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Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 21-11-2018 - 04:00 -   Notícia original Link para notícia
Vale tudo no comércio para aproveitar a Black Friday

Com reação modesta das vendas neste ano, lojistas e prestadores de serviços apelam para megaevento de promoções, vendendo de sêmen a aplicações financeiras com descontos
A onda de descontos que se espalha como febre pelas vitrines de um comércio aflito para retirar o caixa da ociosidade chegou a promoções inusitadas. Até mesmo sêmen bovino de gado de corte e de leite está sendo ofertado com 70% de desconto. Parece também ter dado a louca nos bancos, que oferecem redução de 70% nas tarifas para o cliente descontar cheques e duplicatas, cortam em 80% o limite de aplicação inicial em fundos de investimentos e prometem não cobrar taxa de carregamento. O cliente que sonhava comprar lentes oftálmicas Varilux multifocais vai se surpreender, da mesma forma, com a possibilidade de pagar uma delas e levar a outra de graça.

Lojistas e prestadores dos serviços mais variados, das academias de ginásticas às instituições financeiras, o agronegócio e cemitérios, mergulharam na campanha Black Friday, inspirada no dia de megapromoções criado nos Estados Unidos, apelando à variação Black Week, com uma semana ou mais de vale-tudo para faturar. A estratégia não tem precedentes como alternativa do comércio de salvar os negócios que navegam nas águas mornas dos modestos 2% de crescimento medidos em setembro, ante idêntico mês do ano passado, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na corrida para fisgar o consumidor assustado com a crise persistente do emprego e o medo de ficar inadimplente, as megapromoções buscam ainda antecipar a receita, em geral esperada para dezembro, com o uso do décimo terceiro salário nas compras tradicionais do Natal. Se os clientes embarcarem nas ofertas das Black Weeks, R$ 3,270 bilhões serão apurados em todo o país, pelas estimativas da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A cifra considera os negócios durante a megapromoção do comércio tradicional e das vendas on-line.

Uma vez confirmada a projeção das vendas, avalia Fábio Bentes, chefe da Divisão Econômica da CNC, o megaevento deste ano vai exibir a maior adesão e a taxa de crescimento - de 6,3% nominais, ou seja, sem descontar a inflação, ou 2,2% quando atualizado o valor ao custo de vida - desde 2014, quando o crescimento frente ao ano anterior alcançou 7%. A campanha foi adotada no Brasil em 2010. Outro feito de 2018 será cravar a campanha no calendário de datas comemorativas do comércio na quinta posição, este ano, à frente da capacidade de faturamento proporcionada pela Páscoa e o Dia dos Namorados.

Os campeões de vendas do comércio ainda são, nesta ordem, o Natal, e os dias das mães, das crianças e dos pais. "A data da Black Friday nasceu no varejo, mas na base do desespero se ampliou para quase todo o setor e a prestação de serviços. É isca para o Natal, nada mais do que um grande esforço do varejo para chamar para promoções", afirma Fábio Bentes.

Ainda de acordo com estudo da CNC, os hipermercados e as redes de eletroeletrônicos e utilidades domésticas empatam na liderança dos segmentos do comércio que mais têm se beneficiado da Black Friday, com 22%, da projeção de receita para este ano, o equivalente a R$ 722,7 milhões e 713,4 milhões, respectivamente. Em seguida, aparecem as lojas especializadas em móveis e eletrodomésticos, com 21% do total (R$ 697,3 milhões); as livrarias e papelarias (8%, ou R$ 257,9 milhões) e perfumarias e cosméticos (6%, ou R$ 206,5 milhões).

Adesão

Sozinha, a Black Week já representa cerca de 2%, em termos reais, do faturamento mensal de R$ 140 bilhões do comércio brasileiro, calculado pela CNC. Os números superlativos do evento de promoções que imprime importância financeira ao mês de novembro são o suficiente para envolver inclusive os empreendedores das microempresas do comércio e da prestação de serviços, lembra a economista Ana Paula Bastos, da de Belo Horizonte (-BH). "A atividade econômica está um pouco melhor, e a Black Friday se transformou numa tentativa de recuperar perdas, até mesmo um esforço para o lojista não ficar sem receita", diz.

Quando considerada a movimentação financeira do comércio eletrônico durante a Black Friday, a projeção de receita com a megapromoção em Minas Gerais chega a R$ 281 milhões neste ano, segundo o site que organiza o evento no Brasil, o blackfriday.com.br. A quantia representa 11% da projeção de faturamento nacional do chamado e-commerce, de R$ 2,5 bilhões em 2018. Em Belo Horizonte, a estimativa supera R$ 132 milhões.

De fato, empresas varejistas de atuação antiga no comércio da Grande BH, a exemplo do Centro Visão, com 19 pontos de venda na capital e entorno, não têm do que se queixar do megaevento. Segundo Fernando Cardoso, sócio-proprietário da rede de óticas, no ramo há 30 anos, a expectativa nesta semana é por recorde de vendas. "A data é melhor do que o dia do Natal, traz oportunidade real de promoções e se firmou com a confiança que foi adquirida", afirma.

A empresa aderiu à campanha pelo terceiro ano e conta com a parceria dos fornecedores, de acordo com Fernando Cardoso. A rede contabilizou em 2017 acréscimos de 150% das vendas de óculos na data do megaevento, com destaque para o aumento de 570% da comercialização de óculos de sol. Neste ano, decidiu oferecer promoções já existentes de lentes oftálmicas, incluindo a Varilux, e armações. Os clientes poderão levar a Varilux em dobro, pagando apenas por uma das lentes.

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Palavras Chave Encontradas: Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL, Criança
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