acordo com o executivo. "Desde quinta, os resultados estão sendo acima do espera. Consideramos que será a maior Black Friday da história", ressalta.

Sem revelar os números de vendas, o diretor aposta na alta performance durante toda a campanha. "O incremento de vendas é bastante expressivo. É um evento que cada vez mais exige um grande preparo e pesquisa, para que possamos levar maior número de ofertas ao consumidor e num tempo maior, não só a sexta-feira", pontua. As lojas do grupo Via Varejo oferecem desconto de até 70% em alguns produtos, além de promoções de parcelamentos.

Apesar da retração econômica e da indecisão do público no evento, em resposta ao movimento "black fraude"(que denuncia as promoções enganosas), o diretor de vendas da Via Varejo analisa que o fluxo de pessoas está bastante expressivo e mais consciente do seu poder de compra. "O consumidor hoje compara e comprova e está mais consciente, com a percepção de que está fazendo um bom negócio", analisa. Além disso, as pessoas veem no décimo terceiro e nas condições de parcelamento uma oportunidade de negócio. "O 13º salário influencia muito nesse processo, o consumidor já vem fazendo as compras pensando nesse recurso, dando uma condição de comprar sem muitas preocupações", destaca.

Fraudes barradas

Até as 13h de ontem, a Black Friday vendeu cerca R$ 1 bilhão no e-commerce brasileiro. No entanto, R$ 849 mil foram barrados por tentativa de fraude, segundo a ClearSale, plataforma que oferece soluções antifraude na internet. Os produtos mais procurados, de acordo com a empresa, são celulares e eletrodomésticos, sendo que os consumidores têm gastado, em média, R$ 779.


Palavras Chave Encontradas: Câmara dos Dirigentes Lojistas, CDL
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