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Estado de Minas Online ( Feminino e Masculino ) - MG - Brasil - 26-08-2018 - 11:43 -   Notícia original Link para notícia
Minas Trend, um novo tempo

O maior salão de negócios do Brasil chega à 23ª edição com muitas novidades no bojo, entre elas envolver a cidade com a moda e o compromisso com sua sustentabilidade


Flávio Roscoe e o estilista Ronaldo Fraga, que volta ao Minas Trend com a função de diretor criativo

Entre as muitas mudanças que acontecerão na 23ª edição do Minas Trend, que será realizada de 29 de outubro a 1º de novembro, no Expominas, talvez a mais significativa seja o conceito da inclusão, o diálogo com a cidade, democratizando o evento para que a população possa participar de algumas atividades no local. Esse é o propósito de Flávio Roscoe, presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais - Fiemg, desde que tomou posse em maio, que será colocado em prática a partir de agora e ampliado no salão de negócios do próximo ano.




Se uma das questões vitais é integrar moda e sociedade, outra é trabalhar para que o Minas Trend tenha sustentabilidade, fomentando recursos mas, ao mesmo tempo, otimizando - os em função das necessidades de um novo tempo. Nesse processo de transformação, novos profissionais entram em cena, entre eles os estilistas Rogério Lima, na coordenação geral, e Ronaldo Fraga na direção criativa.



Em entrevista exclusiva ao Caderno Feminino, o líder empresarial explica como as novas medidas impactarão o maior evento de negócios de moda do Brasil. A começar por um novo layout, que está sendo preparado com a finalidade de se obter 30% a mais de metros quadrados de área na exposição. "A eficiência desse leiaute, poderá proporcionar o aumento do espaço disponível para a feira em relação às edições anteriores. Estamos procurando trazer empresas dos principais polos produtivos do estado para participar do Minas Trend a partir de um extenso trabalho de curadoria para prepará-las, garantindo, assim, a qualidade do que será exposto", assegura.



Nesse contexto, ele cita os fabricantes do Sul de Minas, como Monte Sião e Jacutinga, especialistas na fabricação de roupas retilíneas "com conteúdo de moda interessante" e outros com o mesmo perfil, que não expõem no evento, com o objetivo de aumentar o número de expositores, melhorar o mix de produtos e aumentar a oferta para os compradores. Além de buscar a participação do interior de Minas, a ideia é prospectar empresas que não vêm mais à feira e as de outros estados. Ou seja, diversificar a base dos expositores, abrir para outros segmentos que tenham sintonia com o evento, é o caminho que se pretende trilhar nesta nova etapa.

Sem privilégios Cortar privilégios também faz parte da política de Flávio Roscoe. Segundo ele, é importante estabelecer condições iguais para todos. "Um dos critérios que estabelecemos é que ninguém receberá estande sem pagar. A fase em que algumas empresas condicionavam sua entrada na feira a essa situação está encerrada, mesmo porque nosso objetivo é a sua sustentabilidade. Isso vale para todos, o que não impede uma negociação comercial na tabela no caso das empresas comprarem mais estandes. Mas aí é outra coisa", ele enfatiza, lembrando que essa política se aplica também aos sindicatos que, no passado, não pagavam pelo espaço que ocupavam.



Cada edição do Minas Trend custa em torno de R$ 5 milhões, contando com o investimento da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais - Codemig.  Mas, segundo Roscoe, a intenção é reduzir o aporte da Fiemg, buscando patrocínios e cortando custos considerados desnecessários. "Antes, o costume era o aluguel de vans para transportar jornalistas e compradores entre o hotel e o Expominas. Agora, vamos fechar negócio com transporte alternativo, o que nos permitirá economizar R$ 350 mil. Estamos procurando parcerias que reduzam os custos, conduzindo tudo em sintonia com os novos tempos", afirma. Segundo ele, esspera-se reduzir o déficit em torno de 50% com patrocínios, otimização de recursos e com novos conceitos. "Temos vários processos engatilhados e já vamos conseguir isto nesta edição. Para a próxima, obteremos mais parceiros, porque vai haver tempo de planejamento de ações que façam sentido para eles".

Compradores e imprensa Vital para facilitar a vinda dos compradores ao Minas Trend, esse projeto também terá algumas modificações. Segundo os planos, a meta é trazer entre 700/800 lojistas para o evento, em detrimento dos 500 que foram convidados em abril, no lançamento do verão/19, mas dentro de novas bases. "Haverá uma análise muito criteriosa em relação a esse ponto, priorizando aqueles que estejam em condições de comprar. Queremos trazer mais empresas, mas em duas modalidades: os melhores ranqueados, com maior potencial, virão com tudo pago, passagem e hospedagem. Os outros, que fazem parte da ampliação, receberão só hospedagem, mas vamos oferecer incentivos para eles: se comprovarem compras altas, terão o pacote completo na próxima edição da feira", enfatiza o presidente da Fiemg.



