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O Globo Online (RJ) ( Especial ) - RJ - Brasil - 22-11-2018 - 08:48 -   Notícia original Link para notícia
Celular na mão, ideia na cabeça

Economia compartilhada cresce com facilidade de criar negócios a partir de plataformas digitais que podem dar acesso a serviços para consumidores com diferentes necessidades - e o melhor: com preço baixo


"O Brasil precisa se abrir mais para a inovação que nasce _ aqui". Tati Leite, cofundadora da plataforma Benfeitoria "O preço é o que mais atrai, em especial para a realidade brasileira". _ Juliana Lohmann, analista do Sebrae Rio


A tecnologia ampliou as oportunidades para empreendedores transformarem boas ideias em negócios. Com a criação de plataformas digitais, é possível ligar consumidores a diferentes serviços, como o aluguel de carros ou a reserva de hospedagens para as férias. A chamada economia compartilhada cresce no mundo todo, facilitada pela popularização dos smartphones, mas ainda há muitas frentes a serem exploradas no Brasil.



ADRIANA LORETEAdepta. Aline Coelho começou a usar aplicativos de mobilidade para circular pela cidade e virou entusiasta das plataformas de economia colaborativa. Usou uma delas para achar hospedagem numa viagem de férias


Um estudo da consultoria PwC estima que a economia compartilhada deverá movimentar US$ 335 bilhões no mundo em 2025 - o que equivale a R$ 1,2 trilhões e é 20 vezes mais do que o apurado em 2014. Existem poucos dados sobre o setor no Brasil, mas o potencial é de que ele atinja 30% do Produto Interno Bruto (PIB) da área de serviços em pouco tempo.


- Este mercado está crescendo e já se reinventa para se manter. Existem empresas que alugam até turbinas de avião, em vez de vendê-las. Há a possibilidade, inclusive, de compartilhar funcionários entre empresas. A reforma trabalhista permitiu isso, e o setor de compartilhamento vai aproveitar. É questão de tempo - avalia Marcelo Nakagawa, professor de empreendedorismo do Insper.


O que atrai cada vez mais usuários para essas plataformas são a economia de tempo e dinheiro e a facilidade de acesso, dizem os especialistas. Aplicativos que entregam esse "mix" podem virar grandes negócios, como o Uber, na área de mobilidade, e o Airbnb, em hospedagem, principais referências do setor. Isso porque eles mudaram o comportamento de usuários em relação a serviços antes considerados consolidados.


Para a analista do Sebrae Rio Juliana Lohmann, a economia compartilhada cresce porque as plataformas disponibilizam serviços para diferentes necessidades e conseguem, ainda por cima, reduzir os custos:


- O preço é o que mais atrai, especialmente para a realidade brasileira. O usuário muda de comportamento. Prefere deixar de comprar um produto porque gastará muito menos com o uso compartilhado, mesmo que seja frequente.


CONSUMO CONSCIENTE


A funcionária pública Aline Coelho, de 43 anos, incluiu as plataformas em vários setores da sua vida. Começou pelos aplicativos de mobilidade. Nas férias, usou o Airbnb para se hospedar com a família em Paris e virou adepta de todos os tipos de serviços compartilhados:


-Além da facilidade, o preço foi o maior atrativo. É muito mais barato alugar um apartamento confortável do que se hospedar em um hotel.


O consumo consciente - crescente entre o público mais jovem, os chamados millennials - também impulsiona o setor.


- Sem dúvida, a juventude vem numa pegada mais sustentável, na qual todos têm consciência de que a produção industrial gera poluição, além do descarte dos resíduos - destaca André Brown, professor de Economia do Centro Universitário Celso Lisboa.


Entre as start-ups brasileiras bem-sucedidas no ramo, um destaque é a Tembici. A empresa opera o sistema de bicicletas de aluguel Bike Rio, que logo caiu nas graças dos cariocas e está inspirando uma série de outras pequenas empresas no segmento. Em São Paulo, a Scoo acumulou, em três meses, seis mil usuários para seus patinetes elétricos. Ela quer trazer a experiência para o Rio em dezembro. O verão carioca também contará com a ampliação do sistema de aluguel de triciclos elétricos, o Trikkes, da Movida.


Tati Leite, cofundadora da plataforma Benfeitoria-que mobiliza recursos para projetos de impacto cultural, social, econômico e ambiental-, diz que muitas start-ups com boas ideias de economia compartilha da ficam pelo meio o caminho por falta de apoio.


-É uma questão cultural. O Brasil costuma importar ideias ou abrir espaço para plataformas estrangeiras, e perde o que é criado por aqui. Pessoas com boas ideias precisam de um ambiente favorável para que o negócio cresça, e isso inclui desburocratização, acesso a crédito e mudança de cultura em relação ao setor. O Brasil precisa se abrir mais para a inovação que nasce aqui.


INSEGURANÇA JURÍDICA


Felipe Cunha, assessor técnico do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds), observa que a insegurança jurídica inibe investimentos num segmento tão dinâmico:


- Empresas de compartilhamento enfrentam sérios problemas de regulação, que são um entrave para o crescimento. Se houver regulamento e normas específicas para a economia compartilhada, nós teremos um setor que avançará com segurança jurídica e maior confiança entre usuários e aceleradores.


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