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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 26-08-2018 - 09:27 -   Notícia original Link para notícia
Clientes desafiam padrões para reinventar moda

Demanda reprimida pela baixa oferta de roupas de tamanhos grandes nas lojas estimula consumidores a criar marcas próprias especializadas. Segmento já movimenta R$ 6 bilhões por ano e começa a atrair grandes redes


"Gorda periguete também quer se vestir bem. Não somos todos básicos"
Renata Poskus, empresária e influenciadora digital


Abrasileira Fluvia Lacerda tem uma consolidada carreira internacional como top model. Ela ganhou até o apelido de "Gisele Bündchen


EDILSON DANTASOportunidade. Depois de dedicar um blog às agruras de mulheres em busca de roupas em tamanhos grandes, Renata Poskus acabou abrindo a própria marca, especializada em manequins de 48 a 60. Ela criou até um Fashion Week Plus Size


plus size", por seu sucesso em campanhas para vender roupas de tamanhos grandes - que vão do manequim 48 ao 60-, masa comparação esconde oque o sucesso dela significa. Fluvia é estrela de um segmento da moda que não segue padrões eque começa agora acrescer no Brasil. Amodelo, que vive há 20 anos em Nova York, decidiu nos últimos anos aproveitar sua exposição para defender a ampliação da oferta de roupas de tamanhos grandes e até lançou uma coleção de lingerie com sua marca. Ela decidiu encampara caus aquando suas malas foram extraviadas numa vinda ao Brasil para visitara família, em 2007. Sem as roupas que havia comprado no exterior, ela teve de usar por dois dias peças de ginástica da irmã porque não encontrou opções do seu tamanho no comércio. Desde então, sempre que tem chance, bate na tecla de que faltam modelos grandes no Brasil, onde o segmento plus size começa a crescer, para que as mulheres tenham a chance de escolher em vez de vestir só o que cabe. -A mulher que veste acima de 48 não tinha identidade, comprava alguma coisa que achava horroroso ou não teria o que vestir. O mercado brasileiro já melhorou muito, mas está engatinhando se compararmos com o americano, o australiano ou o europeu. Ainda não há um leque de opções como o do mercado convencional -diagnostica Fluvia. A top conta que não tem dificuldade de comprar roupa nos Estados Unidos, tanto em lojas físicas como on-line. As peças plus size estão em todos os lugares, em lojas populares, de departamentos ou em estabelecimentos específicos para pessoas acima do peso. O mercado brasileiro só agora começa a caminhar na direção dessa demanda reprimida. A produção de roupas


plus size, que já movimenta quase R$ 6 bilhões por ano no Brasil, cresce mais rápido que a fabricação total de vestuários - 5% ao ano, contra 3% dos tamanhos regulares. O mercado acompanha uma tendência da população, que está ganhando quilos: 52% dos brasileiros estão acima do peso, de acordo com pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde no ano passado. Grandes redes varejistas despertaram para esse nicho. Criaram marcas plus size e até estão abrindo lojas voltadas para esse público. Mas, apesar do empenho, a clientela ainda reclama da oferta. As principais críticas são falta de variedade e de modelos bem pensados para um biotipo maior, além da limitação de tamanho - a maioria atende só até o manequim 54 e a definição de plus size vai até 60. Por isso, crescem na internet marcas independentes que vendem roupas fugindo do padrão, criadas por clientes insatisfeitos com o que (não) encontraram nas lojas convencionais.


MAIS DE 200 LOJAS ON-LINE


A Associação Brasil Plus Size (ABPL), fundada há dois anos e que monitora o mercado, já identificou 208 lojas digitais especializadas em roupas de tamanhos grandes. O fundador da entidade, Douglas Ferreira, também tem a sua marca na rede, a Curve, que oferta roupas masculinas para executivos que estão longe do padrão


slim predominante nos ternos. Segundo ele, o faturamento do negócio cresceu 18% só no último ano. -É difícil encontrar roupa para trabalhar neste nicho, por isso temos crescido muito. O e-commerce tem oferecido melhor oferta, tanto em variedade quanto em tamanho -conta Ferreira. O empresário observa que a compra na rede pode ser mais agradável do que passar pelo constrangimento de não encontrar seu número numa loja física:


- Para o consumidor, é mais confortável. Ele olha os números, tira as próprias medidas, entende que número veste e encontra a loja. Em geral, são lojas elaboradas por gordos. As melhores marcas hoje são fundadas pelas pessoas que foram mal atendidas nas lojas tradicionais. A empresária e influenciadora digital Renata Poskus faz parte desse grupo. Ela viu uma oportunidade de negócios em 2009, quando criou um blog para falar sobre a dificuldade de se vestir bem no Brasil com um corpo fora do padrão. Ficou surpresa com o volume de mensagens que passou a receber. Com o sucesso do blog, que lhe rendeu trabalhos como modelo e milhares de seguidores nas redes sociais, Renata decidiu organizar aFashionWeekP lus Size,quet odo ano reúne em São Paulo marcas para esse público.


Ela também começou a vende roque cham ade"dia de modelo", que consiste numa sessão de fotos para mulheres com sobrepeso. Cobra R$ 890 para produzir e montar um book de fotos. Fotografa até dez num dia de trabalho. A convivência com elas impulsionou a abertura de sua marca própria, a Maria Abacaxita, que tem roupas de tamanhos 48 a 60 direcionadas a quem gosta de estampas, roupas vintage e transparências. Também não faltam minissaiase"de cotões ". A demanda foi tanta que, em dois anos, o faturamento se multiplicou por sete. Para ela, poder escolher o que vestir é parte essencial da autoestima. -Tentei ser magra por 26 anos. Até que decidi ser gorda e feliz -conta Renata. - Gorda periguete também quer se vestir bem. Não somos todos básicos.



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