Outro critério estabelecido é que os lojistas terão que fazer sua inscrição com antecedência em um prazo de 30 dias para emissão do bilhete áereo. "Isso será seguido à risca. Nós pretendemos obter uma maior autossuficiência através de patrocínios, através de outras fontes de receita, mas também da redução ou otimização de custos ou da redução da nossa ineficiência. Isto é um caso clássico de ineficiência. Todo mundo sabe que comprar uma passagem em cima da hora sai é muito mais caro", considera.



Com relação à imprensa, o mesmo número de jornalistas, cerca de 100 profissionais de diversos veículos do país, será convidado para o Minas Trend, beneficiado também com passagem, hospedagem e traslado para o Expominas, mas não haverá contratações específicas de veículos ,como acontecia anteriormente. "Imprensa contratada é um desvio de padrão, a função dos jornalistas é cobrir eventos, esse é o meu entendimento. O que nós estamos gerando é conteúdo para a imprensa", garante.

Ronaldo Fraga "Ronaldo Fraga entende o mundo real e as necessidades do evento e quais são as conexões do evento com o mundo real. Esse é o grande desafio dos talentos da criação: fazer essa conexão do processo criativo com mundo business, entender que aquilo não é só um conceito, mas também um negócio que tem que ficar de pé. E o Ronaldo une essas duas características, tem a habilidade da criação e, ao mesmo tempo, a pegada do empreendimento", comenta Flávio Roscoe sobre a volta do estilista ao Minas Trend. "Estamos tentando promover a moda mineira para o Brasil, mas hoje entendemos que para fazer isso da melhor maneira possível a gente tem que ter o Brasil dentro da feira e ele consegue costurar essa proposta inédita".



Convocado para a empreitada, o estilista, que já foi responsável pelos desfiles de abertura nas primeiras edições do evento, e agora assume a função de diretor criativo, aceitou o convite com a garantia de poder participar de todo o processo de concepção, até mesmo do salão de negócios.



Receoso a princípio, Ronaldo conta que várias coisas passaram pela sua cabeça, quando Cláudia Moura, mulher de Rogério Lima, o chamou para uma reunião.  "Pensei que a moda está vivendo um momento de crise neste momento de virada do Minas Trend com um novo presidente da Fiemg, que busca uma transparência maior, algo que, não só ele, mas todos nós queremos para a vida pública... Pensei que vivo em Minas, em Belo Horizonte, carrego esta alcunha de estilista mineiro por onde passo, trabalho no Brasil inteiro, menos na minha terra. Pensei no meu olhar crítico de como o evento poderia ser e que esta é uma oportunidade de trabalhar no meu estado. Quando vi, já estava envolvido com tudo e dando palpites".

Conceito O tema da campanha - Minas Trend, agora e para sempre -, cujo lançamento ocorreu, semana passada, no Grande Hotel Ronaldo Fraga, foi criado em tempo recorde. Afinado com as ideias dos organizadores de priorizar a cultura mineira, o que ela tem de genuíno, e a partir da própria filosofia de trabalho, no qual a inclusão, diversidade e poesia são assuntos pertinentes, Ronaldo está entusiasmado com a possibilidade de colocar o Minas Trend na pauta da cidade e de o Expominas funcionar como um espaço vivo. "A população só não poderá entrar no salão de negócios, mas as outras áreas serão compartilhadas. Haverá, inclusive, um setor de culinária voltado para o público", adianta. O coração, entre outras simbologias, que ele desenhou para a campanha remete ao centro vivo em torno do qual tudo pulsa, que alimenta os órgãos e, por analogia, alimenta todo o setor.



"A moda precisa se libertar da roupa e dialogar com outras frentes. Ela incorre no erro de se inspirar no passado e tentar adivinhar o futuro e isto envelheceu. O difícil é falar de hoje, é falar do agora", enfatiza, acrescentando que o mundo não está precisando mais de roupas, nem de sapatos, nem de outras coisas que estão sendo produzidas aos borbotões. "O mundo está precisando de outras coisas que, não raro, estão no terreno no intangível. E a gente tem um vetor com poder de comunicação como poucos e temos condições de pensar no tempo, que é de incluir, agregar, transformar".



A equipe de trabalho escolhida por ele será formada pelos arquitetos cenógrafos Clarissa Neves e Paula Waisberg, a designer gráfica Paola Menezes, da Árvore de Design, e Mauricío Iannês como stylist. Roberta Mazzola, que ele levou para o evento na primeira fase, continua responsável pela direção dos desfiles. Sim, haverá o tradicional desfile da festa de abertura, e os desfiles das marcas individuais. O estilista guarda segredo sobre as marcas que serão convidadas para desfilar, embora não esconda sua vontade de priorizar novos nomes, estilistas desconhecidos. Apesar de algumas questões ainda estarem em andamento, ele acena com a possibilidade de continuação da infraestrutura de apoio anteriormente oferecida pela Fiemg aos que desfilarem, como cabeleireiros, maquiadores, modelos.


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