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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 07-10-2018 - 09:20 -   Notícia original Link para notícia
Robô é usado para barrar abusos de empresas

Ministério Público do Rio lança mão de inteligência artificial para identificar demandas de caráter coletivo entre as ações que tramitam no Tribunal de Justiça. Projeto-piloto mostra que companhias descumprem decisões


Oitenta mil decisões judiciais analisadas em um minuto. Esse é o desempenho esperado do robô desenvolvido pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) quando ele alcançar o auge da sua performance em dezembro. Pela primeira vez, a Promotoria de Defesa do Consumidor usa inteligência artificial para identificar, entre as ações em trâmite na Justiça, aquelas que são repetitivas e configuram danos coletivos. A parceria firmada com o Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), além de desafogar os tribunais, dará mais efetividade às ações coletivas e permitirá aumentar as sanções a empresas que insistem em desrespeitar o consumidor. Ainda em fase de "aprendizado" de como identificar entre os cerca de 500 mil processos em trâmite nos Juizados Especiais Cíveis (JEC) aqueles em que o MP poderá atuar, o robô se debruça, atualmente, apenas sobre uma amostra dos processos d alistadas 30 empresas mais acionadas noTJ RJ. Apesar do acervo limitado desta fase-piloto, o sistema já detectou quatro decisões judiciais que beneficiamos consumidores, oriundas de Ações Civis Públicas (ACP), que estão sendo descumpridas. - Essa parceria vai ser essencial para que nosso trabalho seja mais eficaz. E o bônus será evitara multiplicação das ações individuais, além de ajudara quem não recorreu ao Judiciário, pois o que for decidido de forma coletiva vai valer para todos -explica Christiane Cavassa Freire, coordenadora das Promotorias de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa do Consumidor do MPRJ.


MODELO A SER COPIADO


O robô identificou cerca de cem ações contra a Light por exigir que novos proprietários de imóveis quitem débitos de moradores antigos para fazer a troca de titularidade ou religar a energia. A prática se mantém apesar de haver sentença, a partir de Ação Civil Pública do MPRJ, proibindo-a. -É mais grave ainda porque a empresa se vale do poder de prestar o serviço em regime de monopólio para exigir do usuáriovantagem indevida-destaca o promotor Rodrigo Terra, responsável pela ação. Outros dois descumprimentos foram identificados em relação a problemas com entregas de Lojas Americanas e Casas Bahia, que também já tinham sido alvo de ACPs pela promotoria do Rio. O robô apontou também a existência de várias ações contra a Casas Bahia sobre seguros "embutidos" no valor da compra sem autorização do cliente. Os casos foram encaminhados ao promotor Paulo Roberto Binicheski, do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que é responsável por uma ação com abrangência nacional sobre o tema, atualmente em análise pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). - Tivemos vitória em primeira e segunda instâncias, proibindo a inclusão sem o consentimento expresso do consumidor. Agora, aguardamosa decisão do STJ. As informações levantadas pelo MP RJ nos permitem comprovar o tamanho do desrespeito e pedira aplicação de multas maiores. Pretendemos copiar esse sistema - adianta Binicheski. Segundo Daniel Carvalho Belchior, gerente da Coordenadoria de Análises, Diagnósticos e Geoprocessamento do MPRJ, após a medição do resultado do sistema, será possível expandi-lo para outras áreas do MPRJ, assim como para outros estados. O desembargador Joaquim Domingos de Almeida Neto, presidente da Comissão Judiciáriade Articulação dos Juizados Especiais doTJ RJ, diz que a parceria resultará em eficiência e economia de recursos. Ele lembra que o TJRJ tem volume de demandas maior até que o de São Paulo, o que faz dele um laboratório ideal para esse tipo de iniciativa: -Temos massa crítica para mostrar como a tecnologia pode ajudar a minimizar custos para o Estado e o cidadão, na solução de conflitos que deveriam ser custeados pelas empresas num ambiente de economia capitalista.


O QUE DIZEM AS EMPRESAS



Questionada sobre os resultados do levantamento, a Light diz seguira resolução 414/ 2010 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e que não condiciona a abertura de contrato ao pagamento da dívida deixada pelo cliente anterior. Segundo a empresa, se for comprovado que o cliente não é responsável pelos débitos, a troca de titularidade é feita; caso a energia esteja cortada, ela é religada. A Casas Bahia diz repudiar qualquer prática danosa ao consumido reque"busca sempre comprovara regularidade de sua atuação às autoridades, quando questionada ". Já a Americanas. com diz não comentar ações em curso.


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