Leitura de notícia
Portal O Tempo Contagem ( Últimas Notícias ) - MG - Brasil - 27-08-2018 - 03:00 -   Notícia original Link para notícia
Pagamento de dívidas exige foco e muito planejamento

Em todo o país, cerca de 61,6 mi de pessoas estão inadimplentes, sendo 5,8 mi só em Minas Gerais
Desempregada há dois anos, Elisângela Oliveira, 40, vê as dívidas se multiplicarem e a reserva financeira praticamente se esgotar. Até a faculdade de gestão de segurança privada, que era uma alternativa para voltar ao mercado de trabalho, teve que ser trancada na última semana, faltando quase um ano para a formatura. Elisângela não é uma exceção. Ela faz parte de um contingente de 5,8 milhões de mineiros endividados, quase duas vezes a população do Uruguai, que estão mudando de comportamento e se planejando mais para quitar as dívidas e não contrair novos débitos.

Em todo o país, são 61,6 milhões de brasileiros que não conseguem quitar suas dívidas, segundo dados da Serasa Experian referentes a julho. O número é o maior da série histórica da pesquisa, iniciada em 2016. E a região Sudeste concentra quase metade (45,2%) da população com as contas no vermelho. "É bem difícil. O que estou fazendo é cortar gastos, porque não suporto ficar devendo. Nem quis tentar um empréstimo para terminar a faculdade, com medo de não conseguir emprego rápido e contrair mais dívidas", explica Elisângela.

Segundo economistas, o desemprego seria a principal causa para a dificuldade dos brasileiros na hora de honrar os compromissos financeiros. "A economia está demorando a reagir. Várias pessoas estão há tanto tempo fora do mercado de trabalho que até desistiram de procurar emprego. Assim, não tem como manter as contas em dia", afirma o economista da Serasa Experian Luís Rabim.

Para ele, mesmo quando as contratações voltarem a acontecer no Brasil, os indicadores de inadimplência ainda deverão demorar a cair. "Calculamos uma média de quatro dívidas para cada pessoa que está com o nome negativado. Diante disso, é bem difícil quitar vários débitos à vista imediatamente após a conquista de um novo emprego", explica Rabim.

Renda. Para o professor de gestão financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV) Ricardo Teixeira, a redução da renda familiar também tem uma parcela de culpa no alto nível de calote. Isso ocorre quando algum integrante da família é demitido ou quando há redução das horas trabalhadas, com consequente queda no salário, explica o professor.

Por isso, segundo ele, limpar o nome exige foco e, acima de tudo, planejamento. O primeiro passo seria fazer um levantamento de todas as dívidas e classificá-las de acordo com o nível de urgência. "Algumas contas, quando não pagas, travam outras. Não pagar a mensalidade da faculdade, por exemplo, pode impedir a matrícula no semestre seguinte. E o problema fica maior", alerta Teixeira.

Outra dica importante é classificar os débitos de acordo com os juros, já que as taxas variam bastante, dependendo do tipo da dívida.

Migração é uma boa alternativa

A perda da casa própria é um dos maiores pesadelos de quem fica desempregado ou tem redução da renda familiar enquanto paga o financiamento imobiliário. O momento é, de fato, difícil, mas existem alternativas, alertam especialistas.

Uma das opções, segundo eles, é a migração do contrato para outro banco, com taxas menores. Mas ela compensa apenas para aqueles que não compraram por meio do programa Minha Casa, Minha Vida, já que ele tem condições mais vantajosas.

Em último caso, acionar a Justiça, pedindo a redução da prestação, pode gerar resultados. "Já conseguimos reduzir em até 40% as parcelas mensais", garante o advogado e presidente da Associação dos Mutuários e Moradores de Minas Gerais (AMMMG), Sílvio Saldanha.

A Justiça foi a última esperança para o vendedor de frutas Vinicius Almeida, 36, que comprou um imóvel em Contagem, na região metropolitana da capital, em 2010. Em 2014, ele foi demitido da empresa onde era mecânico industrial, e passou a trabalhar como autônomo. Mas, com a queda brusca na renda, começou a atrasar as prestações e, agora, tenta impedir, judicialmente, que o imóvel onde mora com a esposa e duas filhas seja leiloado. "Já paguei cerca de R$ 60 mil e agora corro o risco de perder tudo. Parece um pesadelo", afirma.

Negociação pode ter uma ajuda extra

Na hora do entendimento com os credores, na busca por descontos nas taxas de juros e mais prazo para pagamento, vale contar com algumas ajudas extras. Nesse sentido, a consultoria Serasa Experian oferece a ferramenta de negociação de dívidas pela internet, assim como a de Belo Horizonte (-BH).

Já para aqueles que preferem o contato pessoal, o Procon-BH faz uma intermediação entre as partes. "De vez em quando, fazemos mutirões de negociação, mas isso demanda uma maior organização, com a presença de representantes das empresas. No dia a dia, temos esse trabalho também. Em até 40 dias, costumamos conseguir resultados positivos", explica a diretora de proteção e defesa do consumidor do Procon-BH, Mônica Maria Teixeira Coelho.


Palavras Chave Encontradas: Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.