Leitura de notícia
O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 01-09-2018 - 06:43 -   Notícia original Link para notícia
Indústria e investimentos foram os que mais sofreram

Com cenário político, estoques elevados e turbulência externa, empresários antecipam que vão manter pé no freio



No trimestre da greve dos caminhoneiros, a indústria e os investimentos foram os que mais acusaram o golpe, encolhendo 0,6% e 1,8%, respectivamente. Mesmo passado o baque, economistas e empresários antecipam que continuarão "andando de lado" pelos próximos meses, diante de um quadro eleitoral indefinido, de estoques elevados e da turbulência externa.



MARCOS RAMOSEm suspenso. A confecção Enjoy adiou investimentos previstos para este ano, como abertura de lojas e ampliação do centro de distribuição: só após eleição



O investimento - medido pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) - está parado no mesmo nível de meados de 2009 e 27% abaixo do seu pico, registrado no terceiro trimestre de 2013, antes de a crise começar. Assim, a taxa de investimento da economia como proporção do PIB foi de 16% - pouco acima dos 15,3% observados no mesmo período de 2017, mas o segundo menor registrado em segundos trimestres pelo menos desde 2000. Com o recuo de 0,6% contra o começo do ano, a indústria teve o pior trimestre desde 2016. Já a construção, ramo da indústria que também é indicativo de investimentos, encolhe há 17 trimestres seguidos na comparação com o ano anterior. -A greve antecipou o protagonismo das eleições este ano, que já são as mais incertas da História. Diante disso, decisões de investimento são adiadas. Agora no terceiro trimestre, isso terá o adendo da influência cambial, que dificulta a importação de máquinas e, logo, prejudica o investimento -analisou Jason Vieira, economista chefe da Infinity Asset.



VAGA SÓ PARA SUBSTITUIÇÃO



Para Flávio Castelo Branco, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), somente com a definição do novo presidente e seu projeto econômico será possível criar condições para expansão mais forte da indústria. - Num cenário sem eleições, o impacto da incerteza global no câmbio seria gradual. Mas o que vemos hoje é muita volatilidade no câmbio. E ainda há uma sequela da greve, o tabelamento do frete, questão que ainda terá desdobramentos jurídicos e amplia a incerteza -disse.



Com 500 funcionários e 32 lojas no país, a confecção Enjoy decidiu adiar os investimentos previstos para este ano. Segundo Julio Dashis, fundador da empresa, a companhia planejava abrir novas lojas e ampliar o centro de distribuição este ano. Mas o baixo crescimento econômico forçou a grife, que conta com uma confecção em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, a pisar no freio.



-O desemprego é reflexo da economia parada, que é uma consequência da incerteza política. Só vou voltar a investir após a eleição, para saber qual a política econômica que será implementada. Também suspendi novas contratações e compra de equipamentos. As contratações que foram feitas ocorreram apenas para substituição -contou Dashis. O empresário lembrou ainda que o único aspecto positivo no cenário econômico, a inflação baixa, já foi neutralizado pela alta do dólar.



OCIOSIDADE GRANDE



O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), José Roriz Coelho, avaliou que uma melhora na atividade industrial só virá na segunda metade de 2019, se as condições econômicas convencerem os empresários a empregar mais gente e investir na produção:



- Por enquanto, as propostas dos candidatos estão muito embrionárias, e as empresas estão paradas. A previsão da Fiesp é de crescimento de 1,5% da economia este ano, mas com viés de baixa, devendo o índice ficar mais próximo de 1%. Para Roriz, o resultado do PIB do segundo trimestre confirmou a lenta recuperação econômica, que deve se manter ao longo do ano. O economista Rafael Cagnin, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), observou que, no segundo semestre, com encomendas para o Natal, o desempenho da indústria costuma ser melhor do que na primeira metade do ano. Mas, este ano, tudo vai depender de como se desenrolar o cenário político. Ele lembrou que, hoje, a indústria de transformação ainda trabalha com 76,7% de sua capacidade, quando o patamar histórico é de 82%: - A ociosidade ainda é grande. Esperava-se que ela caísse na primeira metade do ano, mas isso não aconteceu.


Nenhuma palavra chave encontrada.
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.