Leitura de notícia
O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 12-10-2018 - 09:28 -   Notícia original Link para notícia
Para analistas, medidas levariam país a descontrole de gastos

Economistas das campanhas afirmam que propostas dos candidatos cabem no Orçamento e que equilíbrio fiscal será garantido no próximo ano


Se as promessas de campanha de impacto fiscal forem cumpridas pelo vencedor das eleições presidenciais, o Brasil corre o risco de cair em um descontrole das finanças públicas, num momento em que ainda luta para equilibrar as contas. Essa é a avaliação de economistas, diante das propostas que poderiam causar um rombo bilionário.


Editoria de ArteFonte: Ministério do Planejamento *Projeção


Para Fábio Klein, especialista em finanças públicas da Tendências Consultoria, os planos não cabem na conta. Ele projeta que o país fechará o ano que vem com um rombo de R$ 115,3 bilhões. A meta de déficit fiscal é de R$ 139 bilhões. A diferença de pouco mais de R$ 23 bilhões seria o espaço para gastos extras.


'BRAVATAS DE CAMPANHA'


Só a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até cinco salários mínimos custaria R$ 60 bilhões já no primeiro ano, segundo a equipe econômica. Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) defendem a medida. Bolsonaro é a favor de um 13º para o Bolsa Família, que acrescentaria R$ 2,5 bilhões ao cálculo.


O custo aumentaria em caso de mudança na Previdência. Hoje, o regime é de repartição, em que quem está na ativa paga para financiar os benefícios de quem está aposentado. A ideia defendida por Bolsonaro e admitida por Haddad é migrar


para o regime de capitalização, em que cada um contribui para a própria conta individual. No sistema atual, a previsão é que o rombo chegue a R$ 238,8 bilhões em 2019.


- Dependendo do tipo de gasto, poderia romper o teto degastos(queevitaqueogasto público cresça acima da inflação). Começar descumprindo regras seria uma volta a tudo que era antes -observa Klein.


O programa de Haddad prevê a revogação da emenda do teto de gastos. Bolsonaro é a favor da proposta.


Assessores ligados às duas campanhas sustentam que as medidas caberiam no Orçamento, principalmente a mudança no IR, sobre as quais há mais informações. O candidato


do PSL pretende dar isenção para quem recebe até cinco salários mínimos e fixar alíquota única para todos que ganham mais que isso. O economista Marcos Cintra, que ajuda a desenhar a reforma tributária com Paulo Guedes, não detalhou qual seria o impacto damudança,masgarantiuque aprioridadeseráoajustefiscal.


-A partir do espaço aberto pelo ajuste fiscal, haveria a redução de carga tributária - afirma Cintra, que simula principalmente duas alíquotas, 20% e 15%.


A proposta de Haddad é dar isenção para quem ganha até cinco salários, mas prevê tabela progressiva, como a atual. A novidade seria uma nova faixa de tributação, para quem ganha


mais de 40 mínimos. Guilherme Mello, economista da Unicamp e um dos formuladores do plano de Haddad, diz que a mudança nas regras geraria até ganho fiscal:


-Se usarmos algo próximo da tabela atual, (o impacto) é de R$ 30 bilhões a R$ 40 bilhões.Sócomtributaçãosobre lucros e dividendos tem ganho de, no mínimo, R$ 60 bilhões. Mais do que compensa. Além das novas alíquotas para cima (faixa dos mais ricos). É um ganho fiscal com tributação sobre rendas mais altas.


Para Zeina Latif, economista-chefe da XP, parte das promessas pode não sair do papel:


- São bravatas de campanha. Há a promessa, mas não vão entregar.


Nenhuma palavra chave encontrada.
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.