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Estado de Minas Online ( Política ) - MG - Brasil - 04-11-2018 - 12:37 -   Notícia original Link para notícia
Foco comercial em direção ao Norte

Declarações de Bolsonaro mostram que Brasil vai procurar parceiros interessantes economicamente, como os EUA



Os EUA, de Donald Trump, têm potencial para ser um dos principais aliados comerciais do Brasil nos próximos anos




Brasília - O mundo jamais havia escutado este nome. Mas, pelos próximos quatro anos, Jair Bolsonaro fará parte da pauta internacional, no comando da oitava economia do planeta. Visto com desconfiança pelos aliados tradicionais do Brasil, o presidente eleito já conquistou, porém, a simpatia de governos de direita, como os de Bolívia, Estados Unidos, Israel e Chile. Os três últimos, aliás, foram escolhidos pela equipe dele para inaugurar a agenda de viagens presidenciais, em detrimento da Argentina, principal parceiro comercial do país na América Latina. A confirmação de que levaria a embaixada brasileira em território israelense de Telavive para Jerusalém também trouxe polêmica para os relacionamentos exteriores.

Embora a política externa de Bolsonaro ainda seja uma incógnita, com o programa de governo divulgado durante a campanha pouco esclarecedor sobre esse tema, o discurso do presidente eleito alinha-se especialmente ao de Donald Trump, que, no domingo da eleição brasileira, telefonou para o futuro colega, parabenizando-o pelo resultado das urnas. Logo em seguida, o norte-americano tuitou sobre a conversa e disse que ambos concordaram que "Brasil e Estados Unidos vão trabalhar bem próximos no Congresso, em assuntos militares e tudo o mais!".

As congratulações não parecem mera formalidade. Na sexta-feira, em entrevista à BBC News Brasil, o diplomata Thomas Shannon, embaixador em Brasília no governo de Barack Obama e secretário de Estado Interino na transição de governo, disse que Brasil e EUA estão buscando maneiras de "mostrar sinais mútuos claros de que querem uma aproximação melhor, para, então, tornarem essa aproximação benéfica para os dois lados". Shannon defendeu a entrada do país na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

A cientista política Ariane Roder, professora no Instituto Coppead de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro, avalia que, sob o comando de Bolsonaro, o Brasil deve restabelecer uma diretriz de alinhamento preferencial aos EUA, em contraste com a política externa da última década. "O país vinha apostando na diversificação de parcerias internacionais, sobretudo para diminuir a dependência dos Estados Unidos. Agora, essa política sofrerá uma descontinuidade", aponta.

FORA DE BLOCOS Bolsonaro deixou claro várias vezes que não tem interesse em blocos políticos ou comerciais. O guru do presidente eleito, Paulo Guedes, anunciado como superministro da Economia, disse ao jornal argentino Clarín que o Mercosul não está nos planos do futuro governo. "O Mercosul não é prioridade. A gente fala a verdade, a gente não está preocupado em te agradar", afirmou à correspondente da publicação no Brasil.

Bolsonaro já disse que quer se alinhar com países que possam 'agregar valor ao setor produtivo'. Ou seja, não interessa a ele países tão ou mais pobres do que nós", aponta Henrique Bezerra, mestre em relações econômicas internacionais e diretor de relações governamentais do grupo Speyside, especialista em mercados emergentes globais. Para o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer, o aparente desprezo do presidente eleito pelos vizinhos e, em particular, pela Argentina, é perigosa. "O Brasil exporta muitas coisas para a Argentina e não pode esquecer isso", observa.

Na América Latina, o maior interesse do futuro governo Bolsonaro é o Chile de Sebástian Piñera. Os dois vêm trocando elogios  mesmo antes do resultado das eleições. "Conheço pouco Bolsonaro, mas, no aspecto econômico, aponta na direção certa", afirmou Piñera três vezes durante evento, citado pelo jornal El País. Por sua vez, o presidente eleito se declarou admirador do conservador Piñera e disse que quer trabalhar com ele pelo progresso dos dois países.


